Comissão das Apostas Esportivas recebe depoimentos de influenciadores digitais e a relatora propõe continuidade das investigações

Com número insuficiente de parlamentares, forte oposição política e testemunhas protegidas por medidas liminares, a senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) acredita no interesse público para estender os trabalhos.

18/05/2025 13h47

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(Imagem de reprodução da internet).

A CPI das Bets no Senado, instaurada no final do ano passado, concentrou maior atenção na última semana devido aos depoimentos dos influenciadores Virginia Fonseca e Rico Melquedes, ainda assim, deverá ter dificuldades para aprovar requerimentos e ouvir figuras-chave do universo das apostas online.

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Dentro de aberto, membros do colegiado indicam um movimento de senadores para desestimular os trabalhos, com manobras nos bastidores para evitar depoimentos e obstruir as sessões de votação, e criticam decisões do Supremo Tribunal Federal que autoriza aos depoentes não prestarem esclarecimentos à CPI.

Faltam cerca de um mês para o seu término, e a ausência de quórum nas reuniões é apontada como um indicativo do boicote por parte dos parlamentares. O colegiado é composto por 18 senadores, entre titulares e suplantes, mas na maioria dos encontros, apenas três ou quatro comparecem.

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O tempo limitado também é um obstáculo. A relatora, Soraya Thronicke (Podemos-MS), defende prorrogar os trabalhos por 130 dias, mas o pedido não encontra apoio. Em final de abril, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), ampliou o prazo da investigação em 45 dias e o relatório final precisa ser entregue no dia 14 de junho.

Na entrevista à CartaCapital, a senadora gaúchesa declarou apostar no forte avanço da última semana para viabilizar um acordo que possibilite o adiamento do encerramento da investigação. “A intenção é entregar um trabalho digno. O pedido de prorrogação é apoiado por 29 senadores. Não é possível negar a vontade de mais de um terço da Casa”, avaliou. Se não obtiver sucesso, Thronicke cogita acionar o STF para prorrogar os trabalhos.

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Apesar de defender a necessidade de maior tempo para a CPI, Thronicke declara que está envolvido na elaboração do parecer final. Espera-se que o documento responsabilize os influenciadores com base em infrações no Código de Defesa do Consumidor e apresente propostas legislativas para combater o vício em apostas.

Com o processo em conclusão, a atenção atual é escutar proprietários de casas de apostas e indivíduos investigados pela Polícia em razão da promoção de plataformas ilegais, como as advogadas Deolane Bezerra e Adélia Soares. Ambas contam com medidas liminares que as isentam de comparecer à comissão, porém a liderança da CPI tem recorrido para anular as decisões.

Deolane foi presa em duas ocasiões em 2024, no curso da investigação que apura uma suposta organização criminosa envolvida em jogos ilegais e lavagem de dinheiro. Adélia está sob investigação por suspeitas de auxiliar estrangeiros a operar apostas ilegais no Brasil. A Justiça Federal autorizou sua prisão temporária, porém a ordem foi revogada pelo ministro Dias Toffoli.

A relatora Ednaldo Rodrigues, ex-presidente da CBF afastado pela Justiça do Rio de Janeiro na última quinta-feira, não teve seu pedido de convite ou convocação aprovado pelo colegiado, sendo a possibilidade de seu depoimento remotamente considerada.

Rico e Virgínia, que foram ouvidas como testemunhas na última semana, também solicitaram ao Supremo que não comparecessem, mas receberam na Corte apenas o direito de permanecerem em silêncio para não se autoincriminar.

Virginia, que possui 80 milhões de seguidores nas redes sociais, recebeu uma comissão com um moletom com o rosto de uma das filhas e um copo com o nome de sua marca de cosméticos. Em seguida à sessão, publicou stories comentando o caso e anunciou uma promoção em seus produtos.

Para um membro da comissão, ouvido sob reserva, o comportamento da influenciadora foi inadequado. “Estávamos lá para questioná-la, não para julgar suas roupas. Ela tentou projetar uma imagem que não convenceu. Inclusive, as redes sociais estão repletas de críticas a essa estratégia, com comparações a um episódio envolvendo Suzane von Richthofen em entrevistas.”

O testemunho foi alvo de críticas nas redes sociais, porém isso não afetou os senadores, que viram a CPI das Bets ganhar maior visibilidade. A audiência elevou o recorde de audiência da TV Senado no ano, com 135 mil telespectadores simultâneos nas plataformas digitais, e a busca pela comissão no Google teve aumento de 5.000% em relação ao dia anterior.

Rico, que foi ouvido na quarta-feira, manifestou insatisfação com a maneira como os senadores o abordaram, destacando uma disparidade em relação ao tratamento recebido por Virgínia.

Conforme apurado pela CartaCapital, o influenciador admitiu práticas ilegais relacionadas à divulgação de casas de apostas e se comprometeu a pagar 1 milhão de reais em multa para finalizar uma investigação conduzida pela Justiça de Alagoas. Os valores serão restituídos ao estado em parcelas: 600 mil de uma só vez e 400 mil em oito pagamentos.

Com mais de 10 milhões de seguidores, Rico é patrocinado pela ZeroUm Bet, casa de apostas que opera no Brasil graças a uma liminar. A empresa foi criada em julho do ano passado por Deolane para explorar o mercado de apostas online no país, mas depois passou a ser comandada por um empresário piauiense.

Em total, além de Virginia e Rico, 18 influenciadores foram intimados ou convidados a prestar depoimento. O presidente da comissão, senador Dr. Hiran (PP-RR), determinará o cronograma das atividades.

Solicita-se a participação dos influenciadores Jojo Todynho, Gkay, Viih Tube e Eliezer do Carmo, bem como dos cantores Gusttavo Lima, Wesley Safadão e do humorista Tirulipa.

Fonte: Carta Capital

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