A moda, com suas roupas, calçados e acessórios, é o foco desta coluna. No entanto, o tema de hoje aborda outro tipo de “moda”, que viralizou na internet através do TikTok, incluindo um vídeo com mais de 120 milhões de visualizações. Trata-se de um chocolate específico, originário de Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, com recheio de pistache, o que elevou o preço da castanha verde em escala global. O intrigante é que o doce surgiu a partir do desejo de uma mulher grávida.
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Investigue o caso do chocolate em Dubai.
Da vontade à obsessão mundial
O chocolate em questão é vendido na barra chamada “Can’t Get Knafeh of It”, uma brincadeira em inglês que, em tradução livre, significa “Não consigo largar o Knafeh”. O nome knafeh se refere a uma sobremesa que leva pistache, o ingrediente que preenche o chocolate, atualmente uma paixão mundial.
A história da guloseima começou em 2021, quando a fundadora da marca, Sarah Hamouda, sentiu vontade de consumir uma sobremesa árabe tradicional. Um ano depois, essa vontade se tornou receita, com a criação de uma barra de chocolate ao leite recheada com pistache e coberta por massa folhada. Em 2022, o quitute evoluiu para a FIX Dessert Chocolatier, um empreendimento cofundado por ela e seu marido, Yezen Alani.
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Com o apoio de um vídeo viral divulgado pela influenciadora Maria Vehera no final de 2023, o produto se tornou uma grande febre, gerando diversas versões produzidas por diferentes fabricantes de doces e até restaurantes em todo o mundo, incluindo o Brasil, com preços que podem ultrapassar R$ 200. Esse aumento na demanda resultou em um crescimento expressivo no valor do recheio.
E como está o pistache?
A produção de barras de chocolate recheadas elevou a demanda por pistache, que já superava a oferta, ainda mais. Em um ano, o preço de 450 gramas de pistache subiu de US$ 7,65 para US$ 10,30, refletindo a pressão crescente sobre a oferta global. Entre setembro e março de 2025, houve um aumento de 40% nas exportações do Irã, segundo maior produtor mundial (atrás dos Estados Unidos, com forte produção na Califórnia), para os Emirados Árabes Unidos.
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Fórmula reproduzida.
No país de origem, o produto é vendido por aproximadamente R$ 115, exclusivamente através de um aplicativo de delivery, e não está disponível nas prateleiras dos supermercados. A produção é feita de forma artesanal por uma equipe de 20 pessoas e colocada à venda por um período de apenas duas horas no aplicativo de entrega. Mesmo assim, os estoques acabam se esgotando em minutos, com inúmeros pedidos em sequência.
Não se restringiu a Dubai a necessidade de restrição. No Reino Unido, por exemplo, existe uma rede de supermercados que limita a compra de duas unidades por pessoa. Já em uma rede alemã, além das quantidades limitadas, o doce fica atrás dos balcões.
Apesar do impacto econômico da castanha e do burburinho em torno do doce, que lisonjeou o casal por trás da receita, a situação preocupou os responsáveis. “As pessoas estão experimentando cópias, o que prejudica a nossa marca”, declarou Yezen Alani da BBC.
Uma das principais diferenças do doce na versão da marca do casal e nos “dupes” de outros fabricantes é a validade. O original, feito à mão e considerado uma sobremesa, estraga mais rapidamente, enquanto os outros possuem componentes que aumentam a duração e são mais “grossos” e similares às barras comuns de chocolate.
Fonte: Metrópoles