O novo estudo do IPE (Instituto Pensar Energia) propõe uma mudança estrutural na política energética brasileira em face da digitalização acelerada da economia, impulsionada pela inteligência artificial, computação em nuvem e redes em tempo real.
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A pesquisa “Energia e Data Centers: a nova fronteira da infraestrutura brasileira” adverte sobre o risco do país perder relevância na nova geopolítica digital caso não integrar o progresso tecnológico às fontes de energia estáveis, aptas a produzir eletricidade de maneira contínua e previsível, sem depender das condições climáticas ou das variações sazonais.
A publicação indica que data centers, que processam e armazenam grandes volumes de dados digitais, são considerados ativos estratégicos em países como EUA, Irlanda, Japão e Índia. No Brasil, contudo, ainda não existe uma política definida para assegurar a energia necessária para essa operação.
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O Brasil possui uma das maiores matrizes energéticas renováveis do mundo – cerca de 90% da eletricidade é proveniente de fontes renováveis. Contudo, um estudo aponta que essa característica esconde uma contradição: dispõe-se de energia limpa, porém não consistentemente quando necessário.
O IPE aponta que o consumo mundial de energia por data centers pode aumentar em mais de o dobro até o final da década: de 415 TWh em 2024, ou 1,5% da eletricidade global, para 945 TWh em 2030, correspondente ao consumo anual do Japão.
O desempenho adequado de data centers depende primordialmente da qualidade do abastecimento de energia, em detrimento da sua magnitude. A pesquisa indica que essa tipologia de infraestrutura necessita de energia confiável, com oferta ininterrupta, estável e mínima variação.
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Fontes intermitentes, como solar e eólica, não asseguram essa condição isoladamente.
A operação segura dos data centers depende de fontes despacháveis, aptas a atender com exatidão à demanda. Sem essa fundamentação, não há segurança da informação, competitividade nem soberania digital, sustenta a pesquisa.
Estratégia
A publicação menciona os seguintes obstáculos:
Entre as medidas propostas encontram-se:
Gás natural
O estudo ressalta o papel do gás natural como tecnologia de transição, sobretudo devido à sua flexibilidade e menor impacto ambiental em comparação com outros combustíveis fósseis.
Considera-se o biometano como alternativa renovável e defende o progresso do hidrogênio verde, que ainda enfrenta desafios de custo e escala.
A instituição afirma que a procura por energia estável para a infraestrutura digital deve ser considerada como uma prioridade do país, assim como portos, ferrovias ou saneamento.
A avaliação é que o Brasil ainda pode agir, porém deve decidir entre “continuar sendo apenas exportador de produtos primários ou desempenhar um papel estratégico na nova configuração da economia digital”.
Fonte por: Poder 360