Corinthians: polícia investiga relação entre dirigentes e facções criminosas
Quebra de sigilo bancário evidenciou ligação com membros do Primeiro Comando da Capital.

A investigação do caso envolvendo VaideBet e Corinthians identificou a rota dos recursos do contrato e uma ligação entre dirigentes do clube e o crime organizado.
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A Delegacia de Repressão ao Lavagem de Dinheiro identificou contas com movimentação de R$ 1,4 milhão, referentes a comissões pagas por patrocínios.
O dinheiro foi depositado em uma conta indicada pelo empresário Antonio Vinicius Lopes Gritzbach, delator do Primeiro Comando da Capital, falecido em 8 de novembro de 2024, no Aeroporto Internacional de Guarulhos.
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A expectativa é que o inquérito que apura o caso instaurado pela Polícia Civil se encerre em maio.
Trajeto
A investigação também aponta que esse dinheiro desviado foi transferido para a conta da Rede Social Media Design, empresa de Alex Cassundé. O valor teria sido desviado em duas remessas de R$ 700 mil, em março de 2024. As informações foram divulgadas inicialmente pelo SBT e confirmadas pela CNN.
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Após isso, a Cassundé efetuou duas revisões para a Neoway Soluções Integradas, empresa com a sócia Edna Oliveira dos Santos, residente em Peruíbe, litoral de São Paulo, que declarou, em entrevista ao Uol, não ter conhecimento do ocorrido. Os valores envolvidos foram de R$ 580 mil e R$ 462 mil.
Em março do ano passado, a Neoway transferiu aproximadamente R$ 1 milhão para a Wave Intermediações Tecnológicas, que realizou mais três transferências para a UJ Football Talent Intermediações, no valor de cerca de R$ 870 mil. A UJ foi mencionada por Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, em delação feita com promotores de Justiça.
Gritzbach declarou que Danilo Lima, apelidado de “Tripa” e ligado ao Primeiro Comando da Capital (PCC), exercia controle informal sobre a UJ. Ele já havia sido investigado pelo sequestro de Gritzbach em 2022.
Investigados
Além de Alex Cassundé, vinculado à empresa Rede Social Media Design, também são investigados membros da diretoria de Augusto Melo.
Augusto Melo, Marcelo Mariano e Ségio Moura foram entrevistados pelo Delegado Tiago Fernando Correia, do DPPC, e Juliano Carvalho Atoji, Promotor de Justiça do GAECO, na segunda semana de abril.
De acordo com informações divulgadas pela CNN, os três depoimentos recentes apresentaram divergências, sobretudo em relação à participação de Alex Cassundé, que é visto como o elo na negociação com a casa de apostas.
Ninguém dos ouvidos da Polícia Civil ofereceu informações sobre o vínculo entre Corinthians e VaideBet para concretizar o acordo.
A polícia civil ainda irá definir se os crimes envolvidos são lavagem de dinheiro e associação criminosa.
O clube ressalta que não possui envolvimento com os repasses financeiros. “A investigação policial está sob sigilo judiciário, não teremos nenhum comentário a adicionar. O Corinthians não tem responsabilidade por qualquer direcionamento de dinheiro que não esteja na conta bancária do Clube”, diz trecho da nota.
Compreenda o caso.
Em 7 de janeiro de 2024, o Corinthians firmou o maior contrato de patrocínio master do futebol brasileiro com a VaideBet, válido por três anos. O negócio, inicialmente celebrado, gerou preocupações e dificuldades aos torcedores.
Em meio a várias controvérsias, em 7 de junho, após cinco meses, o patrocinador resolveu rescindir o contrato com o clube do Parque São Jorge devido à suspeita de um laranja no contrato firmado entre as partes.
Laranja?
A controvérsia surgiu após a publicação do colunista Juca Kfouri, no portal Uol. A reportagem indica que a empresa Rede Social Media Design LTDA, que intermediou o acordo entre a VaideBet e o Corinthians, repassou uma parcela do valor da comissão (pago pelo clube) para outra organização.
A outra organização seria a Neoway Soluções Integradas em Serviços LTDA, empresa com a sócia Edna Oliveira dos Santos, residente em Peruíbe, litoral de São Paulo, que declarou, em entrevista ao Uol, não ter conhecimento do caso.
Antes da rescisão, a VaideBet já havia enviado uma notificação extrajudicial sobre o suposto caso de “laranja” no acordo do clube com a organização. No documento, a empresa afirma que as acusações violavam uma cláusula anticorrupção presente no contrato. O Corinthians enviou uma nota respondendo às alegações do suposto “laranja” no acordo.
Fonte: CNN Brasil