Borderline: especialista analisa polêmica sobre nova música de Maraisa

29/04/2025 às 15h00

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(Imagem da internet).

A cantora Maraisa, da dupla Maiara e Maraisa, gerou controvérsia ao lançar uma nova música, intitulada “Borderline”, em suas redes sociais. Indivíduos com o transtorno se manifestaram em protesto contra a artista. Andressa Urach, uma delas, chegou a declarar intenção de denunciar Maraisa ao Ministério Público por psicofobia.

Para aprofundar o assunto, a colunista Fábia Oliveira conversou com Taty Ades, que é pós-graduada em neuropsicologia, escritora e especialista em Transtorno de Personalidade Borderline, Narcisismo e Amor Patológico. A profissional se tornou referência nacional com a criação do método “costura” de terapia, assegurando a remissão do transtorno em pacientes Borderline.

Caso grave de psicofobia.

A colunista Taty declarou que esse tipo de conteúdo, como a música de Maraisa, pode levar à morte.

Aquele tipo de conteúdo, embora pareça “alerta” ou “proteção” para alguém em um relacionamento difícil, é, na verdade, um exemplo grave de psicofobia – o preconceito contra pessoas com transtornos mentais. E mais que isso: é perigoso e pode custar vidas. O TPB não é sinônimo de abuso ou manipulação!

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Seguiu-se: “Quando uma música ou poesia usa um transtorno como ‘explicação’ para um relacionamento abusivo, ela espalha mitos que prejudicam tanto quem convive com transtornos, quanto quem tenta entendê-los. Essa letra não tem base clínica, não distingue comportamentos tóxicos de um quadro diagnosticável, e ainda sugere que ‘nem precisa de CRM para diagnosticar’, invalidando completamente o trabalho de profissionais da saúde mental.”

A violência mascarada como aconselhamento.

Taty Ades ressaltou, ainda, as dificuldades enfrentadas por indivíduos com diagnóstico de transtorno de personalidade borderline, afirmando que essa condição não auxilia ninguém.

Estigmatizar o transtorno de personalidade borderline aumenta o risco de suicídio. Quem convive com TPB já enfrenta culpa, vergonha, medo de abandono, rejeição constante e um sentimento de não pertencimento. Ao ouvir que é “louco”, “abusivo” ou “manipulador” como se fosse um monstro social, essa pessoa pode entrar em colapso. Muitos dos pacientes que atendo em consultório já me procuraram após ouvir ou ler esse tipo de discurso, em crise de autolesão ou ideação suicida. Esse tipo de linguagem não ajuda ninguém. Nem quem está em uma relação difícil, nem quem vive com transtornos. Apenas mantém a ignorância e a violência, disfarçadas de “conselhos”.

O diagnóstico não é um adjetivo! Transtorno de Personalidade Borderline é uma condição clínica que exige escuta, cuidado e, frequentemente, uma abordagem psicoterapêutica associada a suporte psiquiátrico. Utilizar esse termo como uma ofensa ou rótulo depreciativo é antiético – é desumano.

Educação emocional e empatia.

A especialista carece de inteligência emocional e empatia.

É imprescindível ampliar a educação emocional e a empatia. Se alguém enfrenta um relacionamento abusivo, deve procurar assistência. Contudo, não se deve, jamais, projetar essa dor em diagnósticos desconhecidos. Essas colocações apenas intensificam o preconceito e agravam o sofrimento de quem já está em situação de vulnerabilidade.

A arte possui poder, e com ele, uma responsabilidade. As palavras podem curar, mas também podem destruir.

Aqui, preciso abrir seus olhos para esse relacionamento. Não preciso de CRM para identificar essa loucura que você está vivendo. Fiquei sabendo que ele namorou outras pessoas. Para cada uma, foi um personagem. Esse perfil se encaixa em uma personalidade borderline. Repare que ele te isolou de todo mundo. Não romantize esse absurdo. Ele é instável, intenso e extremo. E nesses casos, todo mundo sofre junto. Ele não precisa de você nem do seu sentimento. Só de tratamento. Não deixe essa montanha-russa virar casamento. Você não precisa se envolver com anjo e demônio ao mesmo tempo. Corra, senão você vai afundar junto. Você não é remédio de maluco.

Fonte: Metrópoles

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