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Biomédico que desfigurou o bumbum de pacientes é detido no DF


Biomédico que desfigurou o bumbum de pacientes é detido no DF
(Foto Reprodução da Internet)

A Polícia Civil do Distrito Federal prendeu neste quarta-feira (1º/11) o biomédico Rafael Bracca. Ele está sendo acusado por mulheres de causar danos irreversíveis à saúde e à aparência delas após realizarem um procedimento no bumbum. A prisão ocorreu na clínica que já havia sido fechada por exercício ilegal da atividade anteriormente, próxima à quadra 610 Sul. O Metrópoles foi o responsável por divulgar o caso.

As denúncias de lesões ainda são apuradas. Na última terça-feira (31/10), Bracca virou réu em outro caso, de tráfico de drogas. A prisão aconteceu após investigação conjunta da 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul) e da Vigilância Sanitária do Distrito Federal. A defesa de Bracca foi procurada, mas ainda não se pronunciou.

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Reescreva o texto a seguir para torná-lo mais simples, claro e sem alterar palavras iniciadas com letra maiúscula:

Este relatório destaca as principais conclusões encontradas por meio de uma análise rigorosa dos dados coletados durante o estudo piloto realizado nesta região específica. A pesquisa foi realizada com o objetivo de examinar a eficácia e os possíveis efeitos colaterais de um medicamento experimental no tratamento do câncer de pulmão. Os resultados obtidos indicaram uma redução significativa no tamanho dos tumores em mais da metade dos pacientes voluntários, além de uma melhora na qualidade de vida relatada por uma grande parte dos participantes. Embora tenham sido observadas algumas reações adversas, elas foram consideradas toleráveis e temporárias. Portanto, esses resultados preliminares mostram um potencial promissor para o uso do medicamento em pacientes com câncer de pulmão. No entanto, são necessárias mais pesquisas em larga escala antes que conclusões definitivas possam ser feitas.

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Nesta quarta-feira, uma nova vistoria foi realizada. No local, foram encontradas diversas irregularidades, como medicamentos anestésicos e antibióticos, que não podiam ser administrados pelo biomédico.

Na delegacia de polícia, existem ainda dois casos em andamento que investigam agressões corporais causadas por um biomédico que estava trabalhando de forma irregular.

O caso:

As vítimas contam histórias sempre semelhantes, mostrando como ter passado por um caro “tratamento” para dar volume ao glúteo acabou gerando dores, inflamações, infecções e até risco de morte, com paciente internada em unidade terapia intensiva (UTI). Os casos, que começaram com pequenas injeções, se transformaram em grandes investigações policiais e imbróglios jurídicos.

Com mais de 60 mil seguidores no Instagram, Rafael Bracca vende cursos na internet, tem clínica na Asa Sul (DF) e em Barueri (SP) e fez fama com o “protocolo TX-8”, para preenchimento de glúteos.

Nas redes, ainda divulga a polêmica ozonioterapia e já chegou a defender a hidroxicloroquina como forma de tratamento contra a Covid-19, na pandemia. Mesmo não sendo médico, divulga que tem protocolos voltados para esquizofrenia, depressão, ansiedade, diabetes, TDAH e até autismo, que prometem “reverter sintomas”. Para vender um curso voltado principalmente para biomédicos, ele diz que tem 20 anos de carreira, mas se formou na área em uma faculdade particular de Brasília em junho de 2019.

De acordo com Bracca, o TX-8 é um tratamento especial que usa materiais bioidênticos, como vitaminas, minerais, aminoácidos e estimulantes, para aumentar o tamanho do bumbum. Nenhum material estranho ao corpo é usado. No entanto, pacientes com problemas de saúde estão preocupados que o tratamento possa conter uma substância proibida chamada Synthol.

Bracca foi indiciado pela PCDF por tráfico de drogas depois que a polícia encontrou substâncias proibidas em sua clínica na 610 Sul, em fevereiro deste ano. Além disso, há outros casos registrados contra o biomédico, tanto no Distrito Federal quanto em São Paulo.

Eu pensei que iria falecer.

A maioria das pacientes que denunciam o biomédico têm uma história semelhante. Elas conhecem Rafael Bracca pelo Instagram e têm o primeiro contato com o chamado “protocolo TX-8”. Isso aconteceu com Daniela Pires, uma empresária de 44 anos que mora em São Paulo.

