Cerca de 50 sul-africanos brancos, descendentes de colonos europeus, chegaram aos Estados Unidos na segunda-feira, 12, após o presidente Donald Trump ter concedido-lhes o status de refugiados, considerando-os vítimas do que ele denomina de genocídio.
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Trump prometeu não apenas a expulsão em massa de imigrantes em situação irregular, mas também restringiu quase totalmente a chegada de solicitantes de asilo. Uma exceção foi feita para os africâneres – descendentes de colonos europeus, principalmente holandeses e alemães –, embora a África do Sul insista que eles não sofrem nenhum tipo de perseguição.
Quarenta e nove sul-africanos brancos, predominantemente agricultores, que vinham de Joanesburgo, chegaram ao aeroporto internacional da Virgínia. O grupo foi recebido pelo número dois do Departamento de Estado, Christopher Landau, e por seu colega do Departamento de Segurança Doméstica (DHS), Troy Edgar.
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Trump afirmou que estão fugindo de uma situação “terrivel” na África do Sul, país onde nasceu seu assessor Elon Musk, o homem mais rico do mundo. O presidente americano acredita que estão sendo assassinados e empregou a palavra “genocídio”.
“Ampliaremos a cidadania para que essas pessoas escapem dessa violência e venham para cá. São brancos, mas, para mim, não faz diferença se são brancos ou negros”, declarou Trump.
Negação
O presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, rejeitou a alegação de perseguição contra os africâneres, afirmando ter mencionado o assunto ao telefone com Trump.
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Um refugiado é alguém que precisa deixar seu país por medo de perseguição política, religiosa ou econômica, declarou Ramaphosa. Eles não se enquadram nessa classificação.
O presidente afirmou que “somos o único país do continente onde os colonizadores vieram para ficar e nunca os expulsamos”.
O chanceler sul-africano, Ronald Lamola, também negou que os africâneres sejam vítimas de perseguição ou assassinatos.
A embaixada dos Estados Unidos em Washington divulgou hoje seus critérios para o processo de solicitação de asilo: eles devem ser capazes de demonstrar uma experiência passada de perseguição ou medo de uma perseguição futura.
O grupo de identidade africâner AfriForum registrou 49 assassinatos de agricultores em 2023 e 50 no ano anterior. O país registra uma média de 75 assassinatos por dia, dos quais a maioria das vítimas são jovens negros que vivem em áreas urbanas, segundo dados oficiais.
Além do absurdo.
Para o autor africâner Max du Preez, é “absurdo” atribuir aos brancos o status de vítimas na Ãfrica do Sul. “As pessoas que estão fugindo provavelmente foram motivadas por questões financeiras ou pela falta de vontade de viver em uma sociedade pós-apartheid onde os brancos já não têm o controle.”
Os sul-africanos brancos, que correspondem a 7,3% da população, possuem um padrão de vida mais elevado em comparação com a maioria negra do país. Os governos liderados por africâneres implementaram um sistema de segregação racial que privou a maioria negra de direitos políticos e econômicos, desde 1948, até sua queda em 1994.
A cooperação entre os Estados Unidos e a África do Sul enfrenta dificuldades devido a questões como o relacionamento com a China, a participação no bloco BRICS, e as acusações de atos genocídicos contra Israel durante a ofensiva militar na Faixa de Gaza, que o governo israelense rejeita.
Fonte: Carta Capital