Deputada afirma ter agido corretamente ao relatar agressão sofrida pelo ex-cônjuge
01/05/2025 às 7h41

Após nove anos de relacionamento abusivo, a deputada federal Marussa Boldrin (MDB-GO) decidiu romper o ciclo de violência que enfrentava e denunciar o ex-marido, o advogado Sinomar Júnior, que atuou como superintendente na Secretaria de Esporte de Goiás. O relato impactante divulgado nas redes sociais gerou ampla repercussão nos últimos dias e, na avaliação da parlamentar, representou a decisão correta.
Ela expressou ter sentido grande medo ao compartilhar a situação, com muitos receios. No entanto, após receber inúmeras mensagens de apoio e afeto, percebeu que agiu corretamente. Demonstrou orgulho ao iniciar o recebimento de relatos de pessoas que contaram suas próprias histórias e encontraram, em seu ato, força para deixar relacionamentos abusivos.
Marussa acredita que, se cada mulher compartilhar sua experiência, fortaleceremos o movimento feminista e reduziremos a incidência de violência em relacionamentos.
Conforme relato de Marussa, a parlamentar sofreu duas agressões físicas pelo ex-marido, e após a segunda ocorrência, decidiu formalizar a denúncia. A parlamentar registrou o boletim de ocorrência na Delegacia de Polícia de Rio Verde (GO) e solicitou uma medida protetiva ao Poder Judiciário, com fundamento na Lei Maria da Penha.
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Relação abusiva.
Marussa relata que o relacionamento teve duração de nove anos, com oito anos de casamento. “Os sinais de violência e abuso psicológico começaram desde o início. Desde o começo do relacionamento, eu sofria com o que me parecia, na época, apenas indiretas, indiretas que me desqualificavam como pessoa, como mulher”, declarou.
Na Metrôpoles, a deputada afirmou ser alvo constante de ofensas e desqualificações por parte de seu então companheiro. “Quando nossa filha nasceu, as agressões se intensificaram. As ofensas deixaram de ser indiretas e se tornaram diretas. Um episódio infeliz ocorreu quando ele, de forma ofensiva, disse que eu estava ‘fedendo a leite’, enquanto eu amamentava nossa filha – um ato que eu considero tão bonito. Então, esses sinais começaram desde o início”, declarou.
Segundo ela, a violência, principalmente a psicológica, caracterizou-se ao longo do relacionamento. As circunstâncias incluíam ciúmes, inclusive em relação ao trabalho da parlamentar.
Ao relatar a agressão de 2023, a deputada afirmou que não houve promessas de que a situação melhoraria, pois ela optou por se afastar fisicamente e emocionalmente dele. Contudo, permaneceram juntos por um período, impulsionados pelo receio e pelo medo de expor os filhos a um processo de divórcio doloroso.
Após a nova agressão e a denúncia, Marussa decidiu prosseguir com o processo de separação, que tramita em sigilo.
As consequências de um relacionamento abusivo são você se sentir diminuída, incapaz, uma pessoa má, embora na realidade você seja uma pessoa boa, que trabalha e que merece reconhecimento. Esse ciclo precisa ser interrompido.
Relato nas redes sociais
A parlamentar comunicou, em publicação nas redes sociais no último domingo (27/4), que sofreu agressões físicas duas vezes por parte do marido, além de ter sido vítima de violência psicológica, afastamento emocional e físico.
De acordo com Marussa, ela recebeu inúmeras mensagens de apoio. As manifestações foram de muito carinho, acolhimento e amor. Me senti muito bem ao receber tantas mensagens de apoio e força, vindas de pessoas do Brasil inteiro. Me senti completamente acolhida, desde o governador Ronaldo Caiado até pessoas das cidades que nem têm tanto contato comigo, mas que demonstraram carinho. Isso tudo significou muito para mim.
Na Câmara dos Deputados, em sessão na segunda-feira (28/4), parlamentares discutiram a violência enfrentada pela deputada. Políticos e colegas de partido de Marussa também expressaram apoio nas redes sociais, com o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), afirmando que ela “não está sozinha”.
Não podemos admitir, em nenhuma circunstância, que a violência contra a mulher ainda ocorra em nossa sociedade, afirmou o governador.
O MDB, partido ao qual a deputada pertence, divulgou uma nota em que justificou o apoio à senadora Marussa e destacou sua coragem ao relatar o caso.
“Tive coragem de procurar a delegacia, registrar o boletim de ocorrência, realizar o exame do corpo de delito e solicitar uma medida protetiva. Porque o amor não existe onde há violência. Eu sobrevivi”, escreveu ela na primeira publicação sobre o caso.
Defesa
Em nota, a defesa de Sinomar Júnior declarou que as questões do divórcio estão sendo tratadas pela Justiça e que ele acredita que as redes sociais não são o meio adequado para tratar de questões familiares tão sensíveis.
Fonte: Metrópoles