“Ele me explicou que seria seguro e não tinha contraindicações. O material utilizado era bioidêntico ao corpo e permanente. Fiz aplicações no glúteo e na coxa em março de 2022”, conta.

Daniela percebeu problemas logo nas primeiras aplicações quando sentiu dores e inflamação nos locais em que Bracca injetava os produtos. Porém, Bracca minimizava a situação, tranquilizando Daniela e afirmando que essas reações eram normais, receitando remédios e óleos.

“Depois de um ano, comecei a ficar doente, sentindo muita febre, muitas dores no quadril e no glúteo. Eu sempre relatava a ele que não estava bem, mandei exames alterados. Mas ele dizia que eu estava com infecção urinária, alegava que a minha imunidade estava baixa. Teve um dia em que eu estava bem mal, ele precisou me aplicar corticoide e benzetacil. Mas eu não melhorava”, relembra.

A empresária afirma que era saudável antes de ir à clínica de Bracca, mas sua vida mudou completamente. Antes, o biomédico dizia que o “TX-8” não tinha contraindicações, desde que fosse combinado com exercícios na academia. No entanto, depois ele começou a culpar a paciente, alegando que ela teve problemas por causa do sol, falta de hidratação ou imunidade baixa. E à medida que isso acontecia, a empresária continuava sendo submetida a mais tratamentos caros.

“Cheguei a gastar cerca de R$ 30 mil. Mas comecei a ir ao hospital várias vezes. Até que fui internada e descobriram uma infecção nas minhas nádegas e pernas. Fiquei dentro do hospital por 16 dias e, depois, mais 20 em cuidados médicos em casa. Eu pensei que fosse morrer, não conseguia andar, tinha fortes dores de cabeça e entrei em um grande quadro de ansiedade, pois ninguém sabia o que eu tinha nem como me ajudar”, relata.

Daniela explica que até hoje não sabe ao certo o que foi injetado nela durante o tratamento para o aumentar o bumbum. Mas, durante o período de internação, ela diz ter sido visitada por uma enfermeira que trabalhava com Bracca, que também relatou não saber ao certo o produto usado, mas contou já ter visto frasco de Synthol na clínica. Os exames da empresária mostram alterações inflamatórias/infecciosas.

As pacientes que tiveram problemas e entraram em contato com o Metrópoles enviaram fotos mostrando resultados ruins do procedimento. Para proteger a identidade delas, a reportagem decidiu não revelar quais pacientes correspondem a cada imagem. Aqui estão as fotos:

O paciente afirmou que está se sentindo mal consigo mesmo.

Uma família de Brasília procurou um biomédico influencer para receber tratamentos diversos dele. No entanto, eles preferiram não revelar suas identidades devido a problemas graves com o atendimento na clínica de Bracca.

Uma das pessoas desse grupo familiar, que fez o tratamento chamado “TX-8”, também acabou no hospital e agora lida com dores constantes. Ela está procurando um cirurgião plástico para tentar reverter a situação, mas já ouviu de médicos que seria necessário remover uma parte do glúteo, fazendo um corte no bumbum para retirar o produto aplicado.

Quando os pacientes tiveram problemas de saúde, começaram a questionar Bracca sobre seu tratamento. Eles perguntavam o que estavam recebendo, mas ele não dizia tudo, alegando que o protocolo era patenteado e que era um segredo o que ele usava. Ele argumentava que não compartilhava as informações para evitar o uso por outras pessoas.

Eles relatam que o biomédico preparava escondido as seringas para aplicação de substâncias, e já chegava com o material pronto para ser injetado. “Certa vez, aumentou exponencialmente o custo do tratamento, chegou até a dobrar o valor. Ele justifica dizendo que o valor do material aumentou muito, porque importa produtos dos Estados Unidos e da Alemanha. Na época, ele me mandou detalhado alguns desses itens. Um desses era o Synthol, custando R$ 900 e pouco. Acho que não foi intencional revelar, porque ele só me encaminhou a conversa com o fornecedor.”

Na mesma semana, os pacientes da família foram ao consultório e viram um frasco logo antes de o biomédico retirar o rótulo. “Quando entramos na sala, ele ainda estava na recepção. Sentamos e eu vi na mesa um vidro de Synthol, que provavelmente tinha acabado de ser entregue. Perguntei se ele usava aquilo, mas ele rapidamente retirou o rótulo e entrou em uma salinha.”

