Bolsonaro se destaca na disputa com Moraes

O ministro do STF permitiu que o ex-presidente se manifestasse livremente, como fez com os demais presentes; Bolsonaro, experiente e influente, não deixou escapar a chance.

11/06/2025 15h59

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(Imagem de reprodução da internet).

Alexandre de Moraes e Jair Bolsonaro se confrontaram nesta terça (10), em um dos embates mais aguardados nos últimos tempos. O resultado dessa audiência poderá influenciar o futuro do país. Se Bolsonaro for absolvido, talvez possa concorrer às eleições de 2026. Se for condenado, dependendo do resultado, poderá ou não ter condições de indicar um candidato com chances de vencer o pleito.

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A situação denotava uma produção de remake. Haviam oito anos que o Brasil esperava com a mesma ansiedade um confronto eletrizante: estariam frente a frente o então juiz Sérgio Moro e Lula. Moro era a grande estrela do país. Em todos os lugares arrancava aplausos entusiasmados. Por onde passasse, as pessoas faziam reverências: nos eventos, nos aviões, nas entrevistas.

Era necessário julgar e condenar Lula.

Moro havia conseguido traduzir em suas ações o que grande parte da população desejava: manter atrás das grades pessoas poderosas, que até então ficavam fora do alcance da justiça, por mais graves que fossem seus crimes. Existia a esperança de que dias melhores estivessem no horizonte. Restava, contudo, a peça final: prender Lula.

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Em maio de 2017, o julgamento se concretizou. Com evidências sólidas, o juiz de primeira instância possuía elementos suficientes para condenar o ex-presidente, com a transmissão da informação pela televisão, como um evento público. A situação estava preparada para um desfecho previsível.

As opiniões foram divergentes.

O juiz manteve-se imutável em nenhum momento. Falou de maneira clara, pausada e tranquila, permitindo ao depoente se expressar da forma que julgasse adequada. Para alguns, os fatos eram evidentes, de modo que, após a condenação, ao recorrer em segunda instância, após a análise dos desembargadores, a pena foi elevada. Como inevitávelmente surgiram opiniões favoráveis e contrárias em todos os debates.

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Esta semana, o filme é relançado com novas versões e outros atores. Desta vez, em vez de Moro, estava o ministro Alexandre de Moraes e a função de Lula foi exercida por Jair Bolsonaro. A expectativa, contudo, permaneceu a mesma.

Começaram nervosos

O Brasil se posicionou diante das telas de televisão e celulares para acompanhar o confronto. Para intensificar o interesse, Bolsonaro convidou a população a assistir ao seu testemunho. Todos se indagavam sobre sua conduta e como seria avaliado pelo ministro.

Moraes e o ex-presidente começaram seus discursos com evidentes sinais de nervosismo. O ministro, com expressão fechada, avaliava cuidadosamente as palavras e buscava transmitir a sobriedade da situação. O depoente falou com a voz hesitante, removendo e colocando os óculos, como se não soubesse como proceder.

Bolsonaro consolidou sua base de apoio popular.

Após dez minutos, com a adrenalina processada, a expressão relaxou, a fala se libertou e o raciocínio se desenvolveu, ainda que as palavras permanecessem sob atenção. Da mesma forma que fez com os demais que se manifestaram, Moraes concedeu total autonomia para que Bolsonaro dissesse o que desejava.

Bolsonaro, experiente e influente, não deixou escapar a oportunidade. Conhecendo que contava com o apoio de grande parte da população, incluiu no contexto de suas respostas informações relevantes sobre as realizações de seu governo, em oposição aos erros da gestão atual, sem citar o nome de Lula, naturalmente.

Momento leve e divertido.

Respondeu a todas as questões apresentadas com solidez e convicção. Em determinado momento, tornou-se cômico. Solicitou permissão ao ministro para realizar uma piada. Nesse mesmo tom, Moraes afirmou que ele era quem sabia, e que talvez fosse mais adequado perguntar ao seu advogado.

Bolsonaro, então, ironizou: perguntou se o ministro não gostaria de se candidatar como vice dele nas próximas eleições. Moraes sorriu e respondeu que declinava do convite. O que pareceu ser apenas um humor inadequado para aquela situação pode ser analisado por diversos ângulos.

Não foi por acaso.

Com esse convite, Bolsonaro manifestou a intenção de concorrer às eleições de 2026, mesmo estando atualmente inelegível. Demonstrou também que não é uma pessoa vingativa, pois, ainda que fosse em tom de troca, permitia a participação do “desafiado”. Além disso, expôs sua grande desenvoltura a ponto de se mostrar à vontade em tal situação.

Alain afirmou, em suas reflexões sobre a felicidade: “Se, por acaso, tivesse de escrever um tratado de moral, poria o bom humor na primeira fila dos deveres”. Foi mais um episódio histórico da nossa política. Bolsonaro ou quem ele indicar já estão prontos para concorrer. Muitos rounds virão pela frente. Que toquem o gongo, pois os adversários já estão saltitantes no ringue.

Independente da orientação política de cada um, o ocorrido pode ser considerado um marco crucial para a democracia: um ex-presidente depõe perante um ministro do mais alto tribunal do país. O que será feito desse momento definirá os próximos capítulos. Siga pelo Instagram: @polito

Fonte por: Jovem Pan

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