Crise alimentar severa impactou 295 milhões de pessoas em 2024, segundo relatório

O aumento dos conflitos, o progresso das mudanças climáticas e os recortes na assistência humanitária implementados por Trump nos Estados Unidos podem piorar o cenário em 2025.

16/05/2025 9h21

2 min de leitura

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(Imagem de reprodução da internet).

A fome grave atingiu 295 milhões de pessoas em 53 países em 2024, um recorde, sobretudo por causa dos conflitos, e as perspectivas para 2025 não são promissoras com a diminuição da assistência internacional, conforme um relatório divulgado nesta sexta-feira 16.

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Por sexto ano consecutivo, o balanço deteriorou-se e o agravamento da situação em áreas como Sudão, Mianmar ou Gaza ofuscou os avanços registrados em outras áreas, como Afeganistão ou Quênia, aponta o relatório anual da Rede Global contra as Crises Alimentares, integrada pela União Europeia (UE), Banco Mundial e agências da ONU, entre outros.

De 295,3 milhões de pessoas (22,6% da população analisada), 1,9 milhão enfrentava a fome, um recorde desde o início da elaboração do relatório em 2016.

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A maior parte da população em situação de extrema pobreza estava no Sudão e na Faixa de Gaza, e em menor medida no Mali e no Haiti.

“Estamos falando de uma escassez extrema de alimentos, de um esgotamento completo dos mecanismos de resistência e de sobrevivência”, declarou Rein Paulsen, diretor do escritório de emergências e de resiliência na Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

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Conflitos e violência, que frequentemente causam o deslocamento da população, representaram o principal fator de crise alimentar para 140 milhões de pessoas em 20 países no ano passado.

Em outros 18 países, eventos climáticos extremos relacionados à mudança climática geraram desastres agrícolas: secas no sul da África, inundações em Bangladesh e na Nigéria.

Para 2025, o relatório alerta que o aumento dos conflitos, as tensões geopolíticas, a incerteza na economia global e os cortes de financiamento e ajuda já estão “aumentando a insegurança alimentar em alguns países”, como a República Democrática do Congo ou o Haiti.

O documento também adverte que “choques econômicos”, como os incrementos tarifários ou a desvalorização do dólar, podem causar um aumento notável nos preços dos alimentos e interromper as cadeias de abastecimento.

Paralelamente, o financiamento geral para a assistência está em declínio, especialmente devido à saída dos Estados Unidos, no início de 2025, que era o maior contribuinte global.

O relatório aponta que o financiamento destinado à alimentação pode sofrer uma queda de 45% e que a assistência que atende pelo menos 14 milhões de crianças está “em perigo”, expondo o grupo ao risco de desnutrição grave e morte.

A fome e a desnutrição se espalham mais rapidamente do que nossa capacidade de reação, considerando que um terço dos alimentos do mundo é perdido ou desperdiçado, alertou o secretário-geral da ONU, António Guterres, no prefácio do relatório, no qual aponta para níveis recordes.

Apesar do cenário difícil, em algumas regiões a situação registrou avanços.

Rein Paulsen destacou os progressos no Afeganistão, onde em 2024 havia três milhões de pessoas menos em situação de insegurança alimentar em comparação com três anos antes. De acordo com o diretor da FAO, “uma das causas (do avanço) é a assistência fornecida aos agricultores para que possam produzir”.

Fonte: Carta Capital

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