Indústria Brasileira Afetada pela Política Monetária
A indústria brasileira é o setor mais impactado pela política monetária contracionista implementada pelo Banco Central em 2025, conforme o Informe Conjuntural do 3º trimestre da Confederação Nacional da Indústria (CNI). A taxa básica de juros, fixada em 15% ao ano, tem encarecido o crédito, limitado investimentos e causado queda na produção de setores sensíveis ao financiamento, como a indústria de transformação e a construção civil.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Segundo o relatório, o PIB da indústria de transformação deve crescer apenas 0,7% neste ano, representando menos da metade da previsão anterior. A construção civil também enfrenta dificuldades e deve avançar 1,9%, abaixo da projeção de 2,2%, devido à diminuição nas vendas de materiais, à menor produção de insumos e à queda da confiança empresarial.
No documento, a CNI ressalta que, sem o desempenho positivo da indústria extrativa, o resultado do setor industrial seria negativo.
LEIA TAMBÉM!
Preços do novo vale-gás vão de R$ 122,12 a R$ 89,67; confira valores por estado e detalhes do voucher
STF inicia julgamento sobre prorrogação da desoneração da folha de pagamento em meio a rombo fiscal de R$ 45 bilhões
Crise do metanol: setor de bares se recupera e clientes voltam a confiar, afirma Edson Pinto
Crescimento Desigual no PIB
Apesar do cenário desafiador, a CNI manteve a previsão de crescimento de 2,3% para o PIB de 2025, o menor aumento em cinco anos. No entanto, esse crescimento deve ocorrer de maneira desequilibrada: a participação da indústria diminui, enquanto os setores de serviços, agropecuária e indústria extrativa aumentam sua relevância.
A indústria extrativa, menos afetada pela política monetária, é uma exceção e deve registrar um crescimento de 6,2% devido ao aumento na produção de petróleo. A agropecuária deve crescer 8,3%, impulsionada por uma safra recorde, enquanto o setor de serviços deve avançar 2,0%, sustentado por um mercado de trabalho aquecido.
Impacto dos Juros Altos no Crédito
A manutenção da Selic em 15% ao ano — o maior nível desde 2006 — e o aumento das taxas de juros cobradas pelos bancos têm desacelerado a concessão de crédito. As taxas médias atingiram 21,7% ao ano para empresas e 36,4% para consumidores.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Antes do aumento da taxa básica, o crédito era um suporte para o consumo e o investimento produtivo. Atualmente, com juros reais estimados em 10,3% ao ano, a política monetária impacta diretamente a desaceleração da economia.
A CNI projeta que o crescimento real das concessões de crédito será de 5,5% em 2025, quase metade do ritmo observado em 2024, que foi de 10,7%. Essa diminuição, conforme o relatório, reflete o encarecimento do crédito, o aumento da inadimplência e a redução do apetite das empresas para investir.