Crescimento do câncer em jovens pode estar relacionado a bactérias do intestino
29/04/2025 às 14h24

Um estudo divulgado na revista Nature, em 23 de abril, indica que uma toxina gerada por bactérias do intestino pode estar relacionada ao aumento rápido de casos de câncer colorretal em indivíduos com menos de 50 anos.
A pesquisa examinou amostras de tecido de 981 pacientes com câncer de intestino em 11 países e detectou um padrão genético frequente nos casos de diagnóstico precoce. Os cientistas observaram que mais da metade das amostras apresentava mutações relacionadas à colibactina, uma toxina produzida por certas cepas da bactéria Escherichia coli, que está naturalmente presente no intestino humano.
Esses padrões de mutação são um registro histórico no genoma e indicam que a exposição precoce à colibactina atuou como um fator determinante no início da doença, conforme explica Ludmil Alexandrov, bióloga computacional da Universidade da Califórnia em San Diego, em comunicado.
A exposição pode ocorrer na infância.
A colibactina já foi associada ao câncer colorretal, sendo a primeira vez que seu efeito é investigado em indivíduos jovens. Os pesquisadores acreditam que a exposição prejudicial à toxina provavelmente se dá nos primeiros dez anos de vida, possivelmente por meio de infecções infantis.
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Se alguém obtém essas alterações propulsoras antes dos 10 anos de idade, pode estar décadas adiantado no desenvolvimento do câncer colorretal, apresentando-o aos 40 anos em vez de aos 60, afirma Alexandrov.
De acordo com o estudo, mutações relacionadas à colibactina foram 3,3 vezes mais frequentes em adultos com menos de 40 anos em comparação com aqueles com mais de 70. Nos casos mais tardios, as mutações no DNA estavam associadas ao processo de envelhecimento natural.
Estilo de vida também pode influenciar
Outros fatores já haviam sido identificados como potenciais causas do aumento do câncer colorretal em jovens, incluindo o consumo excessivo de alimentos ultraprocessados, bebidas açucaradas e álcool. Atualmente, os cientistas propõem que fatores ambientais ou comportamentais iniciados em fases precoces podem “semear” a doença décadas antes do diagnóstico.
É preciso realizar mais investigações para compreender o mecanismo de ação da colibactina e como essa ação pode ser controlada. Os pesquisadores também desejam analisar se diversas causas ambientais estão relacionadas à variação dos casos entre os países.
É possível que países distintos apresentem causas desconhecidas. Isso poderia pavimentar o caminho para estratégias de prevenção direcionadas e específicas para cada região, afirma Marcos Díaz-Gay, do Centro Nacional de Pesquisa do Câncer da Espanha.
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Fonte: Metrópoles