A presidente da emissora norte-americana CBS News, Wendy McMahon, renunciou nesta segunda-feira (19.mai.2025) devido à discordância com a decisão da empresa de buscar um acordo com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Partido Republicano), para solucionar uma ação judicial contra o programa 60 Minutes. As informações são do New York Times.
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O programa gerou controvérsia após Trump acusar a emissora de editar uma entrevista com a então candidata democrata à presidência, Kamala Harris, para promovê-la. De acordo com o republicano, uma afirmação negativa de Kamala foi removida do material final.
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McMahon é a segunda saída em alto escalão do setor de notícias da CBS desde o processo Trump. Em 22 de abril, o produtor-executivo do 60 Minutes, Bill Owens, também pediu demissão.
Owens e McMahon se opuseram à decisão da Paramount, controladora da CBS, de buscar um acordo para encerrar o processo de US$ 20 milhões movido pelo presidente norte-americano. Os advogados entrevistados pelo Times consideraram a ação “infundada” e uma “vitória fácil” da emissora na justiça.
“Os últimos meses foram desafiadores. Ficou evidente que a empresa e eu não concordávamos com o rumo a ser seguido”, declarou McMahon em memorando direcionado à equipe. Ela ocupava a posição desde agosto de 2023.
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A Paramount está em negociação de fusão com a produtora Skydance Media. O acordo de US$ 8 bilhões, anunciado em julho de 2024, encontra-se em andamento. Foi autorizado pela SEC (equivalente à Comissão de Valores Mobiliários no Brasil), mas ainda aguarda análise da FCC (Comissão Federal de Comunicações).
O grupo procura a autorização do governo Trump para finalizar o acordo, o que pode justificar a tentativa de buscar um acordo no processo contra a CBS. O prazo para a fusão foi estendido em 90 dias em abril. O novo prazo é 7 de julho, quando o anúncio completará um ano.
A petição inicial apresentada por Donald Trump alega que a CBS alterou intencionalmente as declarações da vice-presidente Kamala Harris acerca do conflito entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza.
O documento sustenta que a versão apresentada no “60 Minutes” em 6 de outubro de 2024 deixou de fora partes relevantes da declaração de Harris, em especial suas reflexões sobre a atuação do governo Biden nas operações militares israelenses. A alegação de Trump afirma que a edição eliminou instantes em que a senadora teria exibido “dúvida e falta de coerência” ao tratar da política externa dos Estados Unidos na região do Oriente Médio.
Juristas especializados questionam a base da ação. Geoffrey R. Stone, da Universidade de Chicago, defende que há uma interpretação equivocada da Lei de Práticas Comerciais Enganosas de Proteção ao Consumidor do Texas. Noah Feldman, professor de Harvard, avalia o processo como incompatível com a Primeira Emenda da Constituição norte-americana.
Fonte: Poder 360