Chico Buarque passou por uma cirurgia devido à hidrocefalia normobárica

O cantor Chico Buarque realizou uma cirurgia neurológica na terça-feira (3) para tratar uma hidrocefalia normobárica, condição que se manifesta pelo excesso de líquor – fluido que envolve o sistema nervoso central – acumulado no cérebro, sem causar aumento da pressão intracraniana.

04/06/2025 9h09

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(Imagem de reprodução da internet).

O cantor Chico Buarque realizou uma cirurgia neurológica na terça-feira (3) para tratar uma hidrocefalia normobárica, ou de pressão normal. A condição se manifesta com o acúmulo de líquido que reveste o sistema nervoso central no cérebro, sem causar aumento da pressão intracraniana. Contudo, a hidrocefalia pode afetar os movimentos das pernas, a cognição e a capacidade de controle urinário.O descarte do líquido foi feito através de um dreno ventrículo-peritoneal, procedimento que envolve a instalação de uma válvula para drenar o líquido em excesso no cérebro para a cavidade abdominal. Buarque foi diagnosticado precocemente durante um exame e já se recupera no quarto, “com seu habitual bom humor”, de acordo com a assessoria. A previsão é que ele tenha alta em 48 horas.O neurocirurgião Fernando Gomes, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, afirma que se trata de uma cirurgia de complexidade intermediária, que possibilita a recuperação das funções prejudicadas após a normalização da drenagem. Atualmente, empregam-se válvulas programadas, incluindo tecnologia nacional, que possibilitam o ajuste da quantidade drenada, quando necessário, mesmo após a implantação.Se a condição não for diagnosticada a tempo e tratada, as consequências podem ser graves. A pessoa pode ficar totalmente incapaz de andar, evoluir para um quadro demencial sério e apresentar incontinência urinária e fecal. É uma condição bastante complexa. A pessoa não morre diretamente por hidrocefalia de pressão normal, mas tem a vida abreviada por questões que vêm em conjunto com essa piora das condições de saúde.Gomes também coordena o grupo de Hidrodinâmica Cerebral do Hospital das Clínicas e adverte que essa condição é mais frequente em indivíduos com mais de 60 anos, o que pode prejudicar o diagnóstico da doença. Segundo ele, estima-se que 480 mil brasileiros possuam hidrocefalia de pressão normal.Muitas vezes, o diagnóstico é feito e, ao se analisar o histórico, percebe-se que o quadro clínico já existia. Inicialmente, pode haver alguma confusão devido ao processo de envelhecimento e a dificuldade para se locomover. Em algumas ocasiões, a pessoa passou por uma cirurgia de próstata e desenvolveu incontinência urinária ou outras doenças associadas, como o Alzheimer, que afeta a cognição e atrasa o diagnóstico.SintomasO neurologista do Grupo Valsa Saúde, Lucas Menezes, que também é membro titular da Academia Brasileira de Neurologia, adverte que os sinais da hidrocefalia frequentemente não são identificados no contexto do envelhecimento. Dessa forma, qualquer diminuição da capacidade cognitiva ou motora deve ser avaliada por um especialista.A principal característica da hidrocefalia com pressão normal é o chamado “andar magnético”, quando o paciente apresenta certa dificuldade para levantar os pés ao caminhar. Também são sintomas comuns a incontinência urinária e o declínio cognitivo, embora nem sempre essas três situações ocorram simultaneamente.A principal suspeita é clínica, por meio dos sintomas. Contudo, confirmamos com exames de imagem, preferencialmente a ressonância magnética do cérebro, que demonstra a região onde o líquido está presente com tamanho aumentado. Também é importante realizar um exame chamado de TAP test, em que se insere uma agulha em uma região próxima à medula para retirar uma quantidade de líquido. Posteriormente, é avaliado se houve melhora em testes cognitivos, indicando que há um acúmulo causando esse declínio.O neurocirurgião Fernando Gomes complementa que muitos casos de hidrocefalia de pressão normal são idiopáticos, sem uma origem conhecida, mas há situações secundárias, quando a hidrocefalia surge como consequência de outro problema: “O paciente teve, por exemplo, um trauma de crânio, com algum sangramento, esse sangue entra em contato com o líquido e atrapalha a drenagem. Ou também uma meningite, mesmo que seja viral, também pode atrapalhar a drenagem como sequela. Tem ainda pessoas submetidas a alguma outra neurocirurgia e, como resposta do órgão, há o acúmulo de líquido.”Após uma condição desse tipo, é ainda mais importante que os sintomas clássicos de hidrocefalia não sejam negligenciados.O procedimento cirúrgico apresenta bom prognóstico e as funções podem ser restabelecidas, contudo, essa evolução se torna ineficaz se não houver intervenção imediata, ressalta o médico.Agência Brasil

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Fonte por: Tribuna do Norte

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