Bitcoin Cai com Corte de Juros do Fed e Incertidão Global

Bitcoin em Rotação Após Corte de Juros do Fed

O bitcoin enfrentou uma queda significativa nesta quinta-feira, 30, após a decisão do Federal Reserve (Fed) de reduzir a taxa de juros em 25 pontos-base. A medida, que historicamente é positiva para ativos de risco, foi acompanhada por um discurso cauteloso do presidente do Fed, Jerome Powell, que gerou incerteza sobre o futuro das políticas monetárias. O preço da maior criptomoeda do mundo caiu para US$ 107.782, com uma variação de 4,7% nas últimas 24 horas, conforme dados do CoinMarketCap. A volatilidade do mercado reflete a complexidade do cenário macroeconômico global, com expectativas mistas para o bitcoin no curto prazo.

Análise de Especialistas

Especialistas apontam que o movimento atual é uma reprecificação de ativos de risco, impulsionada pela incerteza em torno do ritmo futuro de afrouxamento monetário pelo Fed. A inflação persistente em torno de 3% e a retomada da força do dólar também contribuíram para a perda de tração do bitcoin. Ana de Mattos, analista técnica e trader parceira da Ripio, identificou a faixa de preço entre US$ 105 mil e US$ 112.5 mil como suporte de curto prazo, com a região de US$ 112.5 mil atuando como suporte de médio prazo. Guilherme Prado, country manager da Bitget no Brasil, destacou que o bitcoin inicia o dia sob cautela, pressionado pela incerteza e pela necessidade de reavaliação das expectativas macroeconômicas.

Fim do Quantitative Tightening

Um ponto positivo relevante para o mercado cripto é o anúncio do Banco Central do Japão (BoJ) sobre o fim do quantitative tightening (QT) a partir de dezembro. Desde 2022, o balanço de ativos do Fed encolheu cerca de US$ 2,4 trilhões (~26% da máxima), e o encerramento dessa drenagem de liquidez adiciona suporte estrutural para os criptoativos, que são especialmente sensíveis às condições de liquidez. Matheus Parizotto, analista de research da Mynt, plataforma cripto do BTG Pactual, ressaltou a importância do avanço da institucionalização, evidenciado pelo interesse contínuo em ETFs, incluindo novas alternativas como o de Solana com staking.

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Cenário Global e Reuniões

Apesar do cenário construtivo no médio e longo prazo, a incerteza de curto prazo persiste, com a volatilidade sendo influenciada por fatores como as falas do BoJ e o desdobramento da reunião entre Donald Trump e Xi Jinping. Já o encontro entre os presidentes Trump e Xi Jinping trouxe alívio parcial, com a tarifa de 100% não sendo implementada e a alíquota média sobre a China recuando para 47%. O acordo de um ano sobre a exportação de terras raras também contribui para estabilizar as relações, mas não resolve divergências estruturais que ainda precisam ser endereçadas para reduzir o grande déficit dos EUA com a China. Matheus Parizotto acrescentou que a volatilidade deve persistir até que os fluxos via ETFs e tesourarias corporativas melhorem ou surjam novos catalisadores claros para a classe de ativos.

Perspectivas para o Bitcoin

O bitcoin apresenta uma expectativa de curto prazo neutra a levemente positiva. O corte de juros pelo Fed e o recuo do dólar criam um ambiente mais favorável à liquidez, o que tende a beneficiar ativos alternativos como o bitcoin. No entanto, a sinalização de que este pode ser o último corte no ano limita o impulso imediato. A atenção agora se volta para as falas do Banco do Japão e o desdobramento da reunião entre Trump e Xi Jinping, que podem trazer volatilidade adicional. A faixa provável de oscilação do bitcoin situa-se entre US$ 108 mil e US$ 113 mil, com chance de rompimento para cima caso o clima global de descompressão geopolítica e monetária se confirme. Por outro lado, falas mais duras do BoJ ou falhas no diálogo EUA-China podem levar o bitcoin de volta à faixa de suporte entre US$ 105 mil e US$ 108 mil.