Assessor do INSS repassava recursos ao sócio de ex-ministro
30/04/2025 às 2h40

Um assessor do pecuarista Carlos Roberto Ferreira Lopes está envolvido em transações suspeitas por repassar dinheiro a um auxiliar-administrativo que é sócio de Josué Carlos Oliveira, ex-ministro do Trabalho e Previdência e ex-presidente do Instituto Nacional de Seguranças Sociais (INSS), ambos ligados à gestão de Jair Bolsonaro.
O assessor identificado como Cícero Marcelino de Souza Santos estava vinculado à Confederação Nacional de Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer), liderada por Lopes. A entidade é investigada no esquema bilionário que teria retirado recursos de aposentados sem o conhecimento dos beneficiários.
A investigação da Controladoria-Geral da União (CGU) aponta que a Conafer obteve aproximadamente R$ 688 milhões provenientes dos salários de trabalhadores rurais e indígenas desde 2019. O líder da associação possui uma loja de artesanato indígena situada no Aeroporto Internacional de Brasília.
Segundo investigações da Polícia Federal, Cicero Marcelino é considerado possível operador da Conafer e figura em transações suspeitas com José Laudenor, um auxiliar administrativo com renda de R$ 1,5 mil.
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Compreenda o caso divulgado pelo Metrópoles.
Laudenor figura como sócio de Josué Carlos Oliveira na Fayard Organizações e Serviços Empresariais. Oliveira passou a se identificar como Ahmed Mohamad Oliveira Andrade.
Além disso, ambos compartilhavam o quadro societário em outra empresa: Yamada e Hatheyer Serviços Administrativos LTDA. Essa segunda empresa também incluía a filha de Oliveira e a presença de Edson Akio Yamada, ex-diretor de Benefícios e Relacionamento com o Cidadão do INSS.
A investigação da Polícia Federal revela que José Laudenor manteve vínculos financeiros com Cícero Marcelino (que, por sua vez, operou com Carlos Roberto Ferreira Lopes – Presidente da Conafer) e também com Ahmed Mohamad, ex-presidente do INSS e ex-ministro do Trabalho e Previdência. As transações sugeriram o uso de contas para movimentar recursos de terceiros e/ou atividades não declaradas, caracterizando possíveis indícios de burla/fracionamento e lavagem de dinheiro.
José Carlos Oliveira não foi alvo da Operação Sem Desconto, que teve início em 23 de abril.
Os dados foram encaminhados à PF pelo Coaf.
Defesa
Em nota, o presidente da Conafer, Carlos Lopes, e a entidade informaram possuir 8 milhões de associados e atuarem em 4,5 mil municípios, ressaltando que “sem que as atividades pessoais [de Lopes] como pecuarista e produtor interfiram nas operações da entidade”.
A nota ainda enfatiza que a Jaguar Artes Indígenas visa evidenciar e promover peças produzidas em comunidades rurais.
Em relação às questões envolvendo a presidência do INSS, a Conafer observa o desenrolar do inquérito com serenidade. É importante ressaltar que a receita do INSS representa apenas 11% do total da entidade.
A Metrópoles tentou contato com José Carlos Oliveira através de telefone e e-mail, sem obter resposta. Da mesma forma, José Laudenor e Edson Yamada, sócios da empresa, não responderam às comunicações.
Fonte: Metrópoles