Bolsonaro rebate acusações e a classificação de “extrema-direita” em gravações

Investigação da PF em 2023, com base em informações jornalísticas, apura articulações de Bolsonaro após sua saída do Palácio do Planalto.

28/07/2025 7h31

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(Imagem de reprodução da internet).

Jair Bolsonaro (PL) manifestou, através de mensagens de texto e áudios encontrados no celular apreendido pela PF em 3 de maio de 2023, irritação com as acusações no caso das joias e com o termo “extrema-direita”.

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Outras conversas indicam sua ligação com o ex-embaixador de Israel e empresários do agronegócio, além de seu esforço em apoiar a criação de uma CPI contra o STF (Supremo Tribunal Federal), mesmo após deixar o Palácio do Planalto.

Em 28 de abril de 2023, o ex-secretário de Comunicação Social, Fábio Wajngarten, encaminhou ao ex-presidente notícias divulgadas acerca da investigação das joias sauditas.

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Por meio de uma mensagem de áudio, Bolsonaro respondeu: “Fábio, a nota aí, né? ‘Indícios de desvio de recurso público’. Que que é isso? Onde é que inventou isso, pô? Indícios para me incriminar com peculato? É uma piada, realmente. Valeu”, afirmou o ex-presidente.

Na comunicação escrita com aliados, o ex-presidente afirmou que um empresário disponibilizou sua propriedade na viagem que Bolsonaro realizou a Ribeirão Preto, para participar da Agrishow 2023, feira de agronegócio.

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Paulo Junqueira, que liderava o sindicato rural na cidade interiorana de São Paulo, foi mencionado pela Polícia Federal nas investigações relacionadas ao ex-presidente. As comunicações revelavam que Junqueira havia financiado o custo da permanência de Bolsonaro nos Estados Unidos em 2023.

Em 26 de abril de 2023, Adolfo Sachsida, ex-ministro de Minas e Energia, solicitou ao ex-presidente um abraço, considerando que também estaria presente na Agrishow.

Bolsonaro respondeu, por áudio: “Sábado, saí. Vou domingo lá. Vou dormir na fazenda do Paulo Junqueira e, na segunda-feira de manhã, estou na Agrishow. Vamos lá, te boto lá. Eu não estou mandando muito não, mas consigo te botar no palanque comigo. Valeu”.

Em 30 de abril, o ex-ministro retornou ao encontro com Bolsonaro, que respondeu: “Pode ir até a fazenda lá. Apesar de não ser minha a fazenda, eu dou o toque lá no Paulo Junqueira para você entrar. Só não vai poder dormir lá, o resto tudo bem. Se não der para dormir, você dorme no chão lá com os cachorros também, da minha parte não tem problema nenhum, tá ok. Valeu Sachsida”.

“Se quiser ir hoje para a fazenda, pode ir. Vamos lá! Você, você é VIP aqui, né? Já falei agora há pouco com Paulo Junqueira sobre caso como o seu, que eu não sou o dono, cara. Sem problema, você vai lá e fica com a gente. Até vê o jogo do Flamengo com a gente lá, desde que torça obviamente contra o Flamengo, tá ok?” afirmou Bolsonaro.

Além do diálogo com Wajngarten, o ex-secretário informou a Bolsonaro que o ex-presidente seria recebido por um partido de extrema-direita em Portugal, trata-se do Chega, mas a viagem não se concretizou.

Bolsonaro reclamou, por áudio, da classificação de extrema-direita: “Entende, Fábio. Você sabe que esses caras vão manter isso o tempo todo, né? Que é só extrema-direita. Falou comigo, é extrema-direita. O [Donald] Trump também deve ser extrema-direita. Tá ok, mas a gente vai vencer isso aqui, vai vencer a extrema-esquerda. Pode deixar. Valeu”.

O ex-presidente aconselhou o deputado federal Hélio Lopes (PL-RJ) a apresentar um requerimento para a instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito contra Alexandre de Moraes e demais membros do STF.

O parlamentar transmitiu uma mensagem de áudio a Bolsonaro questionando sua conduta, se deveria assinar o documento ou se tal ato poderia comprometer o ex-presidente no futuro.

O ex-presidente, então, escreveu: “Eu assinaria. Sempre existe a possibilidade de retaliações”. Lopes, então, respondeu: “Já assinei”.

Em 2022, o deputado Marcel Van Hattem (Novo-RS) apresentou uma proposta de CPI que não foi implementada. O objetivo, conforme seus autores, era investigar possíveis abusos de autoridade cometidos pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Tribunal Superior Eleitoral.

O antigo embaixador de Israel no Brasil, Yossi Shelley, propôs cobrir os custos de uma viagem para Jair Bolsonaro ao país em 2023.

Em 26 de abril de 2023, Shelley questiona se o ex-presidente a visitará em Israel. Em seguida, ela escreve: “Vou cuidar de você. 14 semanas em Israel, pagarei o custo de sua presença, hotel e similares, caso você queira”. Shelley se corrige, e em mensagem subsequente, informa: “14 dias”, em vez das “14 semanas” mencionadas anteriormente.

O ex-embaixador acrescentou: “Você tem que escolher uma data e eu cuidarei dos preparativos. Será uma grande honra recebê-lo aqui.” Adicionou: “Grande abraço, presidente amado.”

Bolsonaro, então, responde: “Shelley, obrigado. Vou falar com a esposa aqui e ver o que ela acha. Obrigado, um abraço”. Bolsonaro realmente encaminhou a mensagem a Michelle, mas ela não respondeu sobre o assunto.

O Estado de S. Paulo contatou a defesa de Bolsonaro, que declarou não se pronunciar sobre a reportagem. Wajngarten também não quis comentar. Lopes, Shelley e Junqueira não responderam aos contatos da reportagem.

Fonte por: Poder 360

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