Brasil se prepara para investir R$ 1,8 bilhão em supercomputador para IA até 2026

Avanço na Infraestrutura Tecnológica do Brasil

O Brasil está se preparando para um avanço importante em sua infraestrutura tecnológica com a construção de um supercomputador, um projeto estratégico que contará com um investimento de R$ 1,8 bilhão.

A expectativa é que o supercomputador, que será um dos cinco mais poderosos do mundo, esteja em operação até 2026. Este projeto é um dos pilares do Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA), que busca garantir a soberania tecnológica do país e prepará-lo para os desafios da era digital.

Debate sobre a Infraestrutura Computacional

A questão foi discutida em um painel durante o Rec’n’Play, festival de inovação realizado em Recife. Participaram Hugo Valadares, Diretor do Departamento de Ciência, Tecnologia e Inovação Digital do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI); Germano Vasconcelos, professor da UFPE; e Geber Ramalho, consultor do CESAR.

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A discussão destacou a urgência de construir uma infraestrutura computacional robusta no Brasil, essencial para que o país possa competir com potências globais em áreas como inteligência artificial, big data e computação quântica.

Justificativa para o Supercomputador

Atualmente, o Brasil depende de servidores estrangeiros para processar grande parte de seus dados. Valadares afirmou que “sem capacidade de processamento local, o Brasil não consegue participar plenamente da corrida global pela inteligência artificial”.

O supercomputador planejado não atenderá apenas à demanda interna, mas também poderá ser utilizado por instituições de pesquisa e empresas que necessitam de grande capacidade de processamento, como universidades e centros de pesquisa.

Localização e Infraestrutura

A localização do supercomputador ainda está sendo discutida, com algumas regiões do país sendo consideradas. Ele será instalado em um dos centros de excelência já existentes no Brasil, que possui uma forte infraestrutura de pesquisa.

Valadares comentou que a ideia é garantir que o supercomputador esteja em um local com boa infraestrutura de TI e próximo a centros de pesquisa, como o LNCC (Laboratório Nacional de Computação Científica), no Rio de Janeiro.

Benefícios e Soberania Tecnológica

O MCTI está em diálogo com diversas instituições e empresas que poderiam se beneficiar da nova estrutura, incluindo universidades e centros de pesquisa em ciência de dados. O investimento no supercomputador está ligado à busca pela soberania tecnológica do Brasil.

Vasconcelos destacou que “o Brasil não pode se dar ao luxo de depender de dados e infraestrutura hospedados no exterior, principalmente quando se trata de informações sensíveis, como as do SUS”. Atualmente, cerca de 60% dos dados do Brasil são processados em servidores estrangeiros.

Capacitação Profissional

Além de garantir a infraestrutura necessária, o supercomputador está vinculado à capacitação de profissionais qualificados. Ramalho ressaltou que “não adianta ter a infraestrutura se o país não tiver as pessoas preparadas para operar e desenvolver soluções com ela”.

A formação de profissionais em áreas como inteligência artificial e cibersegurança será crucial para aproveitar o potencial do supercomputador.

Plano Brasileiro de Inteligência Artificial

A César School, uma das principais instituições de ensino em tecnologia de Pernambuco, é responsável pela formação desses profissionais. Ramalho enfatizou que o Brasil possui uma vantagem competitiva, que é o talento local.

O PBIA, desenvolvido pelo governo federal, abrange outros aspectos importantes, como a formação de profissionais e a aplicação de inteligência artificial para resolver problemas práticos, como a redução de filas no sistema de saúde.

Desafios e Expectativas

A expectativa é que o supercomputador brasileiro esteja em operação até 2026, mas o caminho até lá será desafiador. O mercado de tecnologia de GPUs está inflacionado, com poucas empresas dominando a produção desses componentes essenciais.

Vasconcelos alertou que o Brasil precisa garantir acesso aos melhores preços e tecnologias para não ficar atrás na corrida global. A integração das ações do PBIA exigirá colaboração entre governo, academia e indústria.

Valadares concluiu que o supercomputador é um passo significativo, mas apenas uma parte de um esforço maior para construir uma infraestrutura tecnológica robusta no país.