Consumo elevado de fibras pode ser benéfico no combate ao câncer de pele; compreenda
Estudos indicam que a nutrição pode aumentar a eficácia da imunoterapia, diminuindo os efeitos adversos em pacientes com câncer de pele.

Um estudo clínico inédito apresenta uma revelação promissora para pacientes com melanoma, um dos tipos mais agressivos de câncer de pele: a adoção de uma dieta rica em fibras, com consumo de até 50 gramas por dia, pode potencializar os efeitos da imunoterapia no tratamento da doença.
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A pesquisa – apresentada na última edição do congresso da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (Asco), que reuniu pesquisadores de todo o mundo em Chicago, nos Estados Unidos – indica que a medida pode diminuir o tamanho dos tumores, aumentar o tempo de sobrevida dos pacientes e amenizar os efeitos colaterais do tratamento.
O estudo acompanhou voluntários durante dez semanas com imunoterapia (inibidores de checkpoint imunológico), que estimula células imunes para combater o câncer. Os participantes foram divididos em dois grupos, com 28 pacientes seguindo uma dieta com aumento progressivo de fibras (de 30 g a 50 g/dia) e outros 15 mantendo uma ingestão de 20g/dia. Todas as refeições foram fornecidas pelos pesquisadores.
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Para assegurar a adesão à dieta dos voluntários, priorizou-se refeições com ingredientes ricos em fibras típicos da culinária do Texas, nos Estados Unidos. Entre os alimentos oferecidos estavam frango teriyaki com brócolis, muffin inglês, burrito de frango com feijão, brownie de feijão preto, laranja e uva.
Quando a imunoterapia foi aplicada antes da cirurgia ou em tumores não removíveis cirurgicamente, os resultados foram notáveis: 77% dos pacientes que adotaram uma dieta rica em fibras apresentaram redução tumoral, em comparação com 29% do grupo controle. Adicionalmente, esses pacientes demonstraram maior sobrevida livre de progressão e menor reincidência da doença ao longo do tempo.
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Os efeitos adversos também foram mais brandos nos indivíduos que apresentaram maior consumo de fibras: 71,4% relataram ter ocorrido algum efeito colateral, em contraste com 93,3% no grupo controle. Casos mais graves foram detectados em apenas 28,6% dos pacientes da dieta rica em fibras, em comparação com 40% entre os demais. “Embora seja um estudo pequeno e randomizado de fase 2, suas observações são bem promissoras”, avalia o oncologista Gustavo Schvartsman, do Einstein Hospital Israelita.
Imunoterapia e nutrição.
O tratamento do melanoma com cirurgia e quimioterapia apresentava resultados insuficientes a longo prazo. A imunoterapia, que incentiva o sistema imunológico do paciente a atacar o tumor, representou um progresso. Atualmente, o desafio reside em otimizar essa resposta – e é aí que a nutrição pode desempenhar um papel.
Apesar dos especialistas ainda não conseguirem determinar os mecanismos exatos envolvidos nessa correlação, experimentos anteriores já haviam demonstrado que uma microbiota diversa pode influenciar no bom funcionamento do sistema imune, explica Schvartsman. O consumo de fibras aumenta as bactérias presentes no intestino e estimula seu processo de fermentação natural, diversificando os compostos presentes nesses órgãos.
Além de promover a saúde intestinal, essa fermentação produz ácidos graxos que auxiliam na redução de inflamações, fortalecendo o sistema imunológico na batalha contra as células cancerígenas. “Considerando que se trata de um estudo de fase 2, ele ainda não é conclusivo. No entanto, posso afirmar que foi uma demonstração elegante da relação entre a microbiota e o sistema imunológico e, por isso, já pode ser utilizada como recomendação nas consultas médicas”, declara o oncologista do Einstein.
A radiação ultravioleta é responsável por 83% dos casos de melanoma em nível global.
Fonte por: CNN Brasil