COP30: 5 mil investidores buscam desbloquear financiamento climático no Brasil
Líder da organização Principles for Responsible Investment revela à EXAME a estratégia para impulsionar os investimentos sustentáveis no Brasil.

Conexão entre Meio Ambiente e Finanças
Há quase 20 anos, com a criação do Principles for Responsible Investment, a relação entre meio ambiente e finanças era pouco explorada. Naquela época, era incomum imaginar uma organização com 5 mil investidores comprometidos com a proteção das florestas e recursos naturais. Segundo Marcelo Seraphim, líder do PRI no Brasil, esses temas eram considerados opostos. “O que hoje é chamado de ESG era visto com certo ranço pelo sistema financeiro global”, afirma.
Apesar disso, um grupo de investidores do setor privado, com apoio da ONU, fundou a organização sem fins lucrativos em >
2006. O objetivo era desenvolver guias, oferecer plataformas de relatórios e realizar eventos que apoiassem investidores em sua jornada rumo a investimentos sustentáveis. “A ideia é ajudar a deslocar o capital de atividades com externalidades negativas para aquelas que são neutras ou positivas”, explica Seraphim, que lidera a iniciativa no Brasil desde 2018.
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Entendimento dos Riscos Ambientais
Com o passar do tempo, o entendimento sobre os riscos ambientais e seus impactos financeiros cresceu entre os investidores. Seraphim destaca que a base do trabalho é o ganha-ganha entre planeta, sociedade e investidores, que conseguem identificar riscos de forma mais eficiente. “Temos exemplos de empresas que sofreram impactos negativos após eventos prejudiciais à sua imagem”, comenta.
Em entrevista, o líder do PRI compartilhou os próximos passos da organização globalmente e as expectativas para as metas de financiamento da COP30, que ocorrerá em Belém no próximo mês.
Aceleração do Financiamento Climático
De acordo com Seraphim, a principal forma de acelerar os investimentos sustentáveis e o financiamento climático é garantir um ambiente regulatório atrativo. Ele observa que investidores de perfis variados buscam canalizar recursos para projetos que gerem externalidades positivas, especialmente da Europa e Ásia, mas a instabilidade financeira no Brasil dificulta esse processo.
Os primeiros passos para reduzir a incerteza incluem o desenvolvimento de instrumentos financeiros que ajudem a mitigar riscos para investidores com perfil mais comercial. “Já temos algumas soluções, como blended finance e recursos de bancos de desenvolvimento. Não conseguiremos destravar tudo de uma vez, mas toda forma de atrair capital é bem-vinda”, afirma.
PRI in Person e Sustentabilidade
O financiamento sustentável será um dos temas centrais do PRI in Person, evento que ocorrerá de 4 a 6 de novembro em São Paulo, antes da COP30. O evento visa promover discussões sobre como desbloquear o ambiente de negócios sustentáveis e atrair mais investimentos. As discussões começarão com proprietários de ativos e investidores institucionais sobre como integrar os riscos do ESG aos seus ativos.
Além disso, haverá debates sobre regulamentações e políticas públicas. “Lançaremos um roteiro com recomendações para melhorar o ambiente regulatório e a atratividade do mercado brasileiro para investimentos sustentáveis”, explica Seraphim.
Investimentos e a COP30
A realização da COP30 no Brasil é vista como uma oportunidade para atrair mais investimentos para o desenvolvimento sustentável. O objetivo é que o capital, atualmente concentrado em mercados desenvolvidos, migre para o Brasil, onde as oportunidades são abundantes. “Precisamos demonstrar que temos um portfólio de instrumentos para reduzir o risco cambial e mostrar que o Brasil possui uma estratégia interessante para a bioeconomia”, afirma.
Seraphim ressalta que a COP30 pode desbloquear novas oportunidades de financiamento, como a produção agrícola sustentável e a recuperação de pastagens. Contudo, a aceleração desses temas depende da implementação de um mercado regulado de carbono. “Sem um mercado regulado, não conseguimos quantificar o valor da redução de CO2 para os negócios, o que limita os incentivos para investir”, explica.
Maturidade do Investidor Brasileiro
A alta taxa de juros pode representar uma oportunidade para investidores, mas no contexto do ESG, onde as ações têm um horizonte de médio e longo prazo, a métrica se torna ainda mais atrativa. Seraphim acredita que é urgente que os investidores brasileiros se familiarizem com a sustentabilidade. Ele compara a situação ao futebol: quem se movimenta, recebe, e quem antecipa, tem melhores resultados.
Apesar do cenário econômico instável, Marcelo observa que os investidores estão mais maduros em comparação a anos anteriores. “Hoje, as políticas de investimento já incluem diretrizes claras sobre como lidar com mudanças climáticas e questões sociais”, afirma, destacando a vantagem do investidor brasileiro por estar próximo dos biomas.
Integração do ESG nas Finanças
As regras da CVM, B3 e IFRS para conectar o ESG às finanças e relatórios corporativos são parte dessa estratégia, ajudando a integrar esses temas e a vê-los como complementares. O uso de padrões entre os relatos de diferentes empresas também facilita a tomada de decisão dos investidores.
Com quase 20 anos de atuação, o PRI está implementando trilhas que acompanham a jornada do investidor no ESG, atuando desde pequenos family offices até grandes instituições como a BlackRock. O objetivo é trabalhar de forma personalizada para que investidores de países emergentes possam evoluir como os de países desenvolvidos.
Aumentar o número de investidores conscientes é uma das premissas do PRI. “Faremos um grande esforço para expandir nossa rede. Quanto mais signatários, especialmente entre proprietários de ativos, mais recursos serão alocados, gerando um impacto positivo na sociedade”, conclui Seraphim.
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Redação ZéNewsAi
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