Augusto Melo e ex-dirigentes do Corinthians são acusados no caso VaideBet

Marcelo Mariano e Sérgio Moura serão responsabilizados por associação criminosa, lavagem de dinheiro e furto.

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(Imagem de reprodução da internet).

A Justiça de São Paulo julgou procedente, na terça-feira (22.jul.2025), a denúncia do Ministério Público de São Paulo contra o ex-presidente do Corinthians, Augusto Melo, os ex-dirigentes Marcelo Mariano dos Santos e Sérgio Lara Muzel de Moura, e o empresário Alex Cassundé, acusados de associação criminosa, lavagem de dinheiro e furto. O caso trata de irregularidades no contrato de patrocínio com a casa de apostas Vai de Bet, celebrado no início de 2024.

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A acusação pede indenização no valor de R$ 40 milhões ao clube paulista. O montante compreende R$ 1,4 milhão destinado à empresa Rede Social Media Design Ltda., referente à comissão pela intermediação do contrato, e R$ 38.892.857,14, que correspondem à multa pelo descumprimento do acordo com a Pixbet, antiga patrocinadora do Corinthians.

A promotoria solicitou o bloqueio de ativos de pessoas físicas e jurídicas relacionadas ao caso.

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Ademais dos quatro principais, os empresários Victor Henrique de Shimada e Ulisses de Souza Jorge também foram denunciados por lavagem de dinheiro. O ex-diretor jurídico Yun Ki Lee, embora indiciado pela polícia, não foi incluído na denúncia do MP-SP.

A acusação sustenta que houve trajetos complexos e irregulares para o dinheiro, a partir do momento em que foi retirado dos cofres do Corinthians, referente ao pagamento da comissão pela suposta mediação do contrato. O caso denuncia que mais de R$ 1 milhão passou por empresas claramente fictícias e, aparentemente, utilizadas como canais de transporte de valores obscuros, provenientes de estruturas criminosas e de empresas, notadamente, empregadas para as mais diversas modalidades de lavagem de capitais.

Em relação ao ex-diretor jurídico Yun Ki Lee, os promotores esclareceram que há dúvidas se ele deliberadamente deixou de agir para a realização dos propósitos da associação criminosa ou se agiu com negligência em seu recente cargo.

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Augusto Melo se manifestou por meio de comunicado. O presidente do Corinthians, Augusto Melo, declara que todas as acusações contra ele são falsas. Ele é vítima de um processo ilegal e repleto de nulidades e abusos, como o acesso a dados do Coaf sem autorização judicial e a participação da Polícia Civil e do MP de São Paulo em um caso de competência da Polícia Federal e do MPF, uma vez que envolve um contrato internacional, diz o texto, que classifica o processo como “kafkaiano e ilegal”. “O presidente Augusto Melo nada deve e nada teme, por isso já solicitou o fim do sigilo que impede o acesso da torcida Corinthians à íntegra dos documentos da ação.”

Sérgio Moura, ex-diretivo do clube, também se manifestou por meio de comunicado. A defesa de Sérgio Moura acompanha com tranquilidade o recebimento da denúncia e segue confiando que a Justiça, oportunamente, reconhecerá sua inocência, considerando que o inquérito policial evidenciou a inexistência de qualquer ato ilícito por sua parte, e a denúncia não conseguiu comprovar minimamente a participação do Sérgio em nenhum crime.

Ao site Globo Esporte, o advogado Átila Machado, que representa Mariano, declarou que a denúncia, “além de ser prolixa e confusa, não corresponde com a verdade dos fatos”. Afirmou que Mariano não recebeu benefícios econômicos e que a defesa solicitará a rejeição da denúncia à Justiça.

Análise do Caso

A investigação realizada pela Polícia Civil de São Paulo, ao longo do último ano, apontou que uma parcela da comissão paga no contrato de patrocínio foi repassada à UJ Football Talent Intermediação Ltda. A empresa seria um dos braços do PCC (Primeiro Comando da Capital) no mercado futebolístico, conforme delação do empresário Vinicius Gritzbach, assassinado no Aeroporto de Guarulhos em 8 de novembro de 2024, ao Ministério Público.

O relatório policial constatou o desvio de recursos do clube por meio de um esquema que utilizou a intermediação do contrato de patrocínio. A inclusão de Cassundé no contrato, segundo a polícia, ocorreu graças à atuação orquestrada e criminosa de Augusto Pereira de Melo, Marcelo Mariano dos Santos e Sérgio Lara Muzel de Moura, dirigentes corintianos que agiram em conluio e meticulosamente para afastar aqueles que realmente contribuíram para a sua existência.

O contrato entre o Corinthians e a Vai de Bet, já rescindido, somava R$ 360 milhões. O clube garantiu uma comissão de 7%, cerca de R$ 25 milhões, à empresa intermediária da negociação, a Rede Social Media Design Ltda., pertencente a Alex Cassundé.

Cassundé integrou a equipe de comunicação de Augusto Melo na campanha que resultou na eleição do atual presidente do Corinthians em 2023.

Investigação aponta que os dirigentes estabeleceram uma operação jurídica fictícia para desviar valores da entidade.

O crime foi qualificado pelo emprego de condição protegida, consistindo no aproveitamento da posição de confiança dos gestores para a prática do delito, com o uso de artifícios que facilitaram a subtração e intensificaram a tipificação penal. A pena é de reclusão de dois a oito anos e multa.

A investigação revelou que os gestores se aproveitaram da confiança dos membros e da própria entidade, constituindo uma associação criminosa com o propósito de praticar fraudes, mediante um plano detalhado de 36 pagamentos de R$ 700 mil. A sanção para a associação criminosa é pena de reclusão, no período de um a três anos.

Para evitar o rastreamento, os envolvidos empregaram empresas fictícias e dividiram o dinheiro, configurando lavagem de recursos, com todos os participantes cientes da movimentação irregular dos valores e da ausência de um intermediário real no processo. Nesse caso, a pena é de reclusão de 3 a 10 anos e multa.

Fonte por: Poder 360

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