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Caminhos de Bolsonarismo e Luiz Inácios da Silva Por Gaudênio Torquato

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A pergunta é frequente: Jair Bolsonaro, ex-presidente do país, irá presos? Se for condenado pelo Tribunal Superior Federal e detido, haveria uma agitação social? E se fosse anistiado pela Câmara Nacional, ganhando condição de elegibilidade, seria um candidato competitivo à presidência da República em 2026?

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Tentando respondê-lo às perguntas apresentadas, esse análise estabelece algumas premissas iniciais, com o caso de detenção do Capitão como uma delas em particular.

Vámos lá. O julgamento do presidente Bolsonaro durará por alguns meses, embora o líder da PL (Partido Liberal), deputado Sóstenes Cavalcante tenha conseguído apoio ao pedido de urgência para a votação no Projeto de Lei Anistia. Passando pela Câmara dos Deputados, irá seguir até o Senado Federal e voltar novamente à câmara se houver alterações nas leis; caso isso ocorra, serão necessário retornaremos ao Supremo Tribunal Federativo antes de receber a sançção do presidente. A solicitação foi endossada por 262 deputados federais dos quase cinco centenas que integram essa câmara e tornou-se um ponto central das disputas entre oposicionistas e governamentalistas, com razões diversas para cada lado.

146 deputados dos partidos integrantes da base do governo Lula assinaram o pedido representando mais de metade (56%) das assinaturas, facilitando sua trânsito no Congresso Nacional. A primeira dúvida surge: os deputados governistas votariam contra a orientação do Governo? Ministra da Casa Civil Gleisi Hoffman já está tentativa de convencer seus correligionários na base governista para retirar seu apoi em votação ao Projeto. O presidente da Câmara, Hugo Mota – que tem a prerrogativa de compor o calendário das votacões – prometeu submetê-la à decisão do colégio dos líderes. Nunca quer decidir sozinho.

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Sobre as manifestações na rua, teriam o poder para influenciar ministros do STF ou corpo parlamentar? Se existe no país um grande contingente de eleitores apoiadores da Bolsonaro administration, também há uma considerável quantidade de votantes que se opõem ao presidente e outro grupo mantém certa distância dos protagonistas. De acordo com as pesquisas: existem 30% de eletores bolonarista ou direita; 30% de eleitores lulista or esquerda, enquanto que os restantes 40%, se dividiram entre esses três blocos mudando-se frequentemente em função das circunstâncias.

Os parlamentares estão focando em duas direções: um deles está voltado ao altar de São Francisco (…é dá-se o que se recebe…) e outro nas ruares. Até meados do próximo ano, estarão na fila da janela das recompensas. Depois disso, olharão para as ruas novamente.

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Continuamos com análise. Considere Bolsonaro, através dos artifícios que apenas a política pode explicar, venha ser candidato novamente. Considere também Lula, mesmo sob o peso de 80 anos (completando em outubro de 2016), decidir enfrentar as eleições. Atualmente, cerca de seis décimos do electorado acredita que o presidente não devia concorrer à reeleição por causa da idade. Seriam competitivos? Qual será seu adversário mais conveniente para ambos?

Para Bolsonaro e seu grupo, o melhor adversário em uma nova eleição presidencial teria sido Luiz Inácio Lula da Silva (Lula), contra quem pretendiam transformar as urnas no cenário para um turno adicional ou “repeteco” das campanhas anteriores. O presidente também desejava o capitão como adversário, pois uma divisão e polarização do país em outra eleição seria mais conveniente deles. Entretanto, a possibilidade de um nova disputas presidenciais dependerá da situação dos compartimentos elétricos (geladeiras) no final das filições partidárias para setembro/outubro 2026: se estiverem cheios, Lula seria favorito; caso contrário, Bolsonaro lideraria a corrida.

Explico: O fator de maior importância na planilha da viabilidade electoral é o estado geral do setor econômico. Dessa forma, este escritório insiste em usar a equação recorrrente para analisar as possibilidades dos candidatos. Recuro à seguinte fórmula: BO + BA + CO + CA (Bolso, Barriga, Coração e Cabeça). Se o bolsa do consumidor garantir uma geladeira sempre cheia na proximidade da eleição, a barrigas satisfeitas levarão as cabeças dos votantes ao candidato que lhes proporcionou bem-estar. A recíproca é verdadeira: se o consumidor está feliz e com dinheiro suficiente para satisfazer seus desejos, ele irá optar pelo político cujas promessas parecem mais viáveis de serem cumpridas em breve.

Se Bolsonaro for impedido de concorrer à presidência, seu legado político cairá sobre o governador Tarcísio de Freitas (SP), um perfil técnico que conta com a simpatia do eleitorado paulista e é o maior grupo electoral no país, composto por 36 milhões de votantes. Suas chances em chegar ao Planalto são boas. E se Lula recusar-se da candidatura? O PT indica um nome aceitável que segue a ideologia socialista: Fernando Haddad poderia ser escolhido, mas sua viabilidade dependerá de seu desempenho no Ministério da Fazenda.

Outra questão relevante: A situação mundial terá influência no cenário eleitoral? Sim, é. O tarifasco de Donald Trump abriu uma guerra comercial acirrada. Com a menor taxa de importação para produtos vendidos nos Estados Unidos, o Brasil (junto com outros países) terá condições favoráveis em beneficiar-se da crise desses tempos do Trumpismo. Persistem mais dúvidas: saberemos se o país aproveitará a chance de expandir sua balança comercial? O Brasil precisa aumentar suas negociações com a China. Qual será reação norte-americana ao fortalecimento das relações do Brasil com a China? Haveriam retaliação dos EUA?

Tudo isso precisa influenciar na equilíbrio eleitoral. Lula continuará a atacar Trump, algo que já fez em suas palavras de campanha? O electorado parece aprovar o papel de Davi (Lulu) contra Goliat (Trump). A “Guerra do Tarifaço”, como pode ser inferido, afetara sua candidatura. O candidato à reeleição, com a capa sagrada de São Jorge, o Santo Guerreiro, tem condicionamento para vencer o Dragão da Maldade, cujo embaixador no Brasil é um ex-capitã do Exército chamado Jair Messias.

Reescrita do “You are

Gaúdenço Torquinha é um autor, jornalista, professora permanente na Universidade de São Paulo (USP) e conselheiro.

Fonte: Metrópoles

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