Cracolândia desocupada: moradores informam deslocamento de usuários pela cidade de São Paulo

Dependentes químicos abandonaram a Rua dos Protestantes, embora tenham sido avistados em outros locais do centro; o prefeito Ricardo Nunes manifesta-se como “surpreso” com a mudança.

14/05/2025 8h17

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(Imagem de reprodução da internet).

A Rua dos Protestantes, local tradicional de concentração da Cracolândia na região da Santa Ifigênia, apresentou um cenário diferente nesta semana: o fluxo de usuários de entorpecentes praticamente cessou.

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Com o antigo ponto de concentração desocupado, moradores da região notaram que os usuários migraram para outros locais do centro, como a região do Minhoca, Santa Cecília e outras avenidas da cidade. Observe as imagens abaixo.

A CNN, comerciantes próximos à Rua dos Protestantes, mostraram resistência em comentar o sumiço repentino dos usuários. Um deles afirmou que a saída se deu após “uma ordem”, mas se recusou a dar mais informações.

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Em coletiva de imprensa na terça-feira (13), o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), comentou o recente esvaziamento, atribuindo-o ao trabalho contínuo da prefeitura e do governo estadual e à desarticulação do tráfico de drogas na região.

Nunes manifestou surpresa com a alteração: “Surpreendeu, verdadeiramente, obviamente que a gente já vinha reduzindo gradativamente, todos os dias vinha reduzindo a quantidade de pessoas ali”.

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Também apontou possíveis associações com ações da polícia na Favela do Moinho, que desarticulou o tráfico na área. “A gente já tem pré-informações de que existe uma movimentação para outro local e o que que a gente vai estar fazendo? Como a gente está fazendo desde 2022. É trabalho todo dia” explicou.

“Nós vamos vencer. Não diria que ainda está resolvido, mas estamos caminhando para solucionar essa situação”, garantiu.

O vice-prefeito de São Paulo, Coronel Mello Araújo, reconheceu publicamente a diminuição do movimento em suas redes sociais, elogiando o trabalho da GCM e de outras forças de segurança. Em suas postagens, declarou que a imprensa está insatisfeita por não haver dependentes químicos e divulgou fotos de seus próprios encontros com indivíduos na área.

O que a Secretaria de Segurança Pública diz

A Secretaria de Segurança Pública (SSP) divulgou uma nota explicando as ações que resultaram na redução expressiva do número de pessoas na área entre a Rua dos Protestantes e a General Couto Magalhães.

O secretário Guilherme Derrite destacou que, desde o início da gestão, houve o foco no combate ao tráfico de drogas, o que teria afetado financeiramente a organização criminosa, desestruturando o fluxo.

As ações da SSP compreenderam apreensões de drogas, prisões de lideranças, fechamento de estabelecimentos utilizados para lavagem de dinheiro, reforço no policiamento e intensificação de investigações. A secretaria também aponta para a redução nos índices de criminalidade na região central em 2024: roubos diminuíram 43,9% e furtos, 28,8% em comparação com o ano anterior.

O governo estadual ressaltou o investimento em novas unidades policiais na região central e o treinamento de policiais para aprimorar a abordagem de pessoas em vulnerabilidade. A Polícia Militar realizará a separação entre criminosos e dependentes químicos, com estes sendo encaminhados para o Hub de Cuidados em Crack e Outras Drogas para tratamento. A instalação de câmeras de monitoramento com foco na captura de procurados é igualmente apontada como um fator para o afastamento de criminosos.

O tenente-coronel Rodrigo Villardi, da Coordenadoria de Análise e Planejamento da SSP, comunicou a apreensão de aproximadamente 4 mil foragidos da Justiça na área do fluxo desde janeiro de 2023. No centro da capital, foram detidas 15,7 mil pessoas, apreendidas 505 armas de fogo e recuperados mais de 1,2 mil veículos, além de 6,5 toneladas de drogas apreendidas em 27 meses.

Investigações do Denarc desmantelaram o sistema financeiro do crime organizado na região, levando ao encerramento judicial de hotéis e pousadas utilizados para lavagem de dinheiro e como ponto de uso e distribuição de drogas, além da investigação de ferro velho, com a apreensão de mais de R$ 200 milhões em bens.

Movimento condena violência.

O movimento social A Craco Resiste acusou a Guarda Civil Metropolitana (GCM) de provocar uma nova onda de violência e de ser responsável pelo esvaziamento da Rua dos Protestantes. A organização afirma que a gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB), em colaboração com o governo de Tarcísio de Freitas (PL), estaria revivendo a política da “Operação Dor e Sofrimento” de 2012, dispersando usuários “na pancada”.

Relatos do projeto de extensão universitário do A Craco Resiste, em parceria com a USP e a Unifesp, apontam para o aumento da violência nas abordagens da GCM, incluindo agressões no rosto e na cabeça, uso de spray de pimenta e apropriação de bens. O movimento critica as dificuldades de acesso à água, revistas vexatórias e humilhações, classificando a situação como “tortura a céu aberto”.

A CNN solicitou declaração da Prefeitura de São Paulo e está à espera de resposta.

Fonte: CNN Brasil

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