Bolsonaro desmente participação em esboço de golpe em depoimento ao STF

Ex-presidente afirma não ter alterado documento que previa prisão de autoridades e novo processo eleitoral; declaração contrasta com a versão de Mauro Cid.

10/06/2025 19h23

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DF - BRASÍLIA, CHEGADA DO JAIR BOLSONARO - POLÍTICA - DF - BRASÍLIA - 25/03/2025 - BRASÍLIA, CHEGADA DO JAIR BOLSONARO - O ex-presidente Jair Bolsonaro é visto ao chegar em Brasília no dia que se inicia seu julgamento pela primeira turma do Superior Tribunal Federal por tentativa de golpe de estado. Brasília, 25 de março de 2025. 25/03/2025 - Foto: MATEUS BONOMI/AGIF - AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/AGIF - AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/ESTADÃO CONTEÚDO

Em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) na tarde de terça-feira (10), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) negou qualquer participação na redação ou edição da chamada “minuta do golpe”, documento que previa medidas extremas como a decretação de estado de sítio, prisão de ministros da Corte e a realização de novas eleições. “Não existiu isso aqui. Ele [Felipe Martins] não tem competência para isso”, afirmou Bolsonaro ao ministro Alexandre de Moraes, ao ser questionado sobre o suposto envolvimento do ex-assessor especial da Presidência na elaboração da minuta. “Conheço muito bem o Felipe. Não procede nada disso”, acrescentou.

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O ex-presidente buscou atenuar o caráter conspiratório das conversas realizadas no entorno do Palácio do Planalto no final de 2022. “A discussão sobre o tema ocorreu em poucos minutos. Existia a ideia de estado de sítio. Inicialmente, precisaríamos de um fato; em seguida, os conselhos da defesa, o que não foi feito”, declarou. A fala de Bolsonaro contrasta com o depoimento prestado na véspera pelo tenente-coronel Mauro Cid, seu ex-ajudante de ordens. Em colaboração com a Justiça, Cid afirmou que o então presidente teve acesso ao documento, leu seu conteúdo e chegou a sugerir alterações, como a exclusão de trechos que mencionavam explicitamente a prisão de ministros — embora Alexandre de Moraes permanecesse como alvo da medida proposta.

Segundo Cid, o documento foi tratado em duas, no máximo três reuniões, e se dividia em uma parte introdutória com críticas ao STF e ao TSE, e outra com propostas jurídicas de exceção. A versão preliminar foi encontrada pela Polícia Federal na residência de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça, durante uma operação autorizada pelo STF. Durante o depoimento, Bolsonaro também se retratou em relação à sua postura crítica ao sistema eleitoral brasileiro. “Se eu exagerei na retórica, devo ter exagerado com toda certeza”, declarou.

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Ele reiterou que a defesa do voto impresso era uma bandeira política com o objetivo de “evitar qualquer conflito, qualquer suspeita”. O depoimento integra as investigações da ação penal que apura uma tentativa de golpe de Estado para manter Bolsonaro no poder, mesmo após a derrota nas urnas para Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A Procuradoria-Geral da República aponta o ex-presidente como líder de uma organização criminosa que teria articulado medidas inconstitucionais com apoio de militares e ex-integrantes do governo.

Fonte por: Jovem Pan

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