O ex-presidente do Uruguai, José “Pepe” Mujica, faleceu na terça-feira (13), aos 89 anos. A informação foi confirmada pelo presidente Yamandú Orsi.
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O ex-presidente estava sob cuidados paliativos após ser diagnosticado com um tumor no esôfago em 2024 e sofria de uma doença autoimune que impactava seus rins, conforme declarado por sua esposa, Marcela Demora.
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O tumor de esôfago resulta da transformação descontrolada das células que revestem o esôfago, tubo que conecta a garganta ao estômago. Um tumor benigno não é cancerígeno e não apresenta capacidade de disseminação para outras partes do corpo, ao contrário do maligno, que é cancerígeno e pode sofrer metástase, disseminação para outros órgãos.
A irritação crônica do esôfago, relacionada a fatores como tabagismo, consumo de álcool, obesidade e doença do refluxo gastroesofágico, é um dos riscos mais frequentes associados a esse tipo de tumor.
No câncer de esôfago, identificam-se dois tipos principais: os carcinomas de células escamosas, mais comuns nas porções superior e média do órgão, e o adenocarcinoma, que se origina nas glândulas secretoras de muco na parte inferior do esôfago.
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No Brasil, o câncer de esôfago é a sexta mais frequente entre os homens e a 15ª entre as mulheres, excluindo o câncer de pele não melanoma, conforme dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca).
Quais são os sinais do câncer de esôfago?
No início, o câncer de esôfago não apresenta sinais. Contudo, com a progressão da doença, podem aparecer sintomas como dificuldade ou dor ao engolir, dor retroesternal, dor torácica, sensação de obstrução na passagem do alimento, náuseas, vômitos e perda do apetite.
Em situações complexas, a disfagia pode surgir, resultando em perda de peso considerável.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico do tumor ou câncer de esôfago é realizado por meio de exames clínicos, laboratoriais ou radiológicos, podendo ser identificado tanto em indivíduos com sinais e sintomas da doença, quanto em pessoas assintomáticas (através de exames de rotina ou rastreamento, em casos de alto risco). O diagnóstico precoce, realizado nas fases iniciais do tumor, é fundamental para um bom prognóstico, sobretudo no câncer.
A doença pode ser identificada por meio de exames como endoscopia digestiva, ultrassonografia e tomografia computadorizada.
O tratamento pode envolver cirurgia, radioterapia e quimioterapia, individualmente ou em combinação. A cirurgia consiste na esofagectomia, que é a remoção total ou parcial do tumor e da margem de segurança (área adjacente com tecido normal).
Devido à sua doença autoimune que impacta os rins, o tratamento de Mujica era complexo. Em coletiva de imprensa em abril do ano passado, o ex-presidente explicou que sua condição “afetou, entre outras coisas, os rins, o que gerava óbvias dificuldades para quimioterapia e cirurgia”.
Em janeiro deste ano, Mujica anunciou que o câncer se disseminou por todo o seu organismo. “O câncer no esôfago está se espalhando para o fígado. Não consigo impedir isso com nada. Por quê? Porque sou uma pessoa idosa e tenho duas doenças crônicas. Não posso passar por tratamento químico ou cirurgia porque meu corpo não suporta”, declarou.
Dados do estudo SEER do Instituto Nacional de Câncer dos Estados Unidos (NCI) indicam que cerca de 48,1% dos pacientes com câncer de esôfago descoberto em estágio inicial alcançam cinco anos de sobrevida após o tratamento. “Aumentar as taxas de diagnóstico precoce é a principal medida para a redução da mortalidade por câncer de esôfago”, declara o presidente da SBCO.
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Fonte: CNN Brasil