O setor frigorífico brasileiro enfrenta o primeiro surto de gripe aviária em uma granja comercial, contudo, as autoridades preveem que a China e outros grandes consumidores em breve relaxem as restrições para a importação de frango de todo o país.
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Caso o principal exportador de frango do mundo consiga controlar o surto no Rio Grande do Sul, a China poderá replicar o modelo do Japão, da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes Unidos, restringindo as restrições unicamente à carne de frango proveniente do estado gaúcho, informaram autoridades do governo brasileiro.
Diante da forte demanda mundial, é provável que ocorra alguma flexibilização, afirmou Luis Rua, secretário internacional do Ministério da Agricultura. “Estamos fazendo a nossa parte para compartilhar informações rapidamente, para que as coisas não fiquem suspensas por muito tempo.”
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As exportações de frango do Brasil constituem mais de 35% do comércio mundial, o que torna uma proibição nacional uma situação dolorosa tanto para os agricultores brasileiros quanto para os principais importadores.
O Brasil representa mais de cinquenta por cento das importações de frango da China, afirmou o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, e a maior parte do restante provém dos Estados Unidos.
O surto de gripe aviária nos Estados Unidos e as tensões comerciais mais amplas com Washington restringiram o interesse chinês por carne de frango americana. A China impede a importação desses produtos de mais de 40 estados dos EUA devido à gripe aviária, conforme dados do governo norte-americano.
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Os produtores rurais brasileiros também esperam o bom relacionamento entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente chinês Xi Jinping para flexibilizar a proibição do comércio de aves.
Renan Augusto Araújo, analista sênior de mercado da S&P Global Commodity Insights, afirmou que o surto representava o risco de diminuir as exportações brasileiras de carne de frango em 10% a 20%, conforme a velocidade com que o surto fosse controlado e os consumidores relaxassem as restrições comerciais.
O Rio Grande do Sul, onde o incidente foi registrado na sexta-feira, é o terceiro maior produtor de frango do país e já havia interrompido as exportações para a China em razão de um surto restrito da doença de Newcastle no ano anterior.
Se não houver evidência (de gripe aviária) em nenhuma outra região do país, isso poderia realmente desencadear uma onda de flexibilização e esses países poderiam continuar a comprar do Brasil, exceto na região do Rio Grande do Sul, afirmou Fávaro.
A União Europeia e a Coreia do Sul se incluem entre os grandes importadores que proibiram o frango brasileiro.
A disseminação pode agravar as perspectivas.
Se uma epidemia mais extensa de gripe aviária se propagasse pelo Brasil, como aconteceu nos Estados Unidos, especialistas e observadores apontariam para um quadro mais preocupante. Essa situação elevaria as expectativas dos EUA de que a China relaxasse as restrições à importação de frango americano.
Em virtude de um acordo comercial da Fase 1, assinado entre a China e o então presidente dos EUA, Donald Trump, em 2020, a China deverá suspender as restrições estaduais à importação de carne de frango americana 90 dias após os Estados Unidos removerem o vírus da gripe aviária das fazendas afetadas.
Contudo, a China prolongou as restrições em vigor por um período superior ao estabelecido no acordo, afirmou Greg Tyler, diretor-executivo do grupo setorial USA Poultry and Egg Export Council.
Tyler afirmou: “Se o Brasil permanecer fora desse mercado por 60 dias, a China precisará do produto”. Ele acrescentou: “Esperamos que isso possa pressioná-los, juntamente com o fato de que estamos conduzindo negociações comerciais com os chineses neste momento, para tentar que eles retomem o cumprimento do acordo de regionalização”.
Tyler percebeu que o congelamento automático das importações brasileiras pela China por 60 dias é menos rigoroso do que o pacto com os Estados Unidos.
Ele afirmou que eles haviam alcançado um acordo mais favorável do que o deles.
Brasil pode assumir posição de destaque na transição para um mercado de baixo carbono.
Fonte: CNN Brasil