Diretor que dispensou a mulher que obteve um Jeep em sorteio é detido pela Polícia Federal
29/04/2025 às 16h35

O empresário Rodrigo Morgado, proprietário da Quadri Contabilidade, foi preso em flagrante pela Polícia Federal nesta terça-feira (29/4) durante uma operação contra o tráfico internacional de drogas. O indivíduo ficou conhecido após demitir a auxiliar de contabilidade Larissa Amaral da Silva, de 25 anos, que recebeu um Jeep Compass em um sorteio e teve o veículo apreendido após o desligamento.
O antigo diretor de Larissa estava sob investigação na Operação Narcos Vela e contra ele foram expedidos mandados de busca e apreensão em diversos locais, incluindo Santos, Bertioga e São Paulo. Uma unidade policial da Polícia Federal foi vista em frente à Quadri Contabilidade na manhã de hoje.
Morgado foi preso em São Paulo pelo transporte ilegal de uma arma, apreendida em um dos carros que ele possuía. Policiais federais realizaram as apreensões, encontrando o armamento dentro de um dos veículos de luxo.
Até o início desta manhã, 23 pessoas já haviam sido detidas. Mais de 300 policiais federais e 50 policiais militares do estado de São Paulo foram mobilizados, cumprindo quatro mandados de prisão preventiva, 31 mandados de prisão temporária e 62 mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça da 5ª Vara Federal de Santos.
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Histórico de acusações
Além do envolvimento na operação internacional de tráfico de drogas, Rodrigo Morgado é acusado de ameaça, difamação, injúria e estelionato. Segundo o advogado Paulo Henrique Bezerra, defensor de Larissa Amaral, durante uma ligação telefônica com o objetivo de conciliar as partes, Rodrigo ofendeu e ameaçou o médico.
O advogado relata que, em 19 de abril, o proprietário de uma empresa onde ele atua também sofreu uma ligação ameaçadora. De acordo com o boletim de ocorrência, um indivíduo informou que o dono da companhia seria levado “a algumas ideias”, devido à suposta extorsão de R$ 100 mil no caso.
A ex-colaboradora de Morgado também registrou boletim de ocorrência contra a empresa do CEO. Segundo a mulher, sem sua autorização, o proprietário da Quadri Contabilidade retirou o Jeep Compass da residência de uma colega de Larissa. O homem e a empresa estão sob investigação por estelionato.
Sorteio do Jeep
Em abril deste ano, Larissa publicou uma situação relacionada à empresa Quadri Contabilidade. A mulher relata que, no final do ano anterior, a companhia promoveu um sorteio entre os funcionários, no qual ela recebeu como prêmio um Jeep Compass, avaliado em mais de R$ 100 mil, conforme a empresa informou.
Contudo, o automóvel apresentava inúmeros problemas mecânicos. A colaboradora necessitou investir aproximadamente R$ 10 mil em reparos, o que não havia sido acordado, conforme relatou Larissa. Adicionalmente, a empresa estabeleceu condições para a mantida do prêmio, incluindo a continuidade do trabalho por mais um ano e o cumprimento de metas predefinidas.
Após apresentar reclamações sobre os defeitos do veículo, a mulher foi desligada do emprego — antes de atingir o período necessário para garantir o prêmio — e teve o automóvel apreendido, estando a documentação em processo de transferência.
Empresa enfatiza as questões comportamentais.
A empresa declarou que a demissão da funcionária ocorreu devido a questões éticas e comportamentais. A assessoria da Quadri Contabilidade informou ao Metrôpoles que o sorteio fazia parte de uma ação de marketing interna. O vencedor teria direito ao uso do veículo por um ano, desde que atingisse metas trimestrais.
Larissa, por não poder pagar o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) do automóvel, optou por sublocá-lo a outra empregada da empresa, o que não era autorizado pelo contrato, visto que o veículo estava sob a responsabilidade da empresa e seria transferido para o seu nome ao final do ano, momento em que ela assumiria as responsabilidades e custos relacionados à documentação, combustível e IPVA.
A assessoria da empresa de contabilidade informou que a demissão se deu após a ex-funcionária ter iniciado a criticar o plano de ação, com o qual ela própria teria concordado e assinado, em outras áreas da empresa. Em resposta, a mulher negou as acusações, afirmando sempre ter sido reservada no ambiente de trabalho.
Fonte: Metrópoles