Consumo de alimentos com alto teor de potássio pode auxiliar na diminuição da pressão alta, segundo um estudo

Estudo aponta que o aumento do consumo de potássio apresenta maior eficácia no controle da pressão arterial em comparação com a redução do sódio.

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(Imagem de reprodução da internet).

A hipertensão é uma condição que afeta a saúde de aproximadamente um terço da população mundial. Conhecida como “assassina silenciosa”, ela representa o principal fator de risco para doenças cardiovasculares, como a doença coronariana e o acidente vascular cerebral, além de contribuir para outras patologias, como insuficiência renal crônica, insuficiência cardíaca, arritmia e demência.

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Uma pesquisa da Universidade de Waterloo, no Canadá, indica que o aumento do consumo de potássio na dieta pode ser uma estratégia mais eficaz para controlar a pressão arterial, além de diminuir o consumo de sódio.

Esses dois minerais exercem ações contrárias no corpo: o sódio promove a retenção de líquidos e o aumento da pressão, ao passo que o potássio auxilia na eliminação do excesso de sódio pelos rins e na relaxação dos vasos sanguíneos.

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Os mecanismos envolvidos nesse processo compreendem interações complexas entre a função renal, o volume de fluidos, hormônios reguladores de fluidos, a vasculatura, a função cardíaca e o sistema nervoso autônomo.

A nutricionista clínica Carol Vieira, pós-graduada pela USP, explica que uma dieta rica em sódio e pobre em potássio provoca vasoconstrição e aumento do volume sanguíneo, elevando a pressão arterial. Já uma dieta rica em potássio e pobre em sódio promove a vasodilatação e diminui o volume sanguíneo, reduzindo-o.

A coautora Anita Layton, professora da Waterloo, afirma que “a pesquisa sugere que adicionar mais alimentos ricos em potássio à sua dieta, como bananas ou brócolis, pode ter um impacto positivo maior na sua pressão arterial do que apenas cortar o sódio”.

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Qual o papel do potássio na regulação da pressão arterial?

No corpo humano, o potássio e o sódio são íons, resultantes da perda de elétrons e da consequente carga elétrica positiva, devido à sua natureza reativa e perigosidade em estado puro.

Através da ingestão de compostos como o cloreto de sódio (sal de cozinha) ou alimentos ricos em potássio, como bananas e vegetais folhosos, esses minerais atuam como eletrólitos, participando da condução de impulsos nervosos, da contração muscular e da regulação do equilíbrio hídrico.

A interação entre o sódio e o potássio no organismo é vista como conflitante, pois o primeiro se acumula no fluido extracelular, enquanto o segundo se concentra no fluido intracelular. O sódio retém água no corpo, e o potássio promove a eliminação do sódio pelos rins.

Observa-se, no presente momento, um desequilíbrio na relação sódio/potássio, resultante das características da dieta ocidental, marcada pelo elevado consumo de sódio encontrado em alimentos processados, fast foods e conservantes.

A estudante de doutorado e primeira autora d “Os primeiros humanos consumiam grande quantidade de frutas e vegetais, e, os sistemas regulatórios do nosso organismo podem ter evoluído para otimizar o funcionamento com uma dieta rica em potássio e com baixo teor de sódio”.

A nutricionista Carol ressalta que o abacate apresenta maior concentração de potássio em relação à banana. Além dessas frutas, laranja, coco, damasco, ameixa seca, maracujá, melão e kiwi também são fontes significativas desse mineral. Isso se aplica, ainda, às folhas verdes escuras, leguminosas e oleaginosas.

Aplicações para o novo modelo de sistemas fisiológicos.

Devido a estudos epidemiológicos que indicam que populações com dietas ricas em potássio e pobres em sódio apresentam menores taxas de hipertensão, os autores construíram um modelo matemático para determinar como a relação entre esses dois eletrólitos influencia o organismo.

Aumentar o consumo de potássio pode trazer benefícios importantes no controle da pressão arterial, mesmo com a presença de sódio na alimentação. Essa estratégia, considerada mais prática e eficaz para a saúde cardiovascular, propõe o aumento da ingestão de potássio.

O modelo também identificou diferenças significativas entre os sexos na relação potássio/pressão arterial: homens apresentam hipertensão com maior facilidade do que mulheres na pré-menopausa, porém demonstram uma melhor resposta ao aumento da proporção de potássio em comparação com o sódio.

O estudo indica que essas diferenças entre os sexos provavelmente se devem às variações nos níveis hormonais e na função renal, sendo que, antes da menopausa, as mulheres apresentam maior eficácia na excreção de sódio.

Na realidade, os autores sustentam que este mineral recebe pouca atenção nas diversas estratégias para controlar a hipertensão. Assim, acreditam que uma maior conscientização sobre o tema poderia motivar os hipertensos a incluir mais alimentos ricos em potássio em suas dietas.

Carol Vieira alerta que “é preciso, sim, mudar o estilo de vida, porque nada vai adiantar se fizer uma dieta restritiva e pobre em frutas, e não variar o consumo de vitaminas e minerais”, explica à CNN.

O modelo matemático utilizado forneceu informações importantes sobre a relação entre alterações na dieta e as respostas biológicas associadas. Espera-se que profissionais de saúde utilizem esses resultados para desenvolver recomendações nutricionais mais adequadas e eficientes.

Apenas 30% dos pacientes com hipertensão seguem corretamente o tratamento prescrito.

Fonte: CNN Brasil

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