Cidadãos manifestam insatisfação com a estação rodoviária de Zema em Pedro Leopoldo: “a privatização não resolve”

Usuários alertam sobre a possibilidade de tarifas elevadas e deterioração do serviço em audiência.

05/08/2025 18h20

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(Imagem de reprodução da internet).

Pedro Leopoldo foi o foco das discussões sobre transporte público na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) na segunda-feira (29). A cidade sediou, após intensa mobilização, uma audiência pública organizada pelo governo Romeu Zema (Novo), que apresentou o projeto de concessão administrativa dos terminais e estações do sistema MOVE.

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O projeto contempla a construção de nove novos terminais rodoviários e a readequação de outros dois, com um investimento de mais de R$ 1,4 bilhão. O terminal de Pedro Leopoldo seria erguido no terreno da rodoviária existente, na Praça Rui de Carvalho, e está inserido no programa de Parcerias Público-Privadas (PPP) do Estado.

Partimos com mais dúvidas do que respostas.

O vereador Gael (PT) considera o projeto apressado e sem diálogo com a população. Ele critica a ausência de estudos que fundamentem a mudança e questiona a falta de consulta pública adequada.

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Não houve apresentação de estudo ou documento que justificasse a transformação da rodoviária em um terminal. Igualmente, não foi realizada consulta para verificar em que medida a rodoviária atende ou não às necessidades dos usuários. Isso demonstra como a proposta está sendo precipitada e mal fundamentada. Seria necessário a realização de estudo e de consulta pública consistente.

Terminais Zema: imposição de baldeações e aumento do custo geram críticas de usuários.

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O parlamentar afirmou que o governo ainda não esclareceu a situação dos comerciantes que atuam na rodoviária há anos.

Inicialmente, o risco [de perda do sustento] é uma preocupação. Dado que a proposta não deixa claro como o novo terminal funcionará, se o aluguel das lojas aumentará, se as regras serão alteradas, visto que atualmente a gestão é da prefeitura. Além disso, como ocorrerá essa transferência para o governo do Estado? Ademais, esses trabalhadores sequer foram devidamente ouvidos.

Gael também criticou a ausência de resposta do governo em relação às questões levantadas. “Enviamos um ofício com diversos questionamentos e, até o momento, não obtivemos retorno”.

Privatização não é solução, afirma morador.

No curso da audiência, o morador Igor Martins apresentou críticas veementes. Ele indagou sobre a intenção do governo em edificar terminais em Pedro Leopoldo e Lagoa Santa, e propôs que Confins seria mais apropriado.

Questiona-se por que não construir o terminal lá, que tem potencial para agregar mais e atender melhor a população de ambos os municípios.

Martins também denunciou o aumento das tarifas e indagou se a linha 5297, que conecta Pedro Leopoldo ao centro de Belo Horizonte, será desativada.

Com a linha troncal, que se estenderá diretamente até o centro de BH, a linha 5297 deixará de operar? Isso aumentará o tempo das viagens? Em 2014, o valor da passagem para BH era de R$ 4,75 e atualmente é R$ 14,10, além de demorar mais para chegar ao centro da capital, ressaltou o usuário que não obteve respostas durante a audiência.

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Ele também criticou a argumentação das empresas de transporte de que os gastos com manutenção justificam tarifas mais elevadas. “A justificativa é que a manutenção dos ônibus tem um custo elevado e, por isso, é repassado aos usuários”.

Martins também relacionou a proposta de privatização do metrô da capital.

Privatizar é a solução ou deveria o poder público se responsabilizar? O governo foca em transferir o serviço público para empresas que operam e, se a empresa necessitar aumentar sua margem de lucro, solicitará ao governo, que fornecerá. Esse dinheiro provém do bolso do cidadão. Fui funcionário do metrô antes da privatização e posso afirmar que o serviço piorou significativamente após isso.

O usuário vai pagar o preço?

Gael também destacou inconsistências no modelo “multimodal” apresentado. A representante do governo Zema, Joana Brasil, argumentou que o indivíduo poderia utilizar o transporte por aplicativo, motocicleta ou carona e, em seguida, integrar-se ao transporte coletivo.

A experiência da cidade de Pedro Leopoldo com o Terminal Vilarinho é um exemplo de que esse modelo multimodal não necessariamente melhora o serviço. Muitas vezes o que acontece é um isolamento das regiões metropolitanas, viagens mais demoradas do que antes, em que o trajeto era direto. Sabemos que muitas vezes a intenção é desafogar o trânsito na capital. Mas a que custo? O usuário do transporte público é quem deve pagar o preço?

Prefeitura determina obrigatoriedade de cláusulas específicas.

A prefeitura declarou, em comunicado, que a participação no projeto estará sujeita a cláusulas que considerem as características locais. A administração ressaltou que o terminal incluirá bicicletários, espaços comerciais, internet sem fio gratuita, sanitários acessíveis e um sistema de câmeras vinculado a uma central de monitoramento.

Gael, por sua vez, ressaltou que a ênfase deveria ser em outra coisa.

É imprescindível investir na rodoviária. Um ponto crucial para aprimorar a mobilidade urbana é diminuir o custo das passagens e expandir o número de linhas e horários. O ofício foi encaminhado com todas as questões e, após recebermos uma resposta, divulgaremos as informações, declarou o vereador.

Governo assegura que relatório será apresentado, porém o prazo permanece sem definição.

A administração estadual comunicou que todas as questões levantadas na audiência pública serão respondidas em relatório a ser divulgado no sítio eletrônico da Unidade PPP de Minas Gerais, após o encerramento do período de consulta pública, porém não foi estabelecida uma data para sua publicação.

Para Gael, o fundamental é assegurar tarifas justas e a expansão do serviço. “Precisamos de investimentos, sim. Mas o foco deve ser a redução das passagens e mais linhas e horários. Sem isso, a mobilidade não melhora”, concluiu.

Fonte por: Brasil de Fato

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