Benefícios do Chocolate Amargo: Evidências e Limitações

O chocolate amargo, especialmente com 70% de cacau ou mais, tem sido associado a diversos benefícios para a saúde, incluindo a redução da pressão arterial, a prevenção de doenças cardíacas e melhorias cognitivas. No entanto, a percepção popular sobre seus efeitos é frequentemente exagerada, e as evidências científicas apresentam nuances importantes.

A principal razão para essa discrepância reside no alto teor de flavonoides presentes no cacau, compostos antioxidantes que são frequentemente apontados como responsáveis por esses benefícios. No entanto, diversos estudos científicos, incluindo ensaios clínicos randomizados, têm fornecido resultados mistos, não tão conclusivos quanto sugerido pelas campanhas publicitárias.

Estudos Relevantes e Resultados Parciais

Um exemplo notável é o estudo COSMOS, realizado nos Estados Unidos entre 2015 e 2024, que acompanhou mais de 21 mil pessoas com 60 anos ou mais e avaliou os efeitos do consumo diário de suplementos de flavonoides de cacau. Embora tenha demonstrado uma redução de 27% nas mortes por doenças cardiovasculares, não houve impacto significativo em novos casos de diabetes, doenças circulatórias graves ou declínio cognitivo.

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Outro estudo publicado no British Medical Journal (BMJ) em 2017 concluiu que o consumo regular de chocolate amargo, consumido três vezes por semana, pode reduzir o risco de doenças cardíacas em até 9%, atribuído principalmente à presença de flavonoides que melhoram a função vascular e reduzem a pressão arterial. Contudo, essa correlação não implica necessariamente causalidade.

Diabetes e Melhora Cognitiva

Pesquisas recentes sugerem que o chocolate amargo pode ajudar a prevenir o diabetes tipo 2. Um estudo de Harvard, acompanhando 192 mil pessoas por mais de 30 anos, identificou uma redução de 21% no risco de diabetes tipo 2 em indivíduos que consumiam chocolate amargo regularmente, com pelo menos cinco porções por semana, devido ao efeito dos flavonoides sobre a sensibilidade à insulina.

Além disso, o chocolate amargo tem sido associado à melhora da função cerebral. Um estudo publicado no Frontiers in Nutrition em 2020 demonstrou que o consumo de chocolate amargo 70% aumentou a memória episódica verbal em até duas horas após a ingestão, e outros estudos mostraram que o consumo regular pode aumentar o volume da massa cinzenta no cérebro, melhorando o processamento cognitivo e a memória.

Riscos e Moderação

Apesar dos benefícios potenciais, o consumo excessivo de chocolate amargo pode apresentar riscos. O alto teor calórico, juntamente com a quantidade de açúcar e gordura saturada, especialmente em versões comerciais, pode levar ao ganho de peso e aumentar o risco de doenças cardíacas. Estudos recentes revelaram a presença de metais pesados, como cádmio e chumbo, em algumas barras de chocolate amargo.

Além disso, a teobromina e a cafeína presentes no chocolate amargo podem causar efeitos estimulantes, como insônia e ansiedade. Portanto, a moderação é fundamental para desfrutar dos potenciais benefícios do chocolate amargo sem comprometer a saúde.