Descubra o que é o hanfu, estilo que se popularizou entre jovens chinesas
As vestimentas tradicionais chinesas ganharam popularidade como expressão de valorização cultural, impulsionando um mercado anual estimado em R$ 12 bilhões.

Em cidades chinesas grandes, é comum encontrar mulheres e jovens que caminham pelas ruas vestindo roupas que evocam uma época antiga, quando a China era governada por dinastias imperiais. Em locais turísticos, fotógrafos se aglomeram para oferecer seus serviços às jovens com câmeras profissionais e iluminação. Em espaços menos turísticos, também não é incomum vê-las andando na rua, utilizando o metrô e indo ao supermercado.
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O nome desse estilo é hanfu, que significa “vestimenta Han”. Han é o maior grupo étnico da China. O uso desse estilo ganhou popularidade nos anos 2010, mas viralizou entre as chinesas nos últimos 5 anos com as tendências nas redes sociais chinesas – em especial o Douyin, o TikTok da China. Na plataforma, a hashtag “hanfu” atingiu mais de 25 bilhões de visualizações em 2024.
De acordo com o grupo especializado em dados chineses Iimedia, o mercado de hanfu movimentou aproximadamente R$ 12 bilhões em 2023, representando um aumento de 15,2% em relação a 2022. As peças podem ser adquiridas online, mas ainda é comum que jovens frequentem lojas físicas para experimentar as roupas e se maquiar. O estilo não é exclusivo para mulheres e também existem roupas masculinas de hanfu, embora a prática seja majoritariamente feminina.
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O aluguel de vestuário é frequente, assim como a contratação de fotógrafos profissionais nas lojas físicas que acompanham as mulheres por um dia. O preço varia, mas em média o aluguel de um conjunto “médio” com bordados detalhados custa 200 yuans (R$ 160). Com a maquiagem, o cabelo e a contratação de um fotógrafo que editará as fotos, o valor sobe para cerca de 800 yuans (R$ 640). Normalmente, as mulheres optam por alugar apenas as roupas, a maquiagem e o cabelo e tirar fotos com o próprio celular.
Além do aspecto econômico, o hanfu também possui um significado cultural que é incentivado pelo governo chinês. Em 2022, o presidente da China, Xi Jinping, inaugurou a sessão do Congresso Nacional chinês com uma declaração sobre a importância e a necessidade de aumentar a confiança na cultura chinesa, sobretudo entre os jovens.
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Há anos o governo chinês promove práticas relacionadas à cultura tradicional chinesa, como a pintura, a confecção de selos e também o hanfu. Em abril de 2020, o governo da China publicou um livro branco – documento oficial para explicar suas políticas, posições ou ações sobre um tema específico – em que endereça a reconexão dos jovens com a cultura tradicional.
Os jovens passaram a preferir marcas nacionais, a utilizar trajes tradicionais em vez de trajes ocidentais e a optar por estilos de dança chineses. Identificam-se cada vez mais com os esplendores da civilização chinesa.
A valorização da cultura chinesa não é observada apenas pelo governo chinês, mas é compartilhada entre os jovens chineses. À Poder360, a jovem Li Hongzhu afirmou que, além de achar as roupas bonitas, gosta de representar a cultura clássica chinesa. “Também vale muito a pena registrar a cultura local para transmitir as tradições culturais chinesas”, disse Hongzhu.
As vestimentas tradicionais também variam por província. De acordo com o local, alguns trajes são mais populares devido às dinastias que governaram a China em determinado território. Em Henan, província que abrigou capitais históricas do império chinês, os hanfus mais populares são das dinastias Tang e Song. Já em Pequim, as roupas utilizadas pelas jovens são das últimas dinastias chinesas, Ming e Qing.
Fonte: Poder 360