O camelo suporta longas horas sob o sol intenso do deserto, com pouca água, e continua avançando pelas dunas. O que torna essa espécie tão resistente a tais condições extremas?
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O camelo possui uma série de adaptações físicas que possibilitam lidar com o calor intenso durante o dia e o frio durante a noite. A professora de biologia animal Lays Cherobim Parolin, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), ressalta que a pelagem densa auxilia no controle da temperatura corporal e protege contra queimaduras solares.
As patas alongadas evitam que ele se afunde na areia e a pele mais espessa em algumas áreas protege contra o solo quente.
Adicionalmente, as narinas estreitas e os cílios longos atuam como barreiras contra a areia levada pelos ventos do deserto.
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Eles também apresentam pelos excedentes nas corcova, nas patas e na cabeça. Quando a temperatura está muito alta, esses pelos caem, o que contribui para o controle da temperatura interna, acrescenta a professora Rosely Soares, do Colégio Marista João Paulo II, de Brasília.
Sobrevivência com pouca água
Além das adaptações externas, o corpo do camelo também é preparado para economizar ao máximo seus recursos internos. Ele perde pouquíssima água ao produzir urina concentrada e fezes secas, e pode passar vários dias sem beber.
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Lays explica que ele pode desidratar-se mais que outros animais e, ao encontrar água, bebe em grandes quantidades de uma só vez para se reidratar rapidamente.
Outro fator essencial para prevenir a perda de líquidos é a regulação da transpiração. A sudorese só inicia-se quando a temperatura corporal atinge níveis muito altos. “Eles só começam a liberar suor quando ultrapassam seis graus acima do normal”, afirma Rosely.
Potencial energético nas montanhas?
As corcovas não armazenam água, mas sim são depósitos de gordura. Essa reserva é fundamental em épocas de falta de alimentos.
A professora Lays explica que, em situações de escassez alimentar, a gordura pode ser convertida em energia e liberar água.
Nutrição e metabolismo ajustados.
A alimentação do camelo demonstra seu alto grau de adaptação ao ambiente desértico, consumindo vegetação seca e espinhosa, que outros animais evitam.
Apesar de uma alimentação limitada, o camelo mantém-se ativo por longos períodos, segundo Lays. O metabolismo do animal pode diminuir a taxa de atividade, otimizando a economia de energia e água.
Uma extensa trajetória de evolução.
Essas habilidades não surgiram de repente. Os camelos pertencem à família Camelidae, originada há cerca de 35 milhões de anos na América do Norte. As espécies atuais – o dromedário, o camelo-bactriano doméstico e o camelo-bactriano selvagem – começaram a se diferenciar por volta de 4,4 milhões de anos atrás, após migrarem para a Eurásia.
Essa trajetória foi marcada por deslocamentos e adaptações contínuas. “Ao longo do tempo, eles desenvolveram características vantajosas que garantiram sua sobrevivência em ambientes com alta temperatura e escassez de água e alimento”, finaliza Rosely.
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Fonte: Metrópoles