Depardieu é condenado na França por agressões sexuais

Ele foi acusado por duas mulheres de agressões ocorridas durante uma filmagem em 2021.

13/05/2025 7h37

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(Imagem de reprodução da internet).

O Tribunal condenou Gérard Depardieu a 18 meses de prisão, com a suspensão condicional da pena, por crimes de agressão sexual contra duas mulheres durante uma filmagem em 2021, no primeiro grande processo na França com reflexos do movimento #MeToo.

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As acusações de agressões sexuais a mulheres impactaram a indústria cinematográfica francesa e a primeira condenação ocorreu no início do principal evento do setor: o Festival de Cannes.

O tribunal correicional de Paris decidiu, por pedido do Ministério Público, condenar o ator de 76 anos a 18 meses de prisão com suspensão condicional do regime e a dois anos de inabilitação para assumir cargos públicos. Além disso, determinou a inclusão do nome de Depardieu no cadastro de criminosos sexuais.

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O ator, com mais de 200 filmes e séries na carreira, sempre afirmou sua inocência.

O advogado de Depardieu, Jérémie Assous, anunciou na segunda-feira a presença do ator na leitura do veredicto, porém, ele não compareceu ao tribunal. Estava filmando uma nova produção em Portugal com Fanny Ardant.

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Os fatos investigados datam de gravações de 2021 do filme Les Volets Verts, de Jean Becker. Amélie, uma cinegrafista de 54 anos, e Sarah (pseudônimo), uma assistente de direção de 34 anos, o acusaram de agressão e assédio sexual, além de insultos sexistas.

Durante o processo, o ator defendeu sua inocência, declarando: “Não vejo por que eu perderia meu tempo apalpando uma mulher, seu traseiro, seus seios. Eu não sou um pervertido do metrô”.

Ele reconheceu ter segurado Amélie pelos quadris “para que ela não caísse” de um banco durante uma discussão sobre o enredo do filme. A versão da denunciante é distinta.

Ela fechou as pernas e agarrou meus quadris, descreveu Amélie, lembrando a “força” do ator, “seu rosto grande”, “seus olhos vermelhos, muito excitados” e suas palavras: “Venha e toque meu grande guarda-sol. Vou enfiá-lo na sua x…!”

Sarah afirmou que o ator a tocou nas nádegas e seios em várias ocasiões, mesmo após ter expressamente dito “não” nas últimas duas vezes. Depardieu negou as acusações.

Violências sistêmicas

O advogado de defesa solicitou a absolvição de seu cliente, alegando ser vítima de perseguição, e classificou Amélie e Sarah como “contadoras de histórias” a serviço de uma “organização de feministas raivosas”.

Na segunda-feira, a atriz francesa Brigitte Bardot, de 90 anos, manifestou-se em apoio a Depardieu, declarando que homens acusados de “colocar as mãos na bunda de uma garota” deveriam poder “continuar suas vidas”.

Para o Ministério Público, as denunciantes eram “mulheres em situação de inferioridade social” perante um ator que “desfruta de notoriedade, de uma aura e de um status monumental no cinema francês”.

Ademais do processo judicial, cerca de vinte mulheres acusaram o famoso artista internacional de atitudes parecidas, porém a maioria das denúncias foi extinta devido ao decurso temporal dos supostos delitos.

A atriz francesa Charlotte Arnould foi a primeira a registrar a denúncia. Em agosto, o promotor de Paris solicitou que o ator fosse julgado por estupros e agressões sexuais.

O movimento #MeToo, que visa expor o sexismo, a violência e a misoginia na indústria do entretenimento, originou-se nos Estados Unidos, mas rapidamente se espalhou para a França, onde novos casos surgem com regularidade.

Uma comissão parlamentar na França propôs, em abril, quase 90 medidas para combater as “violências morais, sexistas e sexuais no mundo da cultura”, que foram consideradas “sistemáticas, endêmicas e persistentes”.

Fonte: Carta Capital

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