Bolsonaro desmente participação em esboço de golpe em depoimento ao STF
Ex-presidente afirma não ter alterado documento que previa prisão de autoridades e novo processo eleitoral; declaração contrasta com a versão de Mauro Cid.

Em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) na tarde de terça-feira (10), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) negou qualquer participação na redação ou edição da chamada “minuta do golpe”, documento que previa medidas extremas como a decretação de estado de sítio, prisão de ministros da Corte e a realização de novas eleições. “Não existiu isso aqui. Ele [Felipe Martins] não tem competência para isso”, afirmou Bolsonaro ao ministro Alexandre de Moraes, ao ser questionado sobre o suposto envolvimento do ex-assessor especial da Presidência na elaboração da minuta. “Conheço muito bem o Felipe. Não procede nada disso”, acrescentou.
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O ex-presidente buscou atenuar o caráter conspiratório das conversas realizadas no entorno do Palácio do Planalto no final de 2022. “A discussão sobre o tema ocorreu em poucos minutos. Existia a ideia de estado de sítio. Inicialmente, precisaríamos de um fato; em seguida, os conselhos da defesa, o que não foi feito”, declarou. A fala de Bolsonaro contrasta com o depoimento prestado na véspera pelo tenente-coronel Mauro Cid, seu ex-ajudante de ordens. Em colaboração com a Justiça, Cid afirmou que o então presidente teve acesso ao documento, leu seu conteúdo e chegou a sugerir alterações, como a exclusão de trechos que mencionavam explicitamente a prisão de ministros — embora Alexandre de Moraes permanecesse como alvo da medida proposta.
Segundo Cid, o documento foi tratado em duas, no máximo três reuniões, e se dividia em uma parte introdutória com críticas ao STF e ao TSE, e outra com propostas jurídicas de exceção. A versão preliminar foi encontrada pela Polícia Federal na residência de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça, durante uma operação autorizada pelo STF. Durante o depoimento, Bolsonaro também se retratou em relação à sua postura crítica ao sistema eleitoral brasileiro. “Se eu exagerei na retórica, devo ter exagerado com toda certeza”, declarou.
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Ele reiterou que a defesa do voto impresso era uma bandeira política com o objetivo de “evitar qualquer conflito, qualquer suspeita”. O depoimento integra as investigações da ação penal que apura uma tentativa de golpe de Estado para manter Bolsonaro no poder, mesmo após a derrota nas urnas para Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A Procuradoria-Geral da República aponta o ex-presidente como líder de uma organização criminosa que teria articulado medidas inconstitucionais com apoio de militares e ex-integrantes do governo.
Fonte por: Jovem Pan
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