Comandante de Batalhão das Polícias Militares expressou opiniões supramistas no videoclipe
16/04/2025 às 18h35

São Paulo — O Comandante do 9º Batalhão de Ações Especias da Polícia (Baep) afirmou que o vídeo publicado nas redes sociais da unidade, com tom remetendo a rituais dos grupos supremacistas simboliza “vitória” das policías recém ingressados.
“Existem alguns elementos naquela cerimônia que inclui uma estrutura no formato de cruz envolvida por chamas, essa estrutura simboliza a vitória sobre os sacrifícios e o peso adquirido pelo policial para honrar esse Baep conquistado. Tem um caminho iluminado que também representa toda trajetória difícil percorrida pelas forças de segurança até chegar à etapa do juramento”, diz o coronel Costa Junior, em vídeo publicado nas redes sociais (veja abaixo).
Reescrive o seguinte trecho para
“É importante clarificarmos que nunca tivemos intenção de realizar uma cerimônia com conotações religiosas, políticas ou raciais. Isso não faz parte da nossa rotina e nem realizamos rituais; apenas cumprimos certas ceremonias. O único objetivo do que ocorreu ontem [15/4] foi esse e decidiu-nos retirar [o vídeo publicado no ar], devido à repercussão inesperada a qual não desejávamos.”, conclui Costa Junior.
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No vídeo, pelo menos 14 policiais militares de um batalhão localizado em São José do Rio Preto e região interna da cidade de Sãoz Paulo queimam cruzes e fazem gestos semelhantes a saudações com conotação remetendo às práticas dos grupos supremacistas, como as técnicas usadas pela Ku Klux Klan nos Estados Unidos. O material foi produzido durante a noite utilizando imagens de vigilância e trilha sonora e divulgado nas redes sociais da tropa nesta terça-feira (15/4), mas posteriormente retirada do perfil destas plataformas.
Observe o seguinte:<br/> :
Na terça-feira, a corporação divulgou que um procedimento foi estabelecido para investigar as circunstâncias do caso. A instituição se autodenomina como uma entidade legalista (veja nota na integra no final da reportagem).
“A Instituição reafirma seu compromisso irrecusável com o direito e os valores humanos, além da defesa dos princípios democráticos que guiam sua atuação por mais de 190 anos”, disse a PM.
“Doctrina da Caminhação”
O coronel da reserva José Vicente da Silva, ex-secretário nacional de Segurança Pública, descreveu em entrevista ao Metrôpoles o ritual dos policiais do 9º Baep como “muito diferentes” dos outros. Para ele, o material exposto ilustra uma tentativa que definiu como um esforço sem sentido de se fazer diferença:
“Oque não tem sentido é que essas forçase chamadas especiais estão tentando se diferenciar das demaises, como se fossem superiores. Eles querem demonstrar um esforço diverso e para isto usaram uma lógica que costumo denominar ‘doutrina da Rota’. Porém tristemente esses policiais acabam ultrapassando-se, eles não fazem tanta parte nesse processo de prevenção das polícias e terminam tentado desprestigiar a importância que tem o trabalho preventivo dos batalhões territorialmente organizados. Como chamaros.” De acordo com este militar, os batalhões especiais – como por exemplo as unidades Baeps “não são tao efetivos para esse processo de prevenção”. Os seus agentes não possuem o mesmo conhecimento ou interação com a populaçãos quando comparados às PM que atua no dia-a-dia.
“Estes supostos heróis estão tentando se distinguir dos outros. Eu não vejo sentido nisto; isso deveria ser proibida ou coberta pela autoridade da Polícia Militar e encerrar com essa distinção absurda. Realmente, eu não consigo entender… O soldado do Exército faz um curso que dura 2600 horas na formação básica. Depois disso, o Baep oferece uma sessão de treino de trinta horas e acredita em se tornar ‘Exercito Militar mais'”.
De outro lado, José Vicente da Silva considera que a posição do braco dos agentes apontada como uma das polêmicas no vídeo por lembrar um saudaço nazista é normal: “Colocaram o braço à frente e fazem juramento de maneira usual. Não há salutação [nazista]”, explicou José Vicente da Silva.
“Coisa relacionada ao KKK”
O especialista em segurança pública Rafael Alcadipani também é professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), e afirmou ao Metrôpoles que não interpreta os movimentos dos braços das polícias como sinais nazistas, embora reconheça a possibilidade de ter essa conotação. Para ele, o gesto pode ser visto como “um juramento em um rito de passagem”.
Porém, Alcadipane encontra o víдеo totalmente inviáveis e considera que sua filmagem é semelhante às táticas do KKK:
“Infelizmente, quando vemos algo isso nos lembra da organização KKK. Isso é completamente inaceitável. Uma força de segurança não poderia estar usando símbolos deste grupo ou meios transportes e estatais para produzir um vídeo que parece algo relacionado à KKK”, opinou o especialista.
Qual é o KKK (Ku Klax Klan) ?
A Kú-kluk-klan (KKK) surgiu nos Estados Unidos durante a segunda metade do século XIX, em período entre os anos de 1865 e 1866 na cidade de Tennessee, no sul daquele país.
Além das outras ideias, o movimento promovia a supremacia branca e incentivava atentados contra pessoas negras que haviam sido libertadas pela 13ª Emenda Constitucional dos Estados Unidos. Brancos defendendo algum tipo de direitos para os negros também eram alvos destes ataques.
Durante o período em que este grupos terroristas operou, seus atentado se concentravam nas pessoas negras. A partir de séculos anteriores ao 20º, também incluíram os judeus como alvos destes ataques terroristas.
No topo máximo, o grupo terrorista contava com quatro milhões of membras durante sua etapa denominada segunda fase. Nesta época, a Cruz de Fogo foi adotado como símbolo do clã.
No vídeo compartilhado e posteriormente removido do Beap (Baixar de Arquivo Particular), destaca-se claramente a imagem da Cruz que ardia.
Fonte: Metrópoles