Cardeal pode ter sido o primeiro papa negro da história moderna
25/04/2025 às 17h10

Com o falecimento do papa Francisco na última segunda-feira (21/4), a atenção do mundo católico se volta novamente para o conclave que elegerá o novo líder da Igreja. Entre os nomes mais discutidos nos corredores do Vaticano e nas análises especializadas, destaca-se Peter Kodwo Appiah Turkson, cardeal enigmático, que pode ser o primeiro papa negro e africano da história moderna.
Aos 76 anos, Turkson é uma figura de grande prestígio na Santa Sé. Foi nomeado cardeal por João Paulo II em 2003 e, desde então, tem exercido cargos estratégicos na Cúria Romana. Entre 2009 e 2016, presidiu o Pontifício Conselho Justiça e Paz, responsável por temas como direitos humanos, ética social e desenvolvimento. Em 2022, a convite do papa Francisco, tornou-se chanceler da Pontifícia Academia das Ciências e da Pontifícia Academia das Ciências Sociais.
Visão ampla
Nascido em 1948 em Wassaw Nsuta, no oeste do Gana, Turkson é filho de um carpinteiro católico e de uma metodista convertida. Cresceu em uma região de grande diversidade religiosa e cultural, o que influenciou sua visão de mundo e sua habilidade no diáinter-religioso – algo considerado essencial em tempos de polarização e conflitos religiosos. Possui formação em teologia e Escrituras Sagradas, tendo estudado em seminários locais, em Roma e nos Estados Unidos. Domina fluentemente inglês, francês, italiano, alemão e latim, além de línguas nativas ganesas, como o fante.
Sua trajetória integra erudição, espiritualidade e ação social. No Vaticano, Turkson sempre adotou posição sólida contra desigualdades e injustiças. É um defensor da ecologia integral, em consonância com as ideias do papa Francisco, e atuou na formulação de medidas para o acolhimento de migrantes e refugiados, tema que o colocou no centro de discussões políticas e eclesiais. Em diversas ocasiões, também criticou o racismo estrutural e a marginalização dos povos africanos no contexto global.
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Apesar de seu envolvimento com temas progressistas, Turkson mantém um posicionamento moderado em questões doutrinárias. É considerado um “homem de centro” no conselho cardenalício, sendo respeitado por conservadores e progressistas.
Sua habilidade de escuta e de mediação é considerada um diferencial em um momento em que a Igreja Católica enfrenta desafios internos significativos, incluindo a diminuição do número de fiéis em certas áreas, os casos de abuso e a crescente pressão por mudanças.
A eleição de Turkson ao papado representaria um marco histórico para a Igreja. Embora já tenham existido papas africanos nos primeiros séculos do cristianismo – como os santos Vítor I, Melquíades e Gelásio I, todos de origem norte-africana –, nunca um cardeal negro do continente subsaariano esteve tão próximo do trono de Pedro na era moderna.
A atenção se concentra nas discussões que ocorrerão no encontro, sem data definida, mas previsto para breve. Com mais de 1,3 bilhão de membros em todo o mundo, a Igreja Católica busca um líder que assegure a continuidade do processo de renovação promovido por Francisco, mantendo ao mesmo tempo sua unidade e tradição.
Na sábado (26/4), ocorrerá o funeral de Jorge Bergoglio, papa Francisco, com a celebração da missa das Exéquias às 10h, horário local (5h em Brasília). A cerimônia será realizada no átrio da Basílica de São Pedro, presidida pelo cardeal Giovanni Battista Re, decano do Colégio Cardinalício. A celebração marca o início dos nove dias de luto e orações em homenagem ao pontífice.
Fonte: Metrópoles