Crise no INSS: como escândalo impacta o cenário das eleições de 2026

Em fase eleitoral, governo Lula e oposição evitam assumir a responsabilidade por fraudes que geraram uma crise no INSS.

04/05/2025 2h05

3 min de leitura

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(Imagem de reprodução da internet).

Na última semana, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a oposição protagonizaram uma disputa de versões sobre a origem do escândalo de fraudes nos descontos de aposentadorias e pensões do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A crise, uma das maiores enfrentadas pelo petista durante seu mandato, envolve irregularidades cometidas na gestão anterior e atual, e seus impactos podem se estender às eleições do próximo ano.

O Palácio do Planalto tem enfatizado que as irregularidades iniciaram no governo de Jair Bolsonaro (PL) e a administração atual foi responsável por ampliar o esquema. A tese foi reforçada pelo presidente em pronunciamento à rede nacional, onde Lula tratou publicamente do tema pela primeira vez. Na fala, o petista declarou que seu governo “desmontou um esquema criminoso de cobranças indevidas contra aposentados e pensionistas que vinha operando desde 2019”, primeiro ano da gestão bolsonarista.

Compreenda o caso divulgado pelo Metrópoles.

A oposição, por sua vez, defende a criação de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para apurar o caso. O pedido para abrir o processo foi registrado na última quarta-feira (30/4). Adicionalmente, parlamentares ligados ao ex-presidente têm promovido uma intensa mobilização nas redes sociais, buscando vincular a crise ao governo Lula.

Especialistas e parlamentares consultados pelo Metrópoles avaliam que o escândalo possui particularidades que podem influenciar nas eleições do próximo ano – e isso se aplica aos dois lados da questão. Apoiadores do petista afirmam que o aprofundamento das investigações pode levar à origem do problema, envolvendo ex-gestores do INSS durante o governo Bolsonaro.

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Saída de Lupi

No entanto, um ponto crucial é o desgaste em relação ao ex-ministro da Previdência, Carlos Lupi (PDT). O político, que também é presidente do PDT, pediu demissão do cargo nesta sexta-feira (2/5), após ser pressionado. Em mensagem nas redes sociais, Lupi disse que defende as investigações contra a fraude no INSS.

Lupi escreveu na rede social X: “Espero que as investigações sigam seu curso natural, identifiquem os responsáveis e punam, com rigor, aqueles que obtiveram suas funções para capacitar o povo trabalhador”.

A relação entre Lula e Lupi se deteriorou nos últimos dias, devido à recusa do ministro da Previdência em demitir Alessandro Stefanutto, então presidente do INSS, mesmo após ordem expressa do petista.

Após isso, Lula nomeou o procurador Gilberto Waller Júnior como novo líder da instituição, sem consultar Lupi, o que incomodou a direção do PDT. Colaboradores afirmam que, se o líder do PDT for demitido, o partido deixará a base governamental.

Pressão política sobre o governo

Para o cientista político e professor da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), Paulo Ramirez, a saída de Lupi pode repercutir no apoio do partido para a reeleição de Lula. “Isso pode ter um peso na eleição do ano que vem, já que a tendência de uma polarização entre o PT e qualquer outro candidato de direita, e provavelmente apoiado por Bolsonaro, é uma tendência muito forte. Então, todo apoio é muito importante, inclusive do PDT”, avalia o especialista.

Ademais, na avaliação do professor, a manutenção de Lupi fragiliza o argumento do governo de que tem atuado para combater as fraudes. Conforme noticiado pelo Metrópoles, o ministro foi informado, ainda em 2023, sobre o aumento nos descontos associativos. “A melhor forma de desviar essa atenção é exatamente afastando o Lupi [o que ocorreu], como diversos governos fizeram em outros escândalos, em que a imprensa gradualmente direciona seus holofotes para outros assuntos”, avalia.

Ramirez também ressalta que o governo falhou ao comunicar à população como ocorreram as fraudes e as medidas que foram tomadas para solucionar o problema. “Existe esse vazio comunicacional. O governo não tem sabido explicar, pelo menos, exatamente o que foi que ocorreu junto aos meios de comunicação”, diz o cientista político. “O governo precisa se antecipar às fortes críticas”, finaliza.

Luiz Inácio Lula da Silva nomeou o ex-deputado federal Wolney Queiroz para liderar a Previdência Social, após a saída de Carlos Lupi.

Fonte: Metrópoles

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