Brasil denuncia tarifaço de Trump na OMC e alerta: “Atalho perigoso para a guerra”
Um representante brasileiro declarou que a utilização de juros adicionais de maneira desordenada pode resultar em um cenário de desaceleração econômica.

O Brasil proferiu uma forte declaração na quarta-feira (22), em Genebra, durante a reunião do Conselho Geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), ao criticar o aumento de 50% sobre produtos brasileiros determinado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Em companhia de aproximadamente 40 países e blocos econômicos, incluindo União Europeia, China, Rússia, Índia, Canadá e Austrália, a delegação brasileira considerou a ação como arbitrária, ilegal e uma ameaça ao comércio internacional.
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O secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Itamaraty, Philip Fox-Drummond Gough, declarou que o planeta está passando por uma transformação muito arriscada, caracterizada pelo emprego de tarifas como instrumento para exercer pressão sobre governos e influenciar decisões autônomas. A declaração se segue a acusações de Donald Trump contra a Justiça brasileira, que resultaram em retaliações por meio de barreiras comerciais e na suspensão de vistos a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). “Negociações baseadas em disputa de poder são um atalho perigoso para a instabilidade e a guerra”. Diante da ameaça de fragmentação, a defesa consistente do multilateralismo é o caminho a seguir, afirmou o diplomata. Gough ressaltou que as sobretaxas, aplicadas de forma “caótica”, infringem as normas da OMC, interrompem as cadeias globais de valor e podem conduzir a uma “espiral de preços elevados e estagnação”. Para o Brasil, a reação dos Estados Unidos representa um “ataque sem precedentes” ao sistema de comércio multilateral, que deveria assegurar previsibilidade e segurança jurídica.
O governo brasileiro informou que irá formalmente denunciar a decisão de Trump à OMC. “É fundamental que a organização restabeleça seu papel como fórum para resolver controvérsias por meio do diálogo e da negociação, e não por imposições tarifárias unilaterais”, afirmou o Itamaraty em comunicado.
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O governo brasileiro busca exercer pressão diplomática, sem impedir negociações bilaterais. A meta é reverter a alíquota de 50% e usar a crise para defender uma reforma estrutural da OMC, assunto que o país considera prioritário.
Emitações de nações europeias, asiáticas e africanas, durante a reunião, também questionaram Washington. Os representantes dos Estados Unidos responderam, afirmando que suas empresas estão “obrigadas a competir em condições desiguais” e indicaram que haverá mudanças apenas para aqueles que aceitarem negociar diretamente com o governo Trump.
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Fonte por: Brasil de Fato