Departamento de Justiça avalia implementação de equipamentos para identificar declarações falsas em servidores públicos
Executivo avalia uso de equipamento para prevenir divulgação de documentos confidenciais.

O governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, avalia a utilização de peritos grafológicos, também chamados detectores de mentiras, em servidores públicos após a divulgação de informações não confidenciais de diferentes órgãos do governo federal.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
A agência de notícias Reuters entrevistou nove funcionários e ex-funcionários do governo federal da administração atual, que relataram um esforço direcionado à identificação de vazamentos de diversas naturezas.
As investigações visam, simultaneamente, conter vazamentos e desligar servidores federais considerados desleais à agenda política do republicano, informaram quatro funcionários do governo.
LEIA TAMBÉM:
● Irã não considera viável o acordo nuclear com os Estados Unidos, afirmam fontes
● A violência resultou no sequestro forçado de 700 animais de um santuário em Sinaloa, no México
● Mais de 50 indivíduos são detidos na França em decorrência de um esquema de abuso sexual infantil no Telegram
O presidente Trump fez questão de não admitir que funcionários do governo federal divulguem informações para a mídia enganosa. Isso é evidente, afirmou a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, em comunicado à Reuters.
Ela reiterou que funcionários do governo que desperdiçam seu tempo divulgando informações para a mídia, em vez de realizar o trabalho que os contribuintes americanos esperam, devem ser responsabilizados.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Vários servidores, em pelo menos seis agências governamentais – incluindo o Departamento de Segurança Interna, o Departamento de Justiça e o Departamento de Defesa – relataram que gestores ordenaram a realização de testes de polígrafo após informações não confidenciais serem publicadas na mídia.
As conclusões do polígrafo são raramente utilizados como prova em tribunais nos Estados Unidos devido a dúvidas sobre sua confiabilidade.
No Departamento de Segurança Interna dos EUA (DHS), os gestores comunicaram aos colaboradores que era necessário realizar testes, não devido a vazamentos, mas por suspeitas de que estivessem conversando com a imprensa, conforme declarado por quatro servidores do governo.
As fontes informaram que os funcionários do DHS receberam a advertência de que seriam demitidos caso não realizassem os testes.
Indivíduos submetidos ao exame do polígrafo.
Após o vazamento de informações de uma reunião do DHS em março, com a secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, e o então administrador interino da Agência Federal de Gestão de Emergências (FEMA), Cameron Hamilton, os gestores do departamento solicitaram testes de poligráficos em pelo menos quatro participantes da reunião.
Os indivíduos, entre eles Hamilton, foram submetidos a testes na sede da Administração de Segurança dos Transportes, em Virgínia.
Um oficial da FEMA na divisão de relações públicas foi afastado do trabalho após um teste de polígrafo não ter dado positivo, afirmaram dois ex-servidores da agência, embora não esteja claro se o teste estava relacionado à reunião.
O funcionário afastado do trabalho não quis comentar, ouvido pela Reuters.
O departamento declarou que não se desculpava por sua iniciativa de identificar os responsáveis pela divulgação das informações.
“Mantemos ceticismo em relação à sua posição, cargo, nomeação política ou status como servidor público permanente”, declarou um porta-voz do DHS à Reuters.
Vazamento de informação
Um dos casos mais notórios de vazamento de informações foi quando a mídia divulgou relatos de que a Secretaria de Pessoal do governo federal planejava contratar um motorista para transportar diretores da agência.
As autoridades rapidamente iniciaram uma investigação para determinar quem estava divulgando informações para a imprensa, segundo três pessoas com conhecimento do caso.
Contratar um motorista no Escritório de Gestão de Pessoal mal se qualificava como informação confidencial ou ultrassecreta: um funcionário da agência brincou com um colega em uma mensagem vista pela Reuters que a informação precisaria ser tornada pública eventualmente para anunciar a vaga.
A divulgação de planos para contratar motoristas – reportada inicialmente pela agência Reuters – gerou constrangimento para a administração e a Casa Branca, em um período em que a agência liderava os esforços do Departamento de Eficiência Governamental na redução do quadro de servidores federais, promovendo demissões de centenas de seus próprios funcionários.
O ocorrido representou um dos primeiros sinais da decisão do presidente Donald Trump em combater vazamentos para a imprensa, inclusive aqueles relacionados a informações não confidenciais ou ao cotidiano do governo.
Normalmente, não constitui crime divulgar informações, exceto quando se tratam de dados sigilosos ou de outra natureza protegida, incluindo vazamentos de segurança nacional que podem colocar indivíduos em risco.
Certos vazamentos, incluindo os de informações não secretas, podem ser de interesse público, segundo historiadores e especialistas em política. No entanto, as informações também podem prejudicar a agenda política de um presidente e tornar uma administração menos eficiente, adicionaram.
“Não todos os vazamentos são úteis para a paz, o bom governo e a liberdade constitucional”, declarou o historiador Timothy Naftali, ex-diretor da Biblioteca Presidencial Nixon, na Califórnia.
Fonte: CNN Brasil