O vídeo sobre “exploração sexual infantil” do youtuber Felca Bressanim Pereira tem gerado discussões nacionais e reações parecidas de políticos de diferentes espectros ideológicos nas redes sociais. Desde o dia 6, a publicação alcançou mais de 31 milhões de visualizações. O material de 50 minutos apresenta influenciadores que utilizam a imagem de crianças de forma inadequada, demonstra como os algoritmos direcionam esse tipo de conteúdo para indivíduos com intenções pedófilas e inclui a declaração de uma psicóloga especialista sobre os riscos dessa exposição para crianças e adolescentes.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), agradeceu ao youtuber em postagem no último domingo, 10, e afirmou que irá propor iniciativas sobre o tema. “Conte com a Câmara para avançar na defesa das crianças”, escreveu.
O anúncio de Motta recebeu elogios de Gleisi Hoffmann e Jorge Messias, ministros das Relações Institucionais e da Advocacia-Geral da União do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Após a publicação do vídeo, pelo menos 29 propostas com o objetivo de sexualizar crianças e adolescentes em redes sociais foram protocoladas na Câmara dos Deputados. Os autores dos projetos são parlamentares da esquerda, da direita e também do Centrão, dos partidos União, PT, PSB, Rede, PL, Podemos, PDT, Psol, PRD, PSD, MDB, Republicanos e PP.
LEIA TAMBÉM!
Na versão avançada, uma proposta específica ganhou força para ser votada em plenário. De autoria do senador Alessandro Vieira (MDB-SE), ela já foi aprovada no Senado em dezembro. O texto estabelece mecanismos para o combate de conteúdos de exploração sexual de crianças e adolescentes em ambiente digital, regulamentando também o uso de redes sociais e jogos online para crianças e adolescentes.
Esquerda e direita concordaram em fazer elogios.
O youtuber recebeu elogios da deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) por sua investigação e “postura ativa e cidadã de denunciar à Polícia Federal”. Já o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) declarou que Felca “mexeu no vespeiro” e solicitou “que Deus abençoe-o nessa jornada”. O deputado Guilherme Boulos (PSOL-SP) afirmou que “é muito importante que um influenciador com a popularidade do Felca ajude a jogar luz em crimes que acontecem debaixo dos olhos de todos nas redes sociais”, ressaltando que alguns dos perfis denunciados no material foram removidos pelas plataformas após a repercussão.
A senadora Damares Alves (Republicanos-DF) declarou que há muito a ser investigado sobre esse mercado obsceno que sexualiza crianças e adolescentes para lucrar na internet e esperou que a repercussão do vídeo motive “providências” para “frear tantas violações de direitos humanos”. Em São Paulo, o vice-líder do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) na Assembleia, deputado estadual Guto Zacarias (União-SP), ligado ao MBL, elogiou Felca por “expor um influenciador que fez da exploração e da sexualização de menores uma fábrica de dinheiro” e por “não se calar ou aproveitar perante absurdos”, como, segundo ele, “muitos youtubers” fazem.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Uma análise da consultoria Palver revelou que o vídeo viralizado pela Felca atingiu diversos grupos no WhatsApp, com 39% das menções em grupos alinhados à direita, 11% à esquerda e 50% sem orientação política, o que sugere a mobilização de um público mais amplo e menos segmentado politicamente. A empresa informou que, entre os grupos de direita, o vídeo foi utilizado para defender valores morais e combater a sexualização infantil. Já na esquerda, foi associado a pautas de proteção de direitos, regulação digital e responsabilização de influenciadores.
Com informações do Estadão Contudo Publicado por Fernando Dias
Fonte por: Jovem Pan