Descobrir como impulsionar a atividade cerebral pode diminuir os efeitos do climatério

O climatério é a fase de transição na vida da mulher que antecede a menopausa, sinalizando o término do período reprodutivo. Envolve uma série de mudanças hormonais, notadamente a redução dos níveis de estrogênio, podendo causar sintomas como ondas de calor, alterações de…

22/05/2025 13h11

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(Imagem de reprodução da internet).

A climatério é a fase de transição na vida da mulher que ocorre antes da menopausa, sinalizando o término do período fértil. Envolve uma série de alterações hormonais, notadamente a queda nos níveis de estrogênio, podendo causar sintomas como ondas de calor, mudanças de humor, insônia e dificuldades de concentração. Nesse cenário, práticas que exercem o cérebro podem auxiliar na diminuição de alguns desses efeitos.

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Uma pesquisa recente, publicada na Scientific Reports, intitulada “In vivo brain estrogen receptor density by neuroendocrine aging and relationships with cognition and symptomatology”, está modificando a visão sobre o impacto adverso no cérebro feminino decorrente da diminuição do estrogênio no organismo, o conceito de menopausa cerebral.

A endocrinologista Sofia Pannunzio Hajnal, da clínica de longevidade Soul 8, em São Paulo, afirma que exercitar a mente pode ajudar a prevenir sintomas comuns nessa fase da vida, como perda da memória recente, dificuldade em realizar tarefas e manter o raciocínio, confusão, fadiga mental, estresse, ansiedade e depressão.

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Esses sintomas estão relacionados à queda dos níveis de estrogênio no organismo durante o período da pré-menopausa, pois essa hormona atua em diversas funções cerebrais referentes à memória, cognição e humor, afirma. Conforme a médica, a causa direta dessa relação ainda é inconclusiva.

A influência da diminuição do estrogênio no cérebro.

Lisa Mosconi, neurocientista italo-americana e especialista em menopausa, publicou uma pesquisa na Scientific Reports que adicionou uma nova perspectiva ao debate. O estudo indica que a redução na produção de estrogênio aumenta a densidade de receptores do hormônio em áreas do cérebro responsáveis pela cognição, como o hipocampo, conforme as mulheres atravessam a menopausa.

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O aumento do número de “antenas” captadoras de estrogênio no cérebro pode ter resultado em pior desempenho em testes de memória, alterações de humor e dificuldade cognitiva, observados durante o estudo.

A reposição do estrogênio com hormônios é o principal tratamento para diminuir e evitar os sintomas do nevoeiro mental, ou “brain fog”, mas não só isso. Essa pesquisa contribuirá para o desenvolvimento de novas terapias focadas nos receptores do hormônio no cérebro, que podem trazer ainda mais conforto às mulheres na transição à menopausa.

Métodos alternativos e complementares

Para a Soul 8, a pesquisa aponta para uma eficácia no uso de métodos alternativos e complementares à terapia hormonal no alívio dos sintomas da menopausa, com base no conceito de neuroplasticidade – a habilidade do cérebro de adaptar sua estrutura e funções por meio de estímulos internos e externos. “A mente é tão poderosa que consegue se reorganizar e criar novas conexões neurais ao longo da vida, sendo possível desenvolver determinadas áreas cerebrais”, afirma.

Sofia Pannunzio Hajnal destaca que exercitar as áreas cerebrais responsáveis pelo intelecto fortalece os neurotransmissores da memória e aprendizagem, auxiliando na compensação do declínio cognitivo que se manifesta no climatério.

Incluídas entre as ações que podem auxiliar na prevenção dessas mudanças:

O risco de Alzheimer e alterações de humor.

Com o declínio cognitivo que pode ocorrer no período da pré-menopausa, mulheres ainda têm um risco maior de desenvolver Alzheimer em comparação com homens da mesma idade. O estrogênio desempenha um papel importante na prevenção da formação de placas amiloides – depósitos de proteínas tóxicas que se acumulam no cérebro de pessoas que sofrem com a doença. “A diminuição desse hormônio pode causar um aumento de 20% na formação dessas placas”, afirma Sofia Pannunzio Hajnal.

É importante lembrar que o Alzheimer é uma doença multifatorial e pode ser causada por diversos motivos, como genética, estilo de vida, doenças cardiovasculares e idade. A menopausa, por si só, não determina seu desenvolvimento. “Não precisa ter medo. Com acompanhamento médico, hábitos saudáveis e atenção à saúde mental, é possível atravessar essa fase com qualidade de vida e bem-estar”, diz a médica.

Ademais, a mulher pode apresentar alterações de humor devido à menor produção de estrogênio. Essa redução contribui para quadros de irritabilidade, ansiedade e depressão durante o climatério. Isso ocorre porque o hormônio influencia a atividade e a conectividade da amígdala, área crucial do cérebro no processamento emocional, que sofre grandes oscilações nesse período.

Hábitos para uma vida mais saudável

A prática de atividades intelectuais pode auxiliar na recuperação das funções cognitivas, contudo, é o estilo de vida que efetivamente promove transformações significativas. Implementar uma nova rotina pode assegurar uma menopausa mais branda e auxiliar na prevenção de sinais e condições subsequentes.

Por Marina Bergamo

Fonte: Carta Capital

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