Argentina libera arquivos sobre o nazista Josef Mengele
28/04/2025 às 21h13

Em decisão do presidente Javier Milei, o Arquivo Geral da Nação (AGN) tornou públicos diversos documentos históricos, incluindo informações sobre a atuação de nazistas na Argentina. Dentre os registros disponibilizados, destaca-se um material extenso sobre Josef Mengele, médico notório por seus atos durante o regime nazista no campo de concentração de Auschwitz.
O acervo reúne cerca de 1.850 peças documentais, organizadas em sete arquivos distintos, conforme informações da agência subordinada ao vice-chefe do Gabinete do Interior. A documentação foi restaurada, digitalizada e descrita para acesso público, podendo ser consultada gratuitamente no site do AGN.
A divulgação ocorreu após um pedido formal apresentado pelo Centro Simon Wiesenthal, que atualmente investiga possíveis ligações entre o banco Credit Suisse e o financiamento do nazismo. A solicitação foi feita em fevereiro deste ano, durante uma audiência com o presidente Milei.
A digitalização possibilita o acesso ao material, que já havia sido desclassificado em 1992, sem restrições de local.
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Ademais dos documentos referentes às atividades nazistas, foram divulgados 1.300 decretos presidenciais secretos e confidenciais, emitidos entre 1957 e 2005. Esses decretos tratavam de assuntos como a compra e venda de armas, mudanças orçamentárias, reorganizações nos serviços de inteligência e ações no combate ao comunismo nas décadas de 1960 e 1970.
Inclui-se, entre outros, documentos referentes à aquisição de mísseis Exocet em 1975 e à aprovação do Plano Militar Continental contra a ameaça comunista em 1963. O acervo também compreende o decreto relacionado à extradição do criminoso de guerra Erich Priebke.
Josef Mengele, o “anjo da morte”.
O arquivo 7-3772, com cerca de 400 páginas, detalha a chegada de Josef Mengele à Argentina em 1949, sob o nome falso de Gregor Helmut. Em 1956, ele apresentou um certificado de nascimento legalizado para se identificar oficialmente como Josef Mengele.
Os registros abrangem intercâmbios de comunicações entre órgãos policiais e de inteligência, relatos de integrantes da comunidade alemã que identificaram Mengele e informações sobre sua vida no país, incluindo seu casamento com Marta Maria Will.
As autoridades argentinas, após receberem informações internacionais, iniciaram buscas que envolviam suspeitas de seu paradeiro em cidades como Mar del Plata e relatos sobre sua possível captura em Buenos Aires por agentes israelenses, fato nunca comprovado.
Com o aumento da pressão internacional nas décadas de 1950, Mengele abandonou a Argentina e se estabeleceu no Paraguai, onde recebeu cidadania em 1959, sob o governo de Alfredo Stroessner. Em seguida, para evitar a busca de caçadores de nazistas, ele se deslocou frequentemente até se fixar no Brasil.
Segundo os documentos, Josef Mengele residiu em áreas rurais no Brasil e faleceu por afogamento em 1979, em uma praia próxima a Bertioga. Sua identidade foi confirmada somente nos anos 1980, após exumação e análises forenses.
Fonte: Metrópoles