Bolsonaro reconhece análise de cenários, porém desmente existência de plano de atentado

Ex-presidente declarou por aproximadamente três horas ao STF, admitiu erros, negou ter alterado projeto de decreto e classificou os responsáveis por solicitar a intervenção militar como “malucos”.

10/06/2025 19h35

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(Imagem de reprodução da internet).

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) declarou, em depoimento no Supremo Tribunal Federal (STF), que ponderou “possibilidades” para questionar as eleições de 2022, mas assegurou que as ações estavam em conformidade com a Constituição, não constituindo um plano de golpe de Estado.

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Segundo Bolsonaro, ocorreram reuniões para debater uma possível decretação e Garantia de Lei e Ordem no país.

O ex-presidente declarou que as conversas foram impulsionadas pelo temor das consequências do bloqueio de rodovias por parte dos caminhoneiros e das manifestações em frente ao Quartel-General do Exército, ambos os movimentos liderados por indivíduos que não aceitavam a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições.

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Bolsonaro, contudo, declarou que todas as análises ocorreram dentro da Constituição, com grande atenção para não exceder os limites legais, e, diante da impossibilidade de prosseguir, optaram por desistir da proposta da GLO após algumas reuniões.

Discutimos GLO [em reuniões] porque os caminhoneiros estavam à beira de parar, sobre o que poderia acontecer com aquela multidão em frente aos quartéis. Então, houve reunião para tratar desses assuntos. Nós estudamos possibilidades, todas dentro da Constituição.

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Conforme o presidente, as discussões iniciaram-se após o PL questionar a lisura das eleições no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ser multado em R$ 22 milhões.

Ao reportarmos potenciais vulnerabilidades, não houve resposta, e fomos notificados com uma multa de R$ 22 milhões. Caso tentássemos recorrer da multa ou da petição, ela poderia ser ampliada. Decidimos, interromper qualquer análise com o TSE sobre os resultados das eleições.

Bolsonaro confirmou que, em 7 de dezembro de 2022, foram elaborados “rapidamente” os fundamentos de um esboço em reunião com comandantes das Forças Armadas, no Palácio do Alvorada. Contudo, segundo ele, a discussão sobre o tema “começou sem força, de modo que nada avançou”.

Bolsonaro afirma que a sugestão de decretar estado de sítio foi feita por alguns, mas não especifica quem a propôs, e que nenhuma medida foi implementada para tal.

O ex-presidente negou ter alterado ou “simplificado” tal documento e declarou não ter conhecimento sobre o denominado “Plano Punhal Verde e Amarelo”, que previa a eliminação de Luiz Inácio Lula da Silva, Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes. Segundo o ex-presidente, caso tivesse tido essa informação, teria “repugnado e tomado medidas imediatas”.

Bolsonaro afirmou que não existia apoio nem “ambiente” para prosseguir com uma tentativa de golpe.

Ele também afirmou que os apoiadores que solicitavam intervenção militar após as eleições de 2022 eram “loucos”.

“Sempre existem alguns radicais que defendem a ideia do AI-5, da intervenção militar. As Forças Armadas nunca teriam feito isso porque o movimento popular estava exigindo, além de não ser apropriado e nós assumimos o controle da situação”, declarou Bolsonaro.

A alegação de fraude nas urnas é uma questão que suscita debates e controvérsias, envolvendo acusações de manipulação dos resultados eleitorais por meio de dispositivos

Bolsonaro reiterou seu apoio ao voto impresso e argumentou que questionar ou duvidar do processo eleitoral é um exercício de liberdade democrática.

“Eu não utilizo a palavra ataques, peço desculpas. São críticas. […]. A crítica, na minha visão, não é um ataque. A imprensa tem o hábito de usar a palavra ataque, quando o que está no balcão é o meu nome. Críticas, na minha compreensão, são bem-vindas num Estado Democrático de Direito.”

Durante o depoimento, Bolsonaro apresentou declarações do ministro do STF Flávio Dino e de deputados de esquerda que questionavam a lisura das urnas, visando demonstrar que não era o único a ter dúvidas sobre as eleições.

Perdão.

Inicialmente, Bolsonaro se desculpou com Moraes por acusar o ministro e outros membros do Supremo de receber milhões de reais para encobrir fraudes nas eleições. O ex-presidente reconheceu não ter qualquer base para as declarações.

Ao ser perguntado por Moraes quais eram os indícios que o motivavam a tais declarações, o ex-chefe do Executivo declarou:

Não tenho nenhuma evidência. Era uma reunião para não ser gravada, um desabafo, uma retórica que eu utilizei, e se fossem outras pessoas, teria dito a mesma coisa. me desculpe, não tinha a intenção de acusar de qualquer desvio de conduta dos senhores.

Perguntas

Bolsonaro foi o sexto réu ouvido na fase de instrução da ação penal que investiga uma tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Ele permaneceu presente por aproximadamente duas horas e meia. A reunião teve um caráter cordial e, em alguns momentos, informal entre Bolsonaro, seus advogados e Moraes.

O ex-presidente, em tom de brincadeira, propôs ao ministro a possibilidade de integrá-lo na chapa para as próximas eleições como vice-presidente.

De acordo com a Constituição, Bolsonaro poderia se abster de responder, contudo, ele respondeu a todas as perguntas feitas por Moraes, Luiz Fux, do procurador-geral da República, Paulo Gonet, e de advogados dos demais réus.

Moraes garantiu no início do depoimento que Bolsonaro tinha o direito de se manifestar livremente sobre os fatos e não tinha compromisso com a verdade, uma vez que o questionamento também é um momento de defesa. O ministro afirmou que não poderia interferir ou questionar a versão dos fatos apresentada pelo ex-presidente.

Bolsonaro transportou uma cópia da Constituição Federal e diversos documentos de organizações que contestam a segurança dos sistemas eletrônicos de votação.

Fonte por: CNN Brasil

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