“Acredito que, até onde sei, [o Google Search] esteja pré-instalado o tempo todo”, é um trecho depoimento dado por Brian Higgins, que atua na Verizon (principal operadora dos EUA) por 28 anos. O depoimento foi concedido nesta segunda-feira (18) em um tribunal federal, em Washington.
para quem não tem tempo a perder:
Brian Higgins, executivo da Verizon, afirmou em depoimento que a busca do Google é preinstalada nos celulares da operadora;
o depoimento faz parte do julgamento do google, no qual o departamento de justiça dos EUA alega que a empresa violou leis antitruste para manter sua dominação na busca online;
As operadoras móveis são beneficiadas com pagamentos anuais de US$ 10 bilhões feitos pelo Google, argumenta o governo dos EUA. Eles alegam que ajudou a empresa a consolidar sua posição no mercado de smartphones e publicidade online.
Testemunhas afirmaram que o Google pressionou fabricantes de smartphones Android para tornar a Google o mecanismo de busca padrão e pré-instalar outros aplicativos em seus dispositivos;
O juiz poderá ordenar medidas corretivas como cessar práticas ilegais ou até mesmo venda de ativos, se o Google for considerado culpado.
O executivo foi questionado pelo Departamento de Justiça dos EUA a respeito da decisão da empresa de pré-instalar o navegador Chrome junto com a busca do Google em seus celulares, em meio ao julgamento antitruste que a big tech está enfrentando, de acordo com a Reuters.
Questionou-se quando o governo dos EUA estava tentando evidenciar que a Alphabet, a empresa em questão, transgrediu leis antitruste para preservar sua supremacia na procura online. Higgins compôs um grupo, de 2017 a 2023, que negociou acordos com a gigante da tecnologia para determinar o software para pré-instalar nos aparelhos da operadora.
Operadoras e Google
O governo estadunidense sustenta que os pagamentos anuais de US$ 10 bilhões (aproximadamente R$ 48 bilhões) do Google a operadoras móveis e outras empresas contribuíram para que a big tech da Califórnia alcançasse posições de destaque em smartphones e em outros setores, impulsionando assim os dados em áreas lucrativas de seu negócio, como a publicidade online.
Na primeira semana de um dos maiores julgamentos antitruste dos EUA em décadas, James Kolotouros, um executivo da Google responsável por negociar os acordos da empresa com fabricantes de dispositivos Android e operadoras, afirmou, em seu depoimento, que a Google exerceu pressão sobre os fabricantes de smartphones Android a fim de se tornar o mecanismo de busca padrão e ter outros aplicativos pré-instalados em seus dispositivos.
No Instituto de Tecnologia da Califórnia, Antonio Rangel, um palestrante de biologia comportamental, afirmou na semana passada que as pessoas têm tendência de se apegar a padrões, tais como mecanismos de busca ou aplicativos de mapeamento em computadores e celulares.
Perceberíamos, portanto, o motivo pelo qual a Google poderia estar disposta a desembolsar valores para garantir sua posição padrão, ou até exclusiva, fomentando maior utilização de sua busca. Como resultado, haveria um incremento nos lucros provenientes da publicidade ali presente.
Outra perspectiva
Em resposta, o advogado da empresa, John Schmidtlein, apresentou ao tribunal dados indicando que os usuários continuam felizes com o mecanismo de busca do Google quando pré-instalado em seus dispositivos, mas migram para outros que apreciam menos.
Uma das justificativas do Google é que sua significativa participação no mercado reflete a qualidade de seu produto, ao invés de qualquer ato ilegal para estabelecer monopólios em determinados aspectos de seu negócio.
O processo iniciou com o pronunciamento do juiz, que anunciou o início do grande julgamento. As partes envolvidas na ação se levantaram e aguardaram as instruções do magistrado. Em seguida, o promotor apresentou sua argumentação inicial, destacando os pontos-chave do caso. Os advogados de defesa também tiveram a oportunidade de expor suas ideias, contestando as acusações. As testemunhas foram chamadas a depor, cada uma sendo rigorosamente questionada pelas partes e pelo próprio juiz. Após todos os depoimentos, a acusação e a defesa apresentaram suas conclusões finais, procurando persuadir o júri. O juiz passou então as instruções para os jurados, que se recolheram para tomar sua decisão. Após algumas horas de deliberação, o júri retornou à sala e anunciou o veredicto: culpado ou inocente.
A alteração da disputa poderia transformar o futuro da web, atualmente controlada por quatro titãs que estão do Congresso dos EUA e das unidades regulatórias antitruste vem desde o governo de Donald Trump. Em sua defesa, as corporações enfatizam que seus serviços são oferecidos sem custo, semelhante ao Google, ou de valor reduzido, comparável ao Amazon.
A Google, se for constatado que violou a lei, será avaliada pelo juiz distrital dos EUA, Amit Mehta, que considerará a melhor maneira de resolver a questão. Ele tem o poder de simplesmente ordenar que as práticas ilegais da Google cessem, ou pode exigir a venda de ativos da Google.
Perdeu-se? Fique tranquilo! Um resumo da primeira semana do julgamento antitruste que o Google encara foi publicado pelo Olhar Digital.