China intensifica relações com América Latina em resposta aos Estados Unidos

O embaixador chinês no Brasil, Zhu Qingqiao, afirma que os latino-americanos não são “quintal de ninguém” ao defender a cooperação.

17/05/2025 0h01

3 min de leitura

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(Imagem de reprodução da internet).

A China tem intensificado seus investimentos nas relações com a América Latina e o Caribe como estratégia para expandir sua influência global e se opor à hegemonia dos Estados Unidos na região. O rapprochement foi reiterado durante a 4ª reunião do fórum do país asiático com a Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos), realizada em maio, em Pequim, com a presença dos presidentes Xi Jinping (China), Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil), Gustavo Petro (Colômbia), Gabriel Boric (Chile) e outros representantes regionais.

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O evento celebrou os dez anos do fórum estabelecido em 2014, durante a visita de Xi ao Brasil, e levou à ratificação da Declaração de Pequim e de um Plano de Ação Conjunto. O conjunto abrange ações nas áreas de infraestrutura, comércio, educação, cultura e conectividade digital.

O governo chinês também anunciou a concessão de 3.500 bolsas de estudo e 10.000 vagas de treinamento aos países que compõem a Celac, além do início, em fase experimental, da isenção de vistos para cidadãos de 5 países da região, incluindo o Brasil.

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A presença de representantes do Haiti e de Santa Lúcia na reunião em Pequim foi um ponto importante. Apesar de manterem relações diplomáticas com Taiwan, e não com a China, ambos foram bem recebidos no encontro. Outros cinco países da América Latina que também reconhecem Taiwan – como o Paraguai – não enviaram representantes.

Retorno aos EUA

O aumento das relações entre China e América Latina pode ser visto como uma reação aos Estados Unidos. Desde o início do segundo mandato de Donald Trump (Partido Republicano), os dois países mantêm uma disputa comercial, com tarifas que ultrapassam 100%.

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Conforme demonstrado pelo Poder360, os chineses expandiram sua influência na América Latina e, em diversos casos, substituíram os Estados Unidos como principal parceiro comercial da região. No Brasil, por exemplo, o comércio com os norte-americanos cresceu 215,3% de 2000 a 2024, passando de US$ 29,2 bilhões para US$ 92 bilhões. Durante o mesmo período, as trocas com a China subiram de US$ 2,8 bilhões para US$ 188,4 bilhões – um aumento de 6.522%.

Em 1981, a China situava-se na 38ª posição entre os principais parceiros comerciais do Brasil. Em 2009, atingiu o 1º lugar, posição que mantém até o presente momento.

A China expande sua influência na região.

Sob a ótica do governo de Xi Jinping, a América Latina configura-se como uma aliada estratégica em um cenário global caracterizado por conflitos entre blocos e o aumento do protecionismo.

O embaixador chinês no Brasil, Zhu Qingqiao, em artigo publicado no Poder360, declara que a iniciativa visa consolidar a independência dos países latino-americanos em relação a potências estrangeiras.

Ele argumenta que a área “não é o quintal de ninguém”, em referência a uma declaração do secretário de Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, em 13 de abril de 2025. Trump já declarou que a região “talvez” precise escolher entre os EUA e a China.

A cooperação entre os atores tem avançado principalmente através da Iniciativa Cinturão e Rota, proposta por Xi em 2013. A mencionada Nova Rota da Seda é um dos maiores programas econômicos do gigante asiático. Compreende projetos de infraestrutura e logística que conectam o país por terra e via marítima à Ásia Central, ao sul e sudeste do continente, à Europa, à África e a outros locais do mundo.

Atualmente, 149 países já compõem a iniciativa. O Brasil não faz parte da Nova Rota da Seda.

Durante a reunião ministerial, o presidente Xi também anunciou 5 novos eixos de ação entre China e América Latina: solidariedade, desenvolvimento, civilização, paz e intercâmbio entre povos. A intenção, segundo Pequim, é construir uma “comunidade de futuro compartilhado”.

Ademais das relações comerciais, a China tem procurado fortalecer os vínculos políticos com os países latino-americanos. Em 2024, por exemplo, Brasil e China assinaram o “Consenso de 6 Pontos” sobre a guerra na Ucrânia e estabeleceram o “Grupo de Amigos da Paz” na ONU (Organização das Nações Unidas), com uma declaração conjunta em favor do diáe da solução pacífica do conflito.

Fonte: Poder 360

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