Descubra a classificação dos vinhos da Borgonha e sua história

A herança dos monges e a valorização do terroir moldaram a viticultura regional em um padrão global; cada garrafa da Borgonha revela aspectos do solo, d…

27/07/2025 6h57

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(Imagem de reprodução da internet).

Borgonha, localizada no leste da França, é uma das regiões vinícolas mais renomadas e com longa tradição do mundo. Sua história vitícola se estende por mais de dois mil anos, com evidências de cultivo de uvas que datam do período da colonização romana. Os romanos foram responsáveis pelo plantio das primeiras variedades da espécie Vitis vinifera na região, especialmente nas encostas bem drenadas que moldam o cenário da Borgonha.

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Com o passar da Idade Média, a produção de vinho na Borgonha recebeu um novo impulso devido à atuação significativa da Igreja Católica. A partir do século IX, os monges beneditinos iniciaram o cultivo de vinhas de maneira organizada, implementando avanços na escolha das uvas e nos processos de vinificação. Eles não apenas fabricavam vinho para fins litúrgicos, mas também para garantir a sustentação econômica dos mosteiros.

No século XII, os monges cistercienses – uma ordem reformista dos beneditinos – elevaram a viticultura da Borgonha a um patamar superior. Foram os principais responsáveis por identificar as particularidades de cada terroir, ou seja, das diferentes áreas de vinhas com microclimas e solos distintos. Esse trabalho detalhado deu origem aos famosos “climats” da Borgonha – pequenas divisões de vinhedos com características únicas. Estes monges (cistercienses) do Mosteiro de Citéaux e os beneditinos da Abadia de Cluny foram figuras-chave na construção da reputação da Borgonha como produtora de vinhos de altíssima qualidade. Eles foram, na prática, os primeiros a classificar os vinhos com base na origem do solo, percebendo que cada parcela poderia gerar um vinho distinto.

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Com a Revolução Francesa, no final do século XVIII, as terras da Igreja foram confiscadas e redistribuídas, frequentemente divididas entre pequenos proprietários. Esse processo foi ampliado pelas leis napoleônicas de herança, que determinavam a divisão igualitária das terras entre os herdeiros. Consequentemente, muitos vinhedos da Borgonha permanecem extremamente fragmentados, com diversos proprietários possuindo pequenas porções dentro do mesmo terroir.

A classificação dos vinhos da Borgonha difere significativamente daquela que estamos habituados em Bordeaux. Na Borgonha, a classificação é baseada no conceito de terroir e segue uma hierarquia de quatro níveis principais, definidos oficialmente pelo sistema de Appellation d’Origine Contrôlée (AOC).

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Essa classificação reflete não apenas a qualidade do vinho, mas sobretudo a reputação e as condições específicas do terroir de onde as uvas são originárias.

Borgonha é uma região onde história, religião, geografia e paixão pelo vinho se entrelaçam de forma singular. O legado dos monges e a reverência ao terroir transformaram a viticultura local em um modelo para o mundo. Atualmente, cada garrafa da Borgonha conta uma história de solo, clima e tradição — um testemunho vivo da espiritualidade, paciência e precisão que moldaram essa terra lendária.

Fonte por: Jovem Pan

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