Banco central da Argentina adota nova política monetária, permitindo que o mercado determine as taxas de juros

O Banco Central da Argentina anuncia a mudança para um sistema focado em agregados monetários e pretende elevar suas reservas buscando novas emissões de dívidas.

10/06/2025 19h41

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(Imagem de reprodução da internet).

O Banco Central da República Argentina anunciou que abandonará a fixação da taxa básica de juros, adotando um sistema baseado no “controle de agregados monetários” em que as taxas serão determinadas pelo mercado. A mudança foi divulgada na segunda-feira (9.jun.2025) como parte de um pacote econômico que visa captar até US$ 7 bilhões para ampliar as reservas internacionais do país e controlar a inflação, segundo informações do jornal La Nación.

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O pacote econômico foi apresentado pelo Ministério da Economia e pelo Banco Central argentino por meio de dois comunicados, sem a realização de entrevistas com jornalistas. As medidas surgem em um momento em que o país enfrenta dificuldades para adquirir reservas e necessita manter o dólar em um patamar mais baixo.

O ministro da Economia, Luis Caputo, em uma transmissão online de caráter informal, negou acusações sobre a busca por instigar oscilações cambiais, o que poderia afetar negativamente economias locais, empresas de pequeno e médio porte e exportadores.

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Não é nossa intenção gerar uma volatilidade injustificada na taxa de câmbio, afirmou, destacando que o acúmulo de reservas internacionais não dependerá exclusivamente da compra de dólares no mercado.

O ministro afirmou que o governo pretende diversificar as fontes de entrada de moedas estrangeiras, abrangendo o estímulo a investimentos estrangeiros, financiamentos para empresas e estados, e a venda de bens públicos. Entre as ações, Caputo mencionou a alienação de ativos da AVE (Administrador de Valores do Estado), que deverá gerar “milhares de milhões de dólares”, além de licitações de usinas hidrelétricas, com arrecadação estimada entre 400 e 500 milhões de dólares no curto prazo, e a privatização de empresas públicas. “A maneira como acumulamos reservas é definida pelo governo nacional, e são diferentes formas”, declarou Caputo.

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A decisão do governo argentino se dá em função da necessidade de cumprir metas estabelecidas com o FMI (Fundo Monetário Internacional) e aliviar a pressão sobre a moeda americana. Como parte do acordo com o FMI, a equipe econômica do presidente Javier Milei se comprometeu a aumentar as reservas internacionais líquidas em US$ 4,4 bilhões até 13 de junho.

A partir de 10 de julho, as medidas serão implementadas com o encerramento da emissão das Lefi (Letras Fiscais de Liquidez), que substituíram a antiga Leliq. As letras que estão atualmente em negociação vencerão em 17 de julho e deixarão de ser ofertadas ao mercado.

O Comitê Econômico substituirá as Lefi pelos títulos de curto prazo denominados em pesos (LECAPs) negociados no mercado secundário, com prazo de até 90 dias. Haverá, ainda, elevação dos encargos bancários.

O governo argentino planeja emitir até US$ 7 bilhões durante o restante do ano, montante que possibilitaria ao país se aproximar dos US$ 9 bilhões necessários para atingir a meta de reservas do FMI ou cobrir os pagamentos a credores privados. Há duas semanas, o governo já havia emitido o Bond 2030 por US$ 1 bilhão, um título pagável em pesos com uma taxa de 29,5%.

Foi também anunciado o processo de licitação de títulos públicos com subscrição direta em dólares a partir de junho, para colocações com prazo superior a um ano, com limite mensal de US$ 1 bilhão. Adicionalmente, o Banco Central informou que realizará nesta terça-feira uma recompra de contratos de puts sobre títulos do Tesouro em poder das instituições financeiras, complementando a operação realizada em 18 de julho de 2024.

O Banco Central da Argentina também anunciou que divulgará um segundo acordo de recompra com diversos credores internacionais, no valor de até US$ 2 bilhões, em 11 de junho. Espera-se a participação do Santander, ICBC, JP Morgan, BBVA, Citi – os mesmos que participaram da primeira operação – e outros 2 bancos.

Os bancos, conforme comunicado do governo argentino, consideram que estão financiando a compra de dólares através da emissão de reservas para residentes em troca dessa moeda.

O pacote econômico influencia o Banco Central e o Ministério da Economia, além de bancos e investidores do mercado financeiro do país. A população argentina também será afetada pelas alterações na política monetária. Uma medida importante é a oferta da Série 4 do BOPREAL para empresas com obrigações externas relacionadas a dívidas ou dividendos anteriores a 2025, com a primeira licitação programada para 18 de junho.

Fonte por: Poder 360

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