A Era dos Cliques e o Nosso Corpo
Vivemos em uma época que nos bombardeia com estímulos sem parar. Cada clique, cada notificação e a rolagem automática liberam pequenas doses de dopamina, o mesmo neurotransmissor que nos dá prazer e recompensa. Esse ciclo, que antes era bom para nós, está mudando nossa relação com o corpo, a comida e o tempo.
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Nosso cérebro, treinado para buscar respostas rápidas, perde a capacidade de se concentrar no presente.
Hipermentalismo: A Corrida Constante
Muitos profissionais – médicos, criadores, empresários, executivos e gestores – vivem em um estado de alerta constante. O foco que impulsiona grandes resultados, quando não controlado, pode levar a um apetite desordenado, roubar energia e apagar os sinais de saciedade.
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Essa dinâmica, conhecida como hipermentalismo, gera um ciclo vicioso de busca por gratificação, tanto na tela quanto no prato, sem realmente se sentir satisfeito.
Desconexão Corpo e Mente
A hiperestimulação digital altera a regulação da dopamina e do cortisol, impactando diretamente os centros de prazer e saciedade. O corpo começa a responder a estímulos externos, em vez de às suas próprias necessidades internas. A pausa, nesse contexto, se torna um ato terapêutico essencial.
A Pausa como Terapia
Comer diante das telas é, na verdade, não comer. Quando dividimos a atenção entre a imagem e o alimento, o cérebro perde a percepção da textura, do sabor e até do tempo. Demora mais para liberar os hormônios da saciedade, e a pessoa come mais, mas se satisfaz menos.
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Desconectar para comer é, portanto, um exercício que reconecta o corpo com o ambiente, a cor do prato, o cheiro dos alimentos e o momento do dia.
Nutrição e Consciência
A nova medicina entende que o apetite é uma linguagem complexa, envolvendo a comunicação entre o cérebro, o sistema nervoso e o sistema digestivo. Fatores como luz, som, emoção e atenção influenciam a liberação de hormônios como a insulina, a leptina e a grelina.
Isso explica por que comer em paz nutre mais do que comer com pressa.
Reconexão Humana na Era Digital
A desconexão digital não é um luxo, mas uma medida terapêutica. A alta performance exige pausa, e a saúde cerebral depende do silêncio. Governos, escolas, empresas e clínicas precisam reconhecer que a hiperconexão é um novo fator de risco para a saúde.
Aprender a se observar, reconhecer o que desperta prazer, respeitar o momento certo de comer e sentir o ambiente são passos cruciais para uma vida mais equilibrada.
Dr. Ordânio Almeida – CRM-SP 210.631 Médico com atuação em Nutrologia, focado em nutrição clínica e qualidade de vida Membro da Brazil Health