Uma delegação da Rússia chegou a Istambul, na Turquia, nesta quinta-feira 15 para o que pode ser a primeira negociação direta de paz com a Ucrânia em mais de três anos de guerra.
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O grupo não dispõe da presença do presidente Vladimir Putin, mesmo com o desafio lançado pelo presidente ucraniano Volodymyr Zelensky.
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, assegurou que os representantes de Moscou estão “dispostos a realizar negociações sérias”, mesmo sem a presença do presidente.
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Centenas de jornalistas esperavam nesta quinta-feira em frente ao Palácio Dolmabahçe, às margens do Bósforo. De acordo com a diplomacia russa, as reuniões teriam começado durante a tarde.
Sem a presença de Putin, a participação de Zelensky na reunião também não está assegurada.
O avião do presidente ucraniano pousou nesta quinta-feira à tarde em Ancara, a capital turca, para uma reunião com seu homóRecep Tayyip Erdogan, segundo uma fonte do governo ucraniano. “Só então decidirá os próximos passos de sua agenda”, declarou a fonte à AFP.
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A delegação da Ucrânia também não foi confirmada.
A Ucrânia não informou se a reunião com os russos ocorrerá e, tampouco divulgou a composição precisa de sua delegação.
Nos últimos dias, Zelensky solicitou insistentemente a Putin que participasse diretamente das negociações, após mais de três anos da invasão russa ao território ucraniano em 2022, que resultou em dezenas de milhares de mortos.
O presidente russo anunciou as negociações no fim de semana passado, em reação a um ultimato de países europeus e da Ucrânia, com apoio dos Estados Unidos, exigindo que a Rússia aceitasse um cessar-fogo antes de iniciar as discussões.
Na quarta-feira, Putin conduziu uma reunião sobre a preparação das próximas negociações, com a presença do ministro das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, do comandante do Estado-Maior do Exército russo, Valery Guerasimov, e do diretor do Serviço Federal de Segurança (FSB), Alexandr Bortnikov, entre outros.
Trump pode visitar a Turquia.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que exige negociações da Ucrânia e da Rússia, não eliminou a possibilidade de visitar a Turquia na sexta-feira, caso haja progresso nas discussões.
O secretário de Estado, Marco Rubio, afirmou que Trump está “disposto” a “quaisquer medidas” que possam garantir a paz.
A delegação russa é liderada pelo conselheiro da presidência, Vladimir Medinski, que conta com o apoio de dois vice-ministros, de acordo com o Kremlin.
Medinski, ex-ministro da Cultura nascido na Ucrânia Soviética, esteve envolvido nas primeiras negociações infrutíferas entre russos e ucranianos no início de 2022.
Ele é reconhecido por suas posições nacionalistas sobre a Rússia, com vários livros publicados, que são questionados por muitos historiadores devido ao seu revisionismo.
O assessor diplomático do presidente russo, Yuri Ushakov, afirmou que a reunião tratará de questões políticas e técnicas.
Conflitos de interesse.
Estas seriam as primeiras conversas de paz diretas, sem intermediários, entre ucranianos e russos desde o insucesso das primeiras negociações, após o início do conflito em fevereiro de 2022.
Os dois países mantêm posições difíceis de conciliar.
A Rússia exige que a Ucrânia abandone o processo de adesão à Otan e assegure a manutenção dos territórios ucranianos anexados por Moscou, condições inaceitáveis para Kiev e seus aliados.
A Ucrânia, por sua vez, busca assegurar-se de que haja segurança robusta dos países ocidentais, a fim de evitar novos ataques da Rússia e que o Exército de Moscou, que controla cerca de 20% do território ucraniano, abandone o país.
Apesar dos desafios, o secretário-geral da OTAN, Mark Rutte, afirmou estar “cautelosamente otimista” em relação a um possível avanço nas negociações.
(Com informações da AFP)
Fonte: Carta Capital