Áudios encontrados no celular do agente da PF envolvido na trama golpista
As mensagens estavam no aparelho de Wladimir Soares e foram encontradas durante as investigações. A reportagem do portal G1 divulgou as conversas nesta quinta-feira.

Wladimir Soares, agente da Polícia Federal investigado por participação na trama golpista, teria relatado a aliados detalhes do plano violento para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no poder após a derrota nas eleições. Os áudios, obtidos durante as investigações e divulgados nesta quinta-feira 15 pelo portal G1, conteram essas conversas.
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O agente relata que o plano elaborado pelos bolsonaristas incluía a prisão de ministros do Supremo Tribunal Federal e de outros opositores do ex-presidente. Adverte que, se necessário, o grupo não hesitaria em cometer assassinatos contra os adversários. As mensagens corroboram a estratégia delineada no chamado “Punhal verde e amarelo”, documento apreendido pela Polícia Federal com golpistas.
Estávamos preparados para isso, inclusive. Para efetuar o arresto de Alexandre de Moraes. Eu participaria da equipe, e faria isso, disse Soares em um dos áudios divulgados pelo site.
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Tínhamos muita vontade, íamos enfrentar muita gente, matar muita gente. Não seria completo sem adicionar mais.
As mensagens, conforme investigação da Polícia Federal, foram trocadas entre Soares e outros integrantes da organização, que, em alguns casos, também demonstraram inclinação em participar da arroubos. “Grande Wladimir! Estaremos eu e você [na equipe para prender e eliminar opositores]”, declarou um delegado ao ser apresentado ao plano. Os nomes dos interlocutores de Soares ainda não foram divulgados.
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O delegado da PF, que já integrou a equipe de segurança de Lula (PT), é um dos denunciados pela Procuradoria-Geral da República pela trama golpista. A PGR afirma que ele inicialmente era responsável por fornecer informações sobre a localização e rotina do petista aos golpistas, sendo posteriormente integrado por líderes da organização criminosa a outros núcleos da tentativa de golpe.
Grupo estava sob a influência de Bolsonaro.
Soares, em mensagens divulgadas nesta quinta, indica que o grupo que planejava capturar e assassinar autoridades era subordinado diretamente a Bolsonaro.
Na conversa, relata-se que o grupo não prosseguiria com a iniciativa violenta devido ao recuo do ex-capitão na última hora. O recuo do ex-presidente ocorreu após a negativa de generais em promover a ruptura.
Os generais estiveram presentes e forneceram a última definição, afirmando que não o mais apoiavam. Segundo Soares, em uma mensagem citada pelo G1, o PT contratou esses generais.
Estávamos prontos, contudo o presidente… Esperávamos apenas a aprovação do presidente, um simples ato para que pudéssemos agir. No entanto, o presidente recuou, conforme o agente informou.
A conclusão é similar à da PGR, que afirma que Bolsonaro cedeu por não contar com o apoio de uma parcela significativa das Forças Armadas.
Indiciado e acusado.
Soares encontra-se detido desde novembro de 2024, no âmbito da Operação Contragolpe, que expôs o plano prevendo o assassinato de Moraes, de Lula e do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB). Ele integra, segundo a PGR, o “núcleo 3” da trama golpista, que buscava obter o apoio do Exército a um eventual golpe. A denúncia contra o grupo será analisada pelo STF em 20 de maio.
Fonte: Carta Capital