Crise dos Correios pode impactar recuperação do Banco do Brasil em financiamento de R$ 20 bilhões

Aumento da Inadimplência e Incertezas no Banco do Brasil

Com a crescente preocupação em relação à inadimplência no agronegócio e à diminuição da rentabilidade nos últimos trimestres, surge um novo fator de incerteza para os investidores do Banco do Brasil (BBAS3). A reestruturação financeira e operacional dos Correios prevê a captação de um empréstimo de R$ 20 bilhões por meio de um sindicato de instituições financeiras, incluindo a Caixa Econômica Federal, o Banco do Brasil e bancos privados.

No primeiro semestre de 2025, os Correios apresentaram um prejuízo de R$ 4,3 bilhões, um resultado três vezes maior que o negativo de 2024, agravado pelo desempenho insatisfatório do segundo trimestre deste ano. O mercado teme que o governo, acionista controlador do Banco do Brasil, utilize a instituição para apoiar a estatal sem garantias adequadas e de maneira pouco transparente para os acionistas minoritários.

Impacto no Banco do Brasil

Um analista do buy side comentou que “o pior impacto no curto prazo é na reputação do banco, pois a operação levanta preocupações sobre conflito de interesse entre o acionista controlador e os acionistas minoritários do BB”. O risco real para os resultados do banco ainda é incerto, dependendo da participação da instituição no financiamento e se o empréstimo terá ou não a garantia do Tesouro Nacional.

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O analista acrescentou que, “caso o Tesouro garanta, não há risco, pois o empréstimo funcionaria indiretamente como um aporte de capital do Tesouro nos Correios”.

Desempenho das Ações do Banco do Brasil

As ações do Banco do Brasil caíram após a divulgação da reestruturação dos Correios, refletindo a cautela do mercado em relação à exposição do banco a operações com estatais e à pressão sobre sua rentabilidade. Analistas projetam que o BB será o único grande banco brasileiro a registrar queda no lucro líquido no terceiro trimestre de 2025.

O Bradesco BBI estima um lucro de R$ 3,2 bilhões, o que representa uma queda de 14,9% em relação ao trimestre anterior e de 66,2% na comparação anual, pressionado pelas maiores provisões no período.