Essa substância se tornou popular após a morte de Valdir Segato, conhecido como o “Hulk brasileiro” nas redes sociais. Ele afirmava usar o Synthol, um óleo mineral que é injetado nos músculos para aumentá-los e torna-los inchados, proporcionando resultados quase imediatos. No Instagram, Bracca já postou que seu método, supostamente, é totalmente natural e apresenta resultados desde a primeira sessão.

Ele promete um resultado imediato a um seguidor em suas respostas.

Ele afirmava, sem ser médico, que terceiros diziam que a hidroxicloroquina poderia tratar a Covid-19 e isso foi comprovado pela ciência.

Mesmo não sendo médico, ele também compartilha um “protocolo” para tratar o TDAH.

Segundo o neurolinguista Rafael Bracca, ele utiliza a técnica neurolinguística.

Segundo ele, ansiedade não é uma doença, o que vai contra o Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais.

De acordo com pesquisas, o Synthol apresenta diversos efeitos colaterais que podem prejudicar os nervos, causar embolia pulmonar por óleo, obstruir a artéria pulmonar, levar a um infarto, derrame e complicações infecciosas.

Uma pessoa da família que estava sendo tratada por Bracca teve várias consultas e exame médicos. Em um deles, foi descoberto que havia uma substância “oleosa” nas áreas onde foram feitas as aplicações. A vítima conta que um médico recomendado por Bracca disse que o Synthol era uma substância legal no Brasil para uso medicinal. No entanto, esse óleo não é controlado por receita médica e não há nenhuma indicação médica para usá-lo em seres humanos ou para aumentar a massa muscular.

Natália Teixeira, de 39 anos, é uma empresária de Brasília que viu sua vida mudar depois de passar pelo “procedimento TX-8”. Ela conheceu Rafael Bracca nas redes sociais, onde ele compartilhava histórias de sucesso, especialmente relacionadas a tratamentos nos glúteos. Com o casamento marcado para junho deste ano, ela decidiu começar os procedimentos em novembro de 2022.

“Ele disse que o tratamento não teria nenhum problema, pois ele utilizava bioidênticos e várias vitaminas. Perguntei quais eram os componentes da fórmula, mas acredito que nenhuma paciente saiba”, lembra. Depois de avaliar os exames de Natalia, Bracca diagnosticou um problema hormonal e também ofereceu um tratamento, pelo valor de R$ 3 mil, que se somou aos R$ 16.500 do procedimento no bumbum.

“Começamos a fazer, ele aplicou duas ou três vezes nas primeiras sessões. Nas demais, foram as colaboradoras dele. Vim fazendo sessões e, no decorrer, houve um interesse em dar volume também na coxa. Paguei mais um valor para fazer o TX-8 na coxa. Aí começaram os meus problemas.”

A paciente conta que teve dores, viu a coxa começar a inchar e ficar quente, mesmo seguindo todas as recomendações que o biomédico havia passado. Até que, em abril, ela precisou ir para a emergência de um hospital. “Achei que estava com uma trombose. Chegando lá, fui atendida no pronto-socorro, fiz exames e eles mostraram alteração no sangue e no exame clínico, e identificaram como celulite bacteriana.”

O exame de ressonância de Natália mostrou que ela tem um inchaço considerável, muitas áreas com celulite, vários nódulos e outros problemas.

Após obter esse resultado, Rafael decidiu tratar o problema em sua clínica, fazendo outras aplicações. No entanto, durante sua lua de mel, depois do casamento, as complicações voltaram, causando dores. “Percebi que meu bumbum tinha uma mancha avermelhada e endurecida que estava piorando. Minha perna ficava inchada quando eu caminhava. Pensei que ia morrer, não conseguia continuar como estava. Entrei em contato com ele e ele disse que era inflamação por causa da viagem e da alimentação diferente, e pediu para eu visitá-lo na clínica quando voltasse da viagem.”

Natalia voltou e contou que passou por alguns procedimentos, como hemoterapia, ozonioterapia e um bloqueador com o médico Bracca. Três dias depois, ela acordou com falta de ar, batimentos cardíacos rápidos e muito cansaço. O médico então receitou um exame de sangue, mas a clínica informou que havia um problema com o registro do médico responsável pelo consultório do Rafael e o plano de saúde não havia autorizado o exame. Isso fez Natalia perceber que algo estava errado.

Natalia teve que retornar ao hospital por sentir dores e ter vários hematomas e precisou ficar internada. Os médicos diagnosticaram que ela teve uma reação a um corpo estranho no seu corpo, além de uma infecção bacteriana e celulite. A partir daquele dia, ela teve alta, mas acabou sendo internada novamente por mais três vezes. Ela ia para casa, mas piorava e precisava voltar ao hospital. Ao todo, Natalia ficou internada por 70 dias e até chegou a ser encaminhada para a UTI.

Enquanto estava no hospital, a empresária enviava mensagens para Rafael, que disse: “Estou orando por você, fazendo jejum por você”. Natalia também conta que passou por um procedimento médico para remover parte da substância do bumbum, mas não sabe exatamente qual óleo foi usado. Todos os médicos concordam que essa substância nunca deveria ter sido colocada onde está. Esse tratamento poderia ter causado a minha morte. Se eu não tivesse ido ao hospital, eu teria morrido.

Ela conversou com cirurgiões plásticos, que explicaram que a remoção completa do produto só poderia ser feita através de uma cirurgia complexa, com um grande corte. No entanto, essa cirurgia poderia resultar em uma aparência estética indesejável. Isso ocorre porque o corpo criou uma camada de proteção em volta do produto e há o risco de contaminação na área saudável que não teve contato com as bactérias identificadas.

A empresária ainda conta que não conseguiu voltar à vida normal que tinha, não pode realizar grandes movimentos e está com o acesso no meu braço recebendo medicação. “É um grande desgaste ir todo dia ao hospital. Estou fazendo acompanhamento com um médico particular, que me fala que preciso considerar meu problema como doença crônica, que vou lidar pelo resto da vida. Ainda não consegui digerir. Me gerou um trauma”, finaliza.

Após as diversas denúncias, o biomédico influencer passou a ser investigado. Uma busca e apreensão contra ele, autorizada pela Justiça, fez com que agentes da 21ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Sul) encontrassem, na clínica da Asa Sul, 200 unidades de cápsulas vermelhas de uma outra fórmula ilegal, a metilhexanamina (DMAA), que auxilia no emagrecimento, mas foi proibida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2012 por aumentar riscos de surgimento de doenças cardíacas, hepáticas e renais, por exemplo.

No processo de investigação daquele fato, a Polícia Civil tentou ouvir Rafael Bracca, mas não conseguiu. Foram várias “tentativas de interrogatório”, como consta o relatório de indiciamento, mas o depoimento não foi colhido “por falta de interesse dele”.

Inicialmente, Rafael Bracca foi contatado por telefone através de sua advogada, para marcar uma oitiva no dia 17/02/2023. No entanto, somente a advogada compareceu, informando que Rafael Bracca não pôde comparecer devido ao trabalho. No mesmo dia, foi deixada uma nova intimação com a advogada, marcando a oitiva para o dia 13/03/2023, após dificuldades em encontrar uma data que não conflitasse com a agenda do advogado de Rafael. No entanto, novamente, Rafael Bracca não compareceu nem justificou a ausência.

O indiciamento foi encaminhado à Justiça. A defesa do biomédico chegou a argumentar, nos autos, que ele não sabia que o material apreendido era proibido, pois havia, no site da compra, um número que indicaria o registro na Anvisa. Os advogados também alegaram que a substâncias seriam para uso pessoal.

O Ministério Público criticou os argumentos da defesa. Em uma declaração em 20 de outubro deste ano, o MP explicou que os materiais apreendidos são proibidos há um bom tempo e destacou que Bracca é biomédico e frequentador de academia, então ele deveria saber o que é permitido ou proibido. O MP também não fez uma proposta de Acordo de Não Persecução Penal (ANPP) para o acusado porque considera que há indícios claros de que ele cometeu crimes de forma profissional, repetida e habitual, já que ele está enfrentando outro processo penal.

O biomédico foi procurado e negou todas as acusações. Ele se manifestou por meio de uma nota. Leia abaixo:

Explicação sobre a nota fornecida pelo Metropoles no Scribd